quinta-feira, 5 de abril de 2012

Educação para crescer, desafio essencial

O Brasil e os brasileiros vivem um momento ímpar. O crescimento e a prosperidade alcançados nos últimos anos, aliados ao incremento e fortalecimento do mercado internocomo resultado da conquista de melhorias na distribuição de renda, nos têm garantido uma exposição internacional inédita, o que contribui para realimentar o já positivo potencial de evolução. Diante dessa onda positiva, é natural que percebamos com maior nitidez algumas deficiências, especialmente as que surgiram nos momentos mais difíceis de nossa curta trajetória como nação, que soma pouco mais de 500 anos.

Uma das mais perceptíveis distorções está vinculada à qualidade da educação. Como país em pleno desenvolvimento, a necessidade de pessoas preparadas para ocupar as mais variadas funções profissionais tem crescido fortemente. Surge aí um importante gargalo vivido por empresas, empreendedores, instituições, entidades e organismos públicos e privados. Também chamado de “apagão” da mão de obra, o fenômeno ameaça gravemente o potencial de expansão de setores inteiros, em razão da escassez de pessoal capacitado para assumir postos detrabalho oferecidos, independentemente do grau de instrução exigido.

O Brasil somou importantes conquistas na área do ensino nas últimas décadas. Primeiramente, está sendo garantido acesso a todos os ingressantes no Ensino Fundamental. Assim, a quase totalidade das crianças desfruta do direito constitucional àescolaridade gratuita. O problema é garantir a adesão para que deem continuidade aos estudos ao longo dos anos. Também foi ampliada a oferta devagas no Ensino Superior, não só com o crescimento e aumento da rede de universidades públicas, mas, também, com a abertura à expansão das chamadasInstituições de Ensino Superior privadas, apoiadas, inclusive, por programas de concessão de bolsas ou de financiamento estudantil, como, respectivamente, o ProUni e o FIES, mantidos pela União.

Assim, o motor de grandes preocupações e esforços de governos, instituições, empresas e autoridades vinculadas à educação é a oferta de um ensino de melhor qualidade em todos os níveis educacionais. É preocupante perceber que, apesar desses esforços, a evolução nesse sentido tem ficado aquém do esperado. Neste mês de fevereiro, o movimento Todos pela Educação, que instituiu metas a serem atingidas até 2022, divulgou dados preocupantes, que indicam que, sem mudanças consideráveis, as referidas metas podem não ser atingidas, especialmente em razão do ingresso tardio de nossas crianças nasescolas, dos altos índices de repetência e do elevado número de matriculados que abandonam seus estudos.

Apesar de as instâncias governamentais estarem se esforçando para garantir o acesso à escola, segundo os objetivos intermediários estabelecidos pelo movimento, nenhuma unidade da Federação superou, em 2010, a meta estabelecida, que previa 93,4% de todas as crianças e jovens entre 4 e 17 anos matriculadas e frequentando a escola. Até 2022, o percentual estabelecido pelo movimento é de 98%.

O País todo e o empresariado brasileiro, em especial, precisam contar com pessoas bem capacitadas a assumirem as demandas do crescimento, que tendem inclusive a evoluir. Nesse sentido, a educação de qualidade é essencial para garantir aforça intelectual e profissional necessária para atender à demanda do capital humano, sem dúvida o principal pilar de nosso progresso e soberania em termos de conhecimento. Os desafios não são poucos, mas a coordenação de esforços dedicados para qualificar o ensino e a capacitação oferecida aos brasileiros será um fator crucial para a consolidação do desenvolvimento.



Pedro Melo
fernanda@viveiros.com.br
Presidente da KPMG no Brasil.

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