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Gabriela Mangabeira
O investimento médio anual por aluno de cada Estado brasileiro não tem impacto direto no desempenho do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), divulgado nesta semana. Isso significa que a quantidade de dinheiro aplicada por estudante não está surtindo efeito nas notas. Segundo levantamento do Movimento Todos pela Educação, a renda familiar tem peso maior.
É o caso de Roraima, o segundo Estado brasileiro que mais investe em valores anuais por aluno – um total de R$ 4.365,37 -, mas figura em 18.º no ranking do Pisa. A situação inversa – menos gasto e melhor desempenho – é observada em Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Minas Gerais. Os três Estados, que ficaram entre os quatro mais bem colocados no ranking do Pisa, investem anualmente menos que R$ 2,5 mil por estudante.
Segundo o levantamento do Todos pela Educação, feito com base nos dados de leitura, a relação só se aplica no Distrito Federal, que obteve a maior média do País no exame, com 439 pontos, e detém também o maior investimento médio (R$ 4.834,43). Já São Paulo, 7.ª posição entre as notas dos Estados, tem o 9.º maior gasto.
Para Mozart Neves Ramos, do Todos Pela Educação, as verbas destinadas à educação só têm efeito quando realmente são revertidas em políticas estaduais eficientes. “Isso só se traduz quando o Estado aplica bem o dinheiro. É o caso de Minas Gerais, por exemplo, que tem uma renda mais baixa, mas aparece entre os primeiros no Pisa.”
Um fator que demonstra maior influência no desempenho é a renda familiar por pessoa – quanto maior ela for, maior a pontuação do Estado no Pisa. Novamente é citado o caso do Distrito Federal, que, além da maior nota, tem a maior renda do País – R$ 1.324. Já Alagoas, além de ter o menor rendimento mensal per capita (R$ 339), tem a pior nota no Pisa: 354 pontos.
A avaliação também ressalta as desigualdades do Brasil. Entre o primeiro e o último colocado, percebem-se 85 pontos de diferença no Pisa e R$ 985 na renda per capita. “A relação entre renda e escolaridade no Brasil é algo natural”, afirma Daniel Cara, coordenador geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação.
Objetivos.
A falta de relação entre a quantidade de dinheiro investido pelos governos e as notas é apontada também entre os países membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que não inclui o Brasil. Segundo o relatório do Pisa, o Produto Interno Bruto (PIB) per capita de um país explica apenas 6% da diferença de desempenho. Os outros 94% refletem o potencial da política pública dos sistemas.
O novo Plano Nacional de Educação (PNE), que vai ditar as metas do País na próxima década, deve ser apresentado no dia 27, como o Estado adiantou ontem. O plano deve alcançar um investimento de 7% do PIB na área – hoje, o gasto público é de 5%.
Para Ilona Becskeházy, diretora executiva da Fundação Lemann, destacar uma parcela do PIB não garante dinheiro na educação. “Temos de ancorar esse gasto. O governo acredita que o PIB vai crescer, mas e se houver recessão? Nossa sociedade precisa escolher sua prioridade.”
Fonte: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20101210/not_imp651964,0.php
domingo, 12 de dezembro de 2010
Renda familiar impacta mais no Pisa que investimento por aluno
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