quinta-feira, 16 de maio de 2013

É possível combater o uso de drogas no Brasil?


JOEL MESQUITA


O objetivo neste ensaio é discutir a problemática do uso de drogas no Brasil. Nesse contexto, defende-se que falar sobre as perspectivas de futuro para o país inclui o debate dos problemas sociais existentes e de alguma forma tentar contribuir para a sua solução com propostas exequíveis em curto, médio e longo, prazos.

É conhecido que o país vive um momento de efervescência em todas as esferas, nas quais várias questões-problemas são conduzidas para o centro de discussões, sobretudo no campo político, através do Congresso Nacional, da Sociedade Civil Organizada, de Organizações não-Governamentais etc.

Sendo assim, ao se polemizar o futuro do país, faz-se necessário refletir, entre tantas temáticas que se apresentam relevantes e urgentes, como será possível sensibilizar e conscientizar esses segmentos sociopolíticos e combater o uso de substâncias psicoativas pela geração atual e futura.

Acredito que não abordar seriamente a questão, suas causas e consequências, favorece os traficantes e grupos de interesses mal-intencionados a continuar aliciando pessoas tanto para o uso quanto para o tráfico de drogas em âmbito nacional e internacional. É preciso não perder o rumo. Superar o medo e os riscos de pensar o problema é uma questão de bem-estar social.

Penso que uma ferramenta fundamental para vender essa ideia de superação do problema são as mídias sociais. Logo, devem-se explorar com maestria os instrumentos de comunicação de massa acessíveis à maior parcela dos jovens, a fim de dinamizar o debate sobre perspectivas de futuro. É necessário repensar o modo como o problema tem sido encarado. Problematizar é fundamental. É premente um empenho consensual.

O uso de drogas coloca em risco o futuro das gerações. Logo, põe em dúvida o futuro da nação. Sobre isso, creio que o Brasil tem um grande potencial a ser desenvolvido na criação de políticas públicas que convirjam para a conscientização, o combate, a repressão ao uso de entorpecentes, mais especificamente as drogas psicoativas, seja através de investimentos políticos, seja através de investimentos principalmente em educação.

Ao remeter essa discussão no cotidiano escolar, elegendo a temática como matéria obrigatória na grade curricular desde a Educação Infantil, acredita-se que o Brasil estará desenvolvendo a possibilidade de construir uma sociedade melhor, na qual os jovens sejam cada vez mais conscientes e tenham senso da responsabilidade de suas escolhas.

Agora, como fazer com que essas ideias ganhem tessitura e consistência? Poderá o problema ocupar a agenda de discussões voltadas para o processo de construção do futuro? Neste caso, a manutenção da coesão e da ordem, a defesa de um estilo de vida e demais assuntos precisam passar por uma definição clara dos objetivos das políticas sociais em longo prazo.

Como se configurará a sociedade dos próximos trinta anos? Se as coisas continuarem caminhando a passos tão curtos e lentos e se não houver uma agenda que reserve um espaço para o debate, não será absurdo dizer que a gravidade e o alcance do problema poderão ser dados como irreversíveis. É preciso ter clareza e definir desde já as prioridades para o futuro.

A sociedade brasileira sensibiliza-se e adere com facilidade a causas humanitárias. Ora, quando se tem objetivos claros e o problema se evidencia, os grupos sociais tendem a participar ativamente. E, quando estes se tornam referenciais de ações em níveis micro e macro, obviamente se adequando cada ação às especificidades locais, os resultados podem ser animadores. Em face disso, reitero que o Brasil tem um potencial a ser desenvolvido no combate ao uso de drogas.

Nessa perspectiva, delineia-se um futuro no qual os princípios humanitários sejam revelados através do processo de conscientização e de formação de uma sociedade em que as questões ligadas ao uso de entorpecentes sejam tratadas como uma questão de saúde pública. Caso isso não ocorra, a nação poderá perder o rumo, em vez de ter construído um futuro com equidade e oportunidade em todos os sentidos, envolvendo as perspectivas de dias melhores. Poder-se-á perder muito tempo na tentativa de corrigir amanhã um erro que ocorre hoje e ao qual não se dispensou a devida atenção e o tratamento requerido.

O Brasil é muito mais do que as drogas e, sem esse vício, será muito melhor. Há que se chegar a esse consenso. Mas, um consenso engendrado no debate, sem o qual não há democracia. Discutir a problemática das drogas e as perspectivas de futuro para a sociedade brasileira é primordial para a construção de um país melhor.

(*) JOEL MESQUITA – Cientista Social e Escrivão de Polícia e colaborador de HiperNotícias.



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