terça-feira, 3 de abril de 2012

Projeto com oficinas de cinema e educação

Cátia Lima

Mário Bittencourt

As portas do mundo do cinema estão abertas para 20 alunos de escolas públicas de Santa Cruz Cabrália, a 727 km de Salvador, no extremo sul da Bahia. Durante 15 dias, eles participaram do Projeto Oficinas Itinerantes de Vídeo Tela Brasil, que leva educação audiovisual de graça a jovens de todo o Brasil.

Encerrado semana passada com a apresentação de três curtas produzidos pelos alunos, o projeto, segundo relataram, brotou neles o desejo de fazer cinema o resto da vida. “Já tinha contato com vídeo antes, pois meu pai tem estúdio de filmagem, mas com o cinema é a primeira vez”, comenta a estudante Mariana Taiane Alencar, de 16 anos.

Após apresentar como se faz roteiro, ter noções de linguagem do cinema, produção, fotografia, arte,som e montagem, Mariana sonha agora em fazer filmes. “Penso, futuramente, em atuar como atriz. Agora, quero aprender mais e produzir cinema”, afirmou ela, que fez um curta de ficção com os colegas.

Arte

O curta, exibido sábado passado, assim como aconteceu com as outras duas produções, é um suspense que relata a história de uma maldição indígena. As ideias para a realização dos curtas-metragens surgiram dos próprios alunos, segundo a coordenadora do projeto, Marins Sartonieri. As outas produções são um documentário sobre a vida dos pescadores e uma comédia que retrata aventuras de três amigos numa viagem onde dá tudo errado.

Para aprender como se faz, os alunos foram estimulados logo com a prática, antes da teoria. “Isso faz com que haja mais dinâmica nas aulas”, comentou Marina. “Em cada dia eles praticaram uma matéria. Sentimos que eles têm uma sede muito grande de cinema, parece que estava adormecido e acordou com o projeto”, disse.

Além dos 20 alunos, com idade entre 14 e 30 anos, ainda participaram das oficinas mais cinco ouvintes que ajudaram na colaboração dos curtas-metragens.

Realidade

A única índia pataxó a participar da oficina foi Andressa Carvalho, 15 anos, cujo nome indígena é Wehemery – “estrela do amor” em patxohã, idioma pataxó. A experiência foi motivadora. “Fiquei sabendo da oficina quando estava na fanfarra, fiquei muito empolgada em aprender cinema e estou adorando essa experiência na minha vida”, contou. Com o fim das oficinas, a índia Wehemery pretende continuar no mundo do cinema com apoio do Ponto de Cultura de Coroa Vermelha, distrito de Santa Cruz Cabrália.

Cada curta produzido pelos alunos é orientado por um monitor, que os ensina como filmar, colocam os sons e depois fazem a edição do material produzido. Ex-aluno e monitor do projeto há três anos, Bruno Bralfperr, destacou o interesse dos alunos em retratar a realidade local, seja por meio de documentário ou ficção. Miguel Nagle, também monitor, ficou encantado com o interesse dos alunos pelas oficinas. “A sede deles é muito grande, querem saber de tudo”, observou.

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