Comemorar a data não é ufanismo idiota, é festejar a riqueza construída
Depois de amanhã, 9 de maio, deveríamos comemorar com muita festa e orgulho o 265° aniversário de Mato Grosso, data que lembra o ano de 1748, quando o rei de Portugal, dom João V, através de Carta Régia determina a criação de duas Capitanias, “uma nas Minas de Goiás e outra nas de Cuiabá”.
A Capitania das Minas de Cuiabá virou a Capitania de Mato Grosso e para governá-la foi designado Dom Antonio Rolim de Moura, que tomou posse e permaneceu em Cuiabá por cerca de um ano, até que Vila Bela fosse construída.
Morou no centro histórico de Cuiabá, próximo à praça que tem o seu nome e que é popularmente conhecida como Largo da Mandioca.
Depois, chegou a ser o Vice-Rei do Brasil, o governante maior do país na época, já que El-Rey ficava em Portugal. Seria possível pensar na reconstrução da casa de Rolim de Moura, criando uma nova atração no centro histórico?
Sei que existem aqueles que acham que não temos nada a comemorar, pois em Mato Grosso faltam escolas, faltam hospitais, não tem esgoto, não tem estradas, não tem ferrovias, não tem, não tem... São os que só enxergam o que falta. E é importante que existam pessoas assim, em especial aqueles que nessa visão produzem uma critica positiva.
Eu já sou da turma que prefere enxergar aquilo que existe, em especial, aquilo que foi produzido pelo trabalho do povo, patrões e empregados, apesar de todas as dificuldades, apesar de tudo aquilo que nos falta.
Mato Grosso é hoje o maior produtor agropecuário do país, liderando o país em algodão, milho, girassol, soja e também é um dos maiores produtores de ouro, diamante, madeira, álcool, biodiesel, carnes de frango, suíno, peixe, gado, com um rebanho bovino de quase 30 milhões de cabeças.
Mato Grosso não produz armas, bombas atômicas, mísseis, aviões de guerra, como muitos daqueles que nos criticam. Mato Grosso é um dos maiores produtores de alimentos do mundo e com muito orgulho ajuda a matar a fome de um planeta cada vez mais carente de alimentos.
Para chegar a esta posição, Mato Grosso contou com a extensão e diversidade produtiva de seu território e, principalmente, com o trabalho determinado e sofrido de sua gente em todos os seus cantos e recantos.
Comemorar os 265 anos de Mato Grosso é festejar a grande obra do mato-grossense que ano passado produziu um superávit comercial de US$ 13,0 bilhões para o Brasil e que daria para construir vários hospitais, escolas, ferrovias, duplicações rodoviárias e melhorar em muito a qualidade dos serviços públicos.
Mato Grosso, no mês passado, entupiu literalmente o Brasil de grãos, mostrando ao mundo que o país não se preparou em termos de infraestrutura para tudo o que o estado produz, num descompasso que já custa muito caro aos brasileiros em termos econômicos, ambientais e de sacrifício de vidas humanas.
Comemorar os 265 anos de Mato Grosso não é ufanismo idiota nem deitar em berço esplêndido, é festejar a riqueza construída e, antes de tudo cobrar, em especial da União, tudo aquilo que o povo que a produz tem direito.
É ter vibrado domingo passado com Cuiabá e Mixto na final do campeonato mato-grossense de futebol, com o Dutrinha lotado, e ainda torcer unidos pelo Luverdense depois de amanhã na Taça do Brasil. A pobreza sempre foi o álibi dos maus governantes e agora Mato Grosso é rico sim.
Essa desculpa não vale mais. O mato-grossense tem que festejar com alegria, orgulho e muitas cobranças. O sucesso de Mato Grosso é a força do trabalho de seu povo unido na grandeza e diversidade de seu território, nas dimensões exatas exigidas pelo século XXI, o século da internet, da TV a cabo, do asfalto, do avião a jato.
Ainda que tenha muito a consertar, Mato Grosso é para ser festejado, imitado e, principalmente, aplaudido. Viva Mato Grosso!
JOSÉ ANTONIO LEMOS DOS SANTOS, arquiteto e urbanista, é professor universitário em Cuiabá.
joseantoniols2@gmail.com
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