sábado, 1 de dezembro de 2012
Notas dos estudantes do ensino médio pioram no Enem 2011
Média das provas objetivas ficou em 494,6 pontos, quase 17 pontos a menos que em 2010. Desempenho em ciências da natureza e ciências humanas despencou
Priscilla Borges - iG Brasília
As médias dos estudantes no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) caíram na edição de 2011. Os 1.137.813 participantes que estavam concluindo a última etapa da educação básica ficaram com média 494,6 (em uma escala que varia de 0 a 1000), quase 17 pontos em relação ao ano anterior. Em 2010, as médias ficaram em 511,22 pontos.
Consulte: o ranking do Enem por escola em 2011
Dados divulgados pelo presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Luiz Cláudio Costa, na tarde desta sexta-feira, mostram que o desempenho dos concluintes do ensino médio nas provas de ciências da natureza e de ciências humanas despencou desde 2009. Na primeira, a queda foi de 37 pontos nos últimos dois anos.
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Na segunda, a situação é surpreendente. Em 2009, a média dos estudantes ficou em 502,44 pontos. No ano seguinte, subiu mais de 36 pontos (538,73). No ano passado, caiu para 472,59. Por outro lado, as médias de português e matemática subiram. Em 2009, a média de língua portuguesa foi 500,95, passou para 510,19 e, em 2011, chegou a 519,35. Em matemática, o histórico foi de 500,77, depois 510,26 e, agora, 521,07.
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Os dados significam que os estudantes do ensino médio brasileiro não estão aprendendo mais, como deveriam. Desde que a TRI é usada para elaborar os exames, possíveis diferenças nas dificuldades das provas não existem. A Teoria de Resposta ao Item torna as provas comparáveis ao longo do tempo.
“Agora que temos três anos de Enem, podemos fazer análises. Temos de pegar a distribuição dos alunos pelas faixas de desempenho para conferir o que aconteceu. Falar em média é ruim, porque ela é muito influenciada pelos extremos. Precisamos de análises mais detalhadas para ver as razões pedagógicas para essa queda”, afirmou Costa.
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Ele explicou que as escolas receberão, nos relatórios, esses dados detalhados. Segundo ele, isso dará condições às escolas de fazer uma análise criteriosa do quanto os alunos aprenderam ou não. Para o presidente do Inep, outros “recortes técnicos dos dados” – como condição social, idade, distribuição das notas nas faixas de desempenho – precisam ser considerados antes de julgar as notas. “Falar qualquer coisa agora é prematuro”, disse.
Os números foram divulgados por Costa um dia após os resultados do Enem por escola serem conhecidos. A má notícia não foi dada pelo ministro da Educação, Aloizio Mercadante, que participou de um encontro com ministros de países do Mercosul no ministério e saiu para outro compromisso, enquanto o presidente do Inep explicava os novos dados aos jornalistas.
Costa admitiu que estudantes, professores e gestores precisam compreender o que significa “cair” 30, 40 ou 50 pontos no Enem. Até hoje, a escala do Enem, que permitiria saber o quanto de aprendizado a pontuação representa, não foi divulgada. Como nos anos anteriores, a promessa é de que os dados sejam divulgados em breve.
Comemoração precipitada
O pouco tempo de execução do novo Enem, cujas provas mudaram em 2009, dificulta qualquer análise de comparação dessas notas. Especialistas em avaliação consultados pelo iG afirmaram, desde o ano passado, que as comemorações poderiam ser precipitadas por conta disso. “Não acho que fomos precipitados em comemorar o crescimento (de 10 pontos). São indicativos, que precisam de análise. Educação nunca tem corrida curta”, afirma Costa.
Em 2010, as médias ficaram 10 pontos acima das primeiras notas obtidas pelos estudantes no novo modelo de provas do Enem , que se utiliza da TRI (Teoria de Resposta ao Item) desde 2009. Naquele ano, os concluintes tiveram média 501,58. O aumento de 10 pontos foi motivo de comemoração pelo ex-ministro Fernando Haddad.
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Haddad avaliou o crescimento como positivo, mesmo sendo pequeno, porque mais estudantes em fase de conclusão haviam feito o Enem em 2010. Do total de 1,7 milhão de jovens que terminaram o colégio em 2009, 45,8% (824 mil) participaram da prova. Em 2010, essa proporção foi de 56,4% (1 milhão).
Ele também comparou, à época, as notas do Enem e as metas de qualidade estabelecidas com o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). No Ideb, a expectativa é a de que o ensino médio atinja nota 6 (o equivalente ao desempenho dos países desenvolvidos no PISA) em 2028. O que corresponderia a alcançar média nacional 600 no Enem.
O então ministro disse à época: “isso significa que andamos 10% do nosso caminho. Estou fazendo uma tradução livre para dar noção do que significam esses dez pontos de incremento. Se esse resultado fosse mantido nos próximos anos, atingiríamos a meta em dez anos”, diz. Ele, inclusive, admitia a possibilidade de que houvesse queda nas médias, caso a participação aumentasse. O que de fato ocorreu. Os concluintes participantes somavam 1 milhão em 2010 e chegaram a 1,1 milhão em 2011.
“A queda tem de ser analisada e preocupa de todo jeito, claro”, admite o presidente do Inep.
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