terça-feira, 18 de setembro de 2012
O que a juventude curte
A juventude atualmente é pragmática. Quer trabalhar, prosperar e ser feliz. Não está tão preocupada com discursos ou posicionamentos políticos, embora saiba reconhecer o demérito na corrupção. Quer mais oportunidades de emprego e menos mobilização politi
EDUARDO MAHON
A juventude atualmente é pragmática. Quer trabalhar, prosperar e ser feliz. Não está tão preocupada com discursos ou posicionamentos políticos, embora saiba reconhecer o demérito na corrupção. Quer mais oportunidades de emprego e menos mobilização politiqueira. A juventude é um retrato fugidio de um momento histórico brasileiro, onde está funcionando as instituições, sobretudo a justiça, sem inconciliáveis rompimentos e, por isso, o jovem quer concentrar o tempo para se preparar para o empreendedorismo.
Não se dá a despolitização tão alardeada há alguns anos. O que não ocorre é a necessidade de mobilização estudantil para objetivos eminentemente partidários ou de apoio a plataformas que são manipuladas. Não será por qualquer causa que ressurgirão os cara-pintadas e as passeatas estão reservadas apenas para momentos críticos. O jovem prefere inscrever-se num curso para aperfeiçoar-se, cuidar da própria vida, num regresso ao individualismo, porém não egoísta. Raciocina que, todos empenhados em progredir, haverá progresso coletivo.
Os meios de comunicação que tornam a informação instantânea desvencilharam o jovem dos veículos tradicionais ou, pelo menos, da forma conservadora de tratar a notícia. Uma imagem, uma frase e um post numa rede social de relacionamento valem muito mais do que um discurso. Para se comunicar com o jovem, é necessário ser franco, honesto e, sobretudo, coerente. Quem quer que pretenda tocar a juventude deve apelar para a objetividade. Não há mais lugar para as barrocas exibições de erudição ou gongorismos nos discursos. É preciso o máximo cuidado com o preconceito – o jovem felizmente repudia exclusão e arrogância.
Quem pretende se comunicar com o jovem, deve demitir as frases longas. Usar mais o ponto e menos a vírgula. Apelar para ilustrações e esquemas gráficos de assimilação simplificada. Não se engane quem concluir pelo pauperismo intelectual da juventude, entretanto. É que o jovem lê, pensa e propõe de forma diferenciada, ao ritmo da tecnologia que o recebeu na infância e pré-adolescência. Ser dinâmico na comunicação não é sinônimo de ser pobre de linguagem ou vazio de conteúdo. As tecnologias permitem relacionar diferentes conhecimentos, aumentando a capacidade de assimilação e reconhecimento de valores sociais importantes.
O jovem quer trabalhar. Pretende que sua representação política possam pensar fórmulas novas de abrir o mercado de trabalho e garantir mais oportunidades. Além do trabalho, a juventude está engajada nos estudos. Multiplicando a demanda pela graduação universitária, o diploma já não é mais suficiente para a pauta do sucesso do jovem – é necessária a pós-graduação, cursos variados de aperfeiçoamento e proficiência em línguas. A juventude quer se ilustrar viajando, vivendo pessoalmente experiências que acrescentem no currículo. Findou-se o diletantismo. A experimentação de coisas novas só é válida se realmente for acrescentar alguma coisa.
Não acredito que a música “juventude transviada” de Luiz Melodia teria lugar na atualidade. Não há tantas fantasias, ilusões e romantismos. O jovem reconhece o passado, pensa no futuro, mas quer se concentrar no presente. Não se trata de nenhuma alienação, mas de uma nova forma de se relacionar com a realidade. O tempo é já, a hora é agora e o lugar é aqui. Família e religião continuam importantes, mas o estudo, trabalho e oportunidades de relacionamento são essenciais. A vida do jovem é um eterno slide do agora, totalmente público e postado em tempo real.
O jovem está atento, o jovem está plugado, o jovem é um espião e um vidente surfando na tecnologia. Tudo o que conhecemos vai se inclinar com as tendências dessa juventude. E quem quiser agradar à juventude basta apenas não atrapalhar. A orientação familiar, pedagógica e religiosa que era tutelar deve passar a ser parceira, incentivadora e facilitadora. A humanidade continua a mesma, seus medos, gozos, preconceitos e grandezas. Todavia, a juventude mudou e, se o jovem mudou, o mundo mudará dentro em breve. Quem entende isso, vai curtir.
Eduardo Mahon é advogado.
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