quinta-feira, 16 de maio de 2013

Os bailes em Cuiabá


Wilson Carlos Fuá

Em Cuiabá existia aquelas festas dançantes chamadas de “brincadeiras dançantes” e matinês aos domingos, e através dos sons das Sonatas, dançavam grandes bailes, eram as famosas festas dos bairros, e que se transformavam em festa da cidade, dançavam-se o dia todo ao som de Renato e seus Bleu’s Caps, os Milionários, Demônios da Garoa, Roberto Carlos e toda a Jovem Guarda; The Fivers, etc.

E existia aqueles namoradores, os chamados bons de “bicarias”, esses conseguiam ter uma namorada em cada baile, quantos casamentos não saíram dali. Cuiabá era uma festa, as drogas não existiam, as bebidas eram simples e baratas, bebiam-se a famosa Cuba Libre e o Ponche ( mistura de vinho, maça cortada - em fervura), fumam-se apenas os cigarros: Continental, Hollywood e Hilton longo, maconha ? Ninguém ouvia falar.

Mas, existia um jovem, que tinha os seus problemas, e por isso recebia um monte de apelidos, o mais usado era de Dito Bode Expiatório (hoje denominado de bullyng). Ele recolhia-se dentro do seu interior, e seu corpo era sua moradia espiritual, era de uma tristeza de dar dó, e ficava sempre a olhar as danças do lado de fora, achando que ele nunca seria convidado, não se enturmava, vivendo sua vida deslocada, e achava que todas aquelas pessoas eram convidas e apenas ele não, e na sua tristeza “sapeava” pelas janelas todos aqueles jovens contemporâneos se divertindo, via todos encontrando os seus pares, parecia que as músicas eram excelentes para eles, e Dito ficava pensando porque só ele não era convidado para essas festas, as vezes até ele tentava entrar, mas sua introspecção era transformada em portaria imaginária que barra sua entrada.

Muitos como ele pensam que a vida é uma alegria em forma de festa, ficam parado no tempo esperando o seu convite, e operando o seu próprio observatório, pensa que tudo esta perfeito para os outros mas para ele não.

Quem é que vai lhe telefonar para convidar?

Até que, um dia, ele resolveu entrar de qualquer maneira nessa festa, chamada de farra da vida.

A festa da vida, tem poucas pessoas que pode viver com toda animação. E no baile da vida se conhece poucas pessoas, é uma sociedade formada por um círculo fechado, onde um tem o segredo do outro, eles são da mesma espécie, e é por isso que existe aquela alegria artificial calcinada por bebidas, se você entrar lá, ficará mais triste ainda.

Talvez através de passe mágica ou um milagre absolutamente inesperado – alguém lhe convida para entrar nessa sociedade restritamente limitada e cheia de segredos, onde está o mundo dos afortunado, o mundo dos bens sucedidos, e nessa festa da vida logo alguém pode lhe convidar para dançar, e como você veio de um mundo puro e simples, não conseguirá dar um passo certo.
Você já se sentiu ou está se sentindo assim?

Como você, muitas pessoas são humilhadas por ser honestas, não são convidadas para a festa da vida por seguir os passos da dança diferentemente.

Essa tal festa será que existe?

Dito Bode Expiatório existe sim senhor.

Como?

A festa não é para todos, mas ela existe sim.

Somos apenas operadores do observatório humano, pois na realidade observamos as ações alheias e não fazemos nada para mudar a nossa realidade. Somos eternos aprendizes e péssimos organizadores das nossas festas interiores, que na verdade é em nossas almas que estão todas as nossas virtudes interiores, sem definição da responsabilidade com a nossa vida, nada podemos fazer nada para que tudo possa acontecer um dia de forma correta e justa.

Todos querem a resposta sobre a vida. As pessoas estão muito preocupadas com as respostas, mas, no entanto não estão preparadas para fazer as perguntas. Existem pessoas procurando o sentido da vida em livros, como fosse possível encontrar todas as respostas, querem respostas, mas por não saber ler as mensagens periféricas, deixam passar muitas coisas simples que estão embutidas na verdadeira razão de viver, ou seja partilhar e acertar os passos da dança no baile da vida.

Não adianta ficarmos sempre querendo sentir o que os outros estão sentindo, pois realmente, temos que fazer a nossa festa, dentro da nossa realidade, sendo feliz e aguardando sempre o que a vida nos reserva para partilhamos. Estar vivo já é uma grande razão para ser feliz, quem nasce já teve a gigantesca sorte de poder viver, ninguém precisa de auxílios e bengalas, o importante é ser correto e justo, para não ter arrependimentos e não passar os dias vivendo como Dito Bode Expiatório.

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