terça-feira, 25 de janeiro de 2011
Coordenador de TI do MEC é exonerado
Setor é responsável pelos sistemas do ministério, como a página de acesso às notas do Enem e o Sisu
Carlos Lordelo - Estadão.edu
O coordenador-geral de Infraestrutura da Diretoria de Tecnologia da Informação do MEC, Cláudio Crossetti Dutra, foi exonerado do cargo na terça-feira, 18. A exoneração foi publicada na edição de ontem do Diário Oficial da União. É a segunda baixa no ministério desde que os resultados do Enem 2010 foram divulgados, há uma semana. O presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), Joaquim José Soares Neto, também deixou a função.
Senha. Os resultados do Enem 2010 foram divulgados na noite da quinta-feira, 13, em um sistema que estreou com falhas. A maior parte dos estudantes não conseguiu acessá-lo porque a senha aparecia como inválida. Em um dia, dos 1,2 milhão de candidatos que conseguiram ver suas notas, metade pediu recuperação de senha. O procedimento, demorado, esgotou a paciência dos jovens, que também tentavam falar com o Inep por telefone, mas sem sucesso. Houve casos de participantes do exame que só receberam uma nova senha dias depois.
Notas. Muitos dos que tiveram acesso aos resultados relataram que as notas do segundo dia de prova não foram informadas e a redação foi anulada. No boletim desses candidatos, aparecia um traço no lugar das notas de linguagens e códigos e de matemática, e redação constava como anulada. Após protestos e reclamações que chegaram até a Justiça, o MEC divulgou somente ontem o motivo pelo qual o estudante teve seu texto anulado.
Sisu. No domingo, as inscrições no Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que usa as notas do Enem 2010 para preencher 83.125 vagas em instituições públicas de ensino superior, também começaram com muita lentidão e algumas falhas. Estudantes passaram o dia enfrentando dificuldades para acessar o site, que às vezes travava no meio do procedimento ou mostrava mensagens de erro.
Naquele dia, o MEC admitiu, por meio de sua assessoria de imprensa, que o Sisu estava "lento" e apresentava "alguma instabilidade", registrando picos de 600 acessos por minuto. O ministério afirmou que candidatos faziam consultas excessivas, deixando o sistema ainda mais sobrecarregado. Para tentar contornar a dificuldade de acesso ao site, na segunda-feira o MEC limitou o tempo que cada estudante poderia ficar conectado ao sistema a 20 minutos. Também tirou o site do ar por 30 minutos, para uma manutenção extraordinária.
Dados cruzados. Quando o Sisu voltou a funcionar, mais problemas. Candidatos estavam tendo acesso a dados de outros alunos no site, como nome e opção de curso. Segundo o MEC, os estudantes não tinham, no entanto, possibilidade de fazer alterações. A falha voltou a ocorrer às 6h de terça-feira, por quatro minutos, em razão da troca de outro equipamento da rede destinado a melhorar a capacidade do sistema.
Adiamento. O prazo de inscrições no Sisu se encerraria na terça-feira, e havia candidatos que ainda não tinham conseguido fazer suas opções de curso. Uma decisão judicial contra reserva de vagas feitas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) provocou, por tabela, o adiamento do Sisu para as 23h59 de ontem.
Especialistas. Mas o sistema continuou a enfrentar problemas por excesso de acessos. Especialistas da área da computação acreditam que um planejamento mais adequado da demanda evitaria problemas como o que aconteceu com a página do Sisu. "Provavelmente a demanda de acessos foi subdimensionada. Para resolver, precisaria ou de um aumento do número de máquinas onde estão alojados os programas ou um aumento do prazo de inscrição, para distribuir os acessos", disse o professor de engenharia de sistemas eletrônicos da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP) Márcio Lobo Netto.
"Parece que faltou se programar. Esse tipo de serviço precisa de equipamentos robustos. A questão é que isso custa caro", afirmou João Paulo Papa, professor de computação da Universidade Estadual Paulista (Unesp). / COLABOROU LUCIANA ALVAREZ
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