Ines Martins
Nem todo cidadão vai ficar rico, vai se feliz, vai poder viajar, comprar remédios, fazer plástica, ter um carro, uma fazenda, um bom emprego e envelhecer com a dignidade que merece. Mas, todo cidadão, se não morrer jovem, vai envelhecer. Seja ele rico ou pobre. Nisso a velhice é democrática. E é bom que lembremos isso sempre.
Vejam o que afirmou o professor do Departamento de Sociologia, Jaime Luiz Cunha de Souza: "Eu estava chegando em casa e meus familiares assistiam ao filme: Um homem chamado cavalo. Em uma determinada cena, uma mulher idosa era jogada pra fora da tenda porque não tinha nenhum guerreiro que fosse seu marido e ela não teria como sobreviver só. Então, era atirada para a morte. Era a forma como aquela sociedade descartava os indivíduos considerados inúteis, que não tinham determinado papel dentro daquele grupo social. Começamos a discutir sobre o absurdo daquela situação. Até que, em um momento de reflexão, pensei: será que fazemos diferente?".
Enfim, seus estudos resultaram na dissertação de mestrado. "Do exílio da sociedade à sociedade do asilo". O trabalho consiste em uma análise da trajetória do idoso até o isolamento. "Quando chega um determinado momento, o indivíduo vai perdendo seus papéis sociais e o trabalho não o aceita mais. Se nessa esfera não é aceito, ele também começa a perder o seu papel no âmbito familiar. O indivíduo começa a ser considerado inútil, um incômodo. Então, ele vai ser descartado em algum lugar", explica.
O certo é que: "A sociedade esconde o idoso porque na verdade não consegue se ver no idoso. É como se ela estivesse rejeitando aquilo que ela é. Ele representa uma parte dela não aceita. E o pior é que muitas vezes isso envolve agressão. O Instituto Brasileiro de Ciências Criminais fez um estudo sobre a violência e viu que cerca de 650 mil idosos são agredidos a cada ano", avalia o pesquisador. Acreditem: o Brasil ainda não está totalmente preparado para cuidar dos seus idosos. Mas já estamos ficando em estado de alerta e nem todos estão dormindo na estação da vida.
Já existem vários grupos formados e outros tanto se formando por esse Brasil afora. Cada um com as suas características, mas todos com a mesmo objetivo, envelhecer com dignidade e mais feliz. Por fim, podemos dizer que por mais que o governo esteja fazendo, sempre há mais por fazer, pois trata-se de uma população com a tendência de aumentar cada vez mais, devido ao aumento da expectativa de vida. Afinal, quantos anos você tem hoje? Faça sua conta e comece a pensar nisso. Como quer envelhecer? Com o quê e com quem poderá contar? A juventude passa como um relâmpago. Mas a velhice é como os últimos dias de gravidez, demora mais a passar.
Inês Martins é produtora cultura, escritora, autora do concurso literário "Casos Lembrados, Casos Contados", direcionado às pessoas com idade acima de 60, poetiza, palestrante da maturidade, vovó blogueira e escreve neste espaço toda quarta-feira (www.vovoantenada.com.br)
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