sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Artigo de Lucia Couto: Educação Integral como caminho para uma melhor qualidade do ensino público

28/08/2013
Lucia Couto

Uma nova agenda para a educação está sendo construída nos últimos anos no Brasil. A busca pela qualidade do ensino e da aprendizagem na escola pública brasileira tem passado pela perspectiva de assegurar às crianças e jovens o direito de estar e conviver por mais tempo na escola e, com isso, ampliar, ainda mais, suas oportunidades de aprendizagem. 
Estados e municípios têm investido em seus sistemas de ensino e criado condições favoráveis a uma ampla diversificação de atividades, visando ampliar o repertório a partir dos eixos da cultura, do esporte, da arte, ciência e tecnologia. Há uma forte movimentação em tornar realidade o conceito e a prática de educação integral em tempo integral.

A organização desse amplo repertório passa obrigatoriamente por uma nova abordagem curricular, capaz de relacionar maiores oportunidades de aprendizagem com maior proteção social e garantia de direitos. É a percepção de que a integralidade da educação se constrói através de múltiplas linguagens e em diversos espaços e circunstâncias.

Desde a aprovação, em 1996, da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) N.º 9394, que prevê aos sistemas de ensino o aumento, progressivo, do tempo de permanência dos alunos para até 7 horas diárias, muitos dos esforços da última década se voltaram para esse objetivo. Nesse sentido, cabe destacar que uma política efetiva de educação integral se traduz, não apenas em ampliação da jornada escolar, mas pressupõe uma mudança de paradigma na concepção e no tipo de formação para esse novo sujeito histórico. Isso significa romper com o modelo corrente e historicamente conhecido de atividades complementares à escola ou à prática do turno e contraturno, e, sobretudo, possibilitar uma maior integração curricular envolvendo todo o universo de aprendizagens e saberes desse aluno e considerando as vivências e conhecimentos próprios da comunidade local. 

Portanto, nessa perspectiva, garantir mais tempo e mais possibilidades de aprendizagem requer uma intensa mobilização dos atores que estruturam o cotidiano escolar para a reorganização dos espaços e tempos das aprendizagens. A comunidade e seus espaços ingressam nessa dinâmica de produção para, juntos, constituírem os campos formativos desse novo currículo.  É a concretização da máxima de que, mais tempo na escola com mais oportunidades de aprendizagem é igual a maiores possibilidades de sucesso escolar. 

Lucia Couto, palestrante do Congresso Internacional de Educação do Norte e Nordeste, realizado em Belém (PA), de 19 a 21 de setembro. Lucia irá abordar o tema "Escola de Tempo Integral: pode ser esse o futuro da educação brasileira para a melhoria de ensino?".

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