sábado, 1 de dezembro de 2012

A escolha da escola de tempo integral


Cristiane Ferreira
O ritmo acelerado da vida contemporânea e a necessidade de sustentar a família fazem com que pais e mães passem a maior parte do dia trabalhando. Porém, os filhos precisam de cuidados especiais e não podem ficar sozinhos em casa ou sob responsabilidade de pessoas que, ou não são de confiança ou não tem preparo e condições para cuidar de uma criança.

Por ser um local seguro, com profissionais qualificados e maior tempo de funcionamento, a escola de tempo de integral tem sido uma boa alternativa para as famílias deixarem as crianças enquanto os pais trabalham. Porém, a escola não deve, em hipótese alguma, se resumir a isso.

A escola é, em primeiro lugar, um ambiente educador, no qual conteúdos científicos são ensinados e saberes são construídos. É onde a sociedade forma seus membros, transmitindo suas regras, valores e códigos de conduta. Além disso, a escola é viva, uma vez que é formada por pessoas, adultos e crianças, que carregam seus sonhos, expectativas, desejos, e trazem consigo suas histórias de vida, desencadeando uma teia de relações.

Considerando a importância da escola no processo de formação e desenvolvimento de uma pessoa e que a criança passará uma boa parte de sua vida na escola, os pais precisam ser bem rigorosos no momento de decidir em qual escola matricularão seus filhos.

Ao escolher a escola, os pais devem investigar qual é a metodologia, a concepção de ensino e se as regras e a filosofia da escola estão em sintonia com os valores da família e com o tipo de educação que os pais querem oferecer a seus filhos.

Além de critérios práticos como horários e distância de casa, é importante considerar alguns fatores que determinam a qualidade dessa escola. Os funcionários devem, preferencialmente, ser contratados pela instituição e não terceirizados, pois isso dificulta a criação de vínculos afetivos e de confiança da comunidade escolar.

O clima na escola deve ser harmonioso. Isso é possível avaliar observando-se, além da qualidade das instalações físicas, como as pessoas se relacionam e se sentem: se estão felizes, tranquilas, descontraídas ou se estão tensas, retraídas ou desconfortáveis. O mesmo vale para os alunos. Ao visitar uma escola, além de conversar com a direção ou coordenação, deve-se também ouvir as falas espontâneas dos alunos, professores, pais e funcionários da escola.

O quadro de professores deve ser fixo, pois a alta rotatividade de profissionais dificulta a implantação do projeto pedagógico de forma eficaz e pode ser indício de que existe algum problema maior que impede que os professores criem vínculos mais duradouros com a instituição. A escola deve oferecer formação continuada em serviço aos professores, pois é fundamental a atualização de conhecimentos em um mundo de transformações velozes.

Em uma escola de tempo integral as atividades devem ser diversificadas, bem distribuídas ao longo do dia e da semana, pois não se deve sobrecarregar um período. No currículo devem estar presentes aulas de artes em suas diversas linguagens, informática, língua estrangeira, esportes e reforço, além de momentos de recreação, alimentação, higiene pessoal e descanso em local tranquilo e adequado.

O ideal é que o início das aulas seja bem cedo, entre 7 e 9 horas, pois existem estudos na área de neurociências que comprovam que a entrada na escola após 9 horas da manhã em turno integral colabora para o baixo rendimento escolar no caso de crianças pequenas. Já com relação a adolescentes, que necessitam de maior tempo de sono, o ideal é que a entrada seja um pouco mais tarde, após 9 horas. Geralmente as escolas estão organizadas de maneira contrária, devido à cultura que enraizou a prática de que crianças novas devem estudar mais tarde.

Embora possa ser muito útil, é importante ressaltar que a escola de tempo integral não tem condições de substituir a família na educação dos filhos. Por isso os pais devem ser presentes na vida das crianças, organizando-se para passar mais tempo com eles, educando-os e cobrando atitudes coerentes com os valores da família. Somente assim a escola poderá cumprir seu papel, de formar cidadãos éticos, autônomos e participativos, pois isso depende, necessariamente, de uma base sólida que somente a educação em família pode construir.


Cristiane Ferreira
contato@cristianeferreira.com
Pedagoga e Coach Educacional.

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