sábado, 1 de dezembro de 2012

Entre o real e o ideal: algumas reflexões sobre o papel social da instituição-escola nos dias atuais

Marcos Pereira dos Santos


É muito comum se ouvir dizer, principalmente durante os períodos de campanhas eleitorais, que “Educação é a base de tudo” ou que “Tudo passa pela Educação”. Embora essas expressões sejam algumas vezes utilizadas apenas como uma forma muito perspicaz de chamar a atenção dos cidadãos-eleitores para as propostas de governo apresentadas pelos candidatos que disputam determinados cargos públicos na esfera política (presidência da república, senado federal, governo estadual, câmara municipal etc.); tais “chavões pedagógicos” contêm, em sua essência, uma verdade concreta e absoluta, não efêmera.

Todo o conhecimento científico que possuímos acerca das diferentes ciências e atividades profissionais existentes na sociedade capitalista é fruto de inúmeras aprendizagens adquiridas por intermédio da educação escolar. É na escola que se aprende a ler, escrever, contar, trabalhar em grupo, cumprir regras e horários, estudar com afinco, amar a Pátria, respeitar as pessoas a nossa volta, realizar tarefas com organização e disciplina, exercer liderança, cooperar coletivamente etc.; dada a sua função social precipuamente educativa.

Além disso, é também no âmbito educativo escolar que, enquanto aprendizes, apreendemos valores éticos, morais, religiosos, culturais, econômicos, políticos e sociais de modo geral; bem como somos levados (ou ao menos deveríamos ser) a desenvolver a criatividade, a imaginação, o senso crítico, a reflexão, as capacidades de análise e síntese entre outras diferentes habilidades e competências necessárias à vida em sociedade e ao exercício profissional. Logo, a Educação perpassa sempre toda e qualquer atividade humana.

Sendo assim, compete à escola, em sua tarefa social e educativa, ir além do mero ensinamento de conteúdos curriculares concernentes às diferentes áreas do saber; uma vez que ela tem o dever de preparar, tanto na dimensão técnica quanto humana, os futuros profissionais que terão a responsabilidade e o desafio de lutar militantemente pelo progresso social em suas múltiplas instâncias, tendo em vista a construção de uma sociedade mais justa, solidária, democrática e equânime em termos de direitos e deveres, independentemente de cor, etnia, sexo, religião ou classe social.

Pensar a instituição-escola sob essa perspectiva e, mais do que isso, buscar diferentes meios alternativos para que a mesma tenha condições reais de exercer seu papel social na sociedade capitalista contemporânea configura-se, pois, como um direito e um dever não somente de autoridades governamentais e profissionais da educação em geral; mas de todas as pessoas que almejam um mundo cada vez melhor para se (con)viver.

Nesse sentido, esperamos que os apontamentos aqui expostos possam, efetivamente, suscitar discussões, debates e análises crítico-reflexivas principalmente por parte de lideranças governamentais, professores, educadores, pedagogos, gestores escolares, coordenadores pedagógicos e pesquisadores em Educação acerca das funções sociais e educativas da escola nos dias atuais; visando assim romper velhos paradigmas ideológicos rumo à construção coletiva de uma “nova escola”, de uma nova sociedade. Para tanto, faz-se necessário recordar sempre que: “sonho que se sonha só, é apenas utopia; mas sonho que se sonha junto, é realidade (ideal)”.

Marcos Pereira dos Santos

mestrepedago@yahoo.com.br

Doutorando em Educação pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG/PR) e professor Adjunto do Centro de Ensino Superior dos Campos Gerais (CESCAGE/PR).

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