sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Cipriano Luckesi escreve sobre os cuidados relativos à Avaliação de Aprendizagem


Cipriano Luckesi,

O especialista em Educação, Cipriano Luckesi, é presença confirmada para o próximo congresso promovido pela Futuro Eventos: Congresso Internacional de Educação do Norte e Nordeste, realizado em Belém, de 19 a 21 de setembro. Luckesi irá abordar o tema “Avaliação: até quando ela será um grande desafio para alunos, pais, professores e instituição?”.


O palestrante escreveu para o site da Futuro sobre alguns cuidados com relação à Avaliação de Aprendizagem. Confira!

01. Para atuar em avaliação da aprendizagem, são necessários cuidados com o estado emocional do avaliador, à media que atua no contexto das relações interpessoais e com os seus recursos metodológicos;

02. Do ponto de vista emocional, a heteroavaliação - como prática escolar - se dá no seio de múltiplas expressões emocionais, seja por parte do educador ou por parte do educando. E, como os processos emocionais podem ser serenos, mas também intempestivos, o avaliador da aprendizagem necessita estar atento, permanentemente, aos seus movimentos emocionais, como também dos seus educandos, à medida que facilmente eles intervêm na prática avaliativa da aprendizagem, lugar onde tradicionalmente se faz presente posições exacerbadas de autoridade;

03. Metodologicamente importa, em primeiro lugar, apropriar-se efetivamente do que significa avaliação, que é um ato de investigar a qualidade de alguma coisa, no caso, a qualidade da aprendizagem dos educandos na prática pedagógica escolar. Avaliar não tem a ver com examinar, que é recurso necessário seletivo nos concursos, nos quais o candidato está em busca de uma vaga. Avaliar a aprendizagem tem a ver com a sala de aula e, então, o estudante já tem a vaga, ele só necessita de aprender;

04. A seguir, compreender que não existe “avaliação tradicional”. Existe, de um lado, exames escolares, sistematizados no século XVI e vigentes até o presente momento. E avalição da aprendizagem, cuja compreensão e formulação se dá na primeira metade do século XX, mas que, ainda, não conseguiu fazer vigência efetiva no sistema educacional como um todo, seja no Brasil ou fora dele;

05. Compreender a avaliação como investigação da qualidade da realidade, o que exige, como sua base “material”, uma descritiva da realidade sobre a qual se dá o processo avaliativo, o que, por sua vez, no caso da aprendizagem, exige instrumentos de coleta de dados sobre o desempenho do educando. E estes nem são tradicionais, nem novos, nem velhos, simplesmente devem ser os necessários, ou seja, aqueles que são capazes de captar a realidade em investigação avaliativa. Se são necessários testes para convidar o educando a manifestar sua aprendizagem, utilizam-se testes. Mas, se o desejo é que o educando manifeste que aprendeu a redigir textos, em língua nacional ou estrangeira, a única forma de detectar suas habilidades aprendidas será uma redação. Ou, se o desejo é saber se o educando aprendeu a nadar no “modelo crawl”, só será possível conhecer o seu desempenho, se “nadar”, seja numa piscina ou em outro ambiente que permita essa performance;

06. Os instrumentos de coleta de dados necessitam, metodologicamente, estar a serviço do Projeto Pedagógico da Escola que, por sua vez, se traduz em currículo escolar e, subsequentemente, em plano de ensino. Como o ato de avaliar é subsidiário do projeto de ação, os instrumentos de coleta de dados também o são. Se não ocorrer dessa forma, coletarão dados inadequados, trazendo enganos para o educador, para o educando e sua família, para o sistema de ensino, para a sociedade em geral;

07. Somente com um estado emocional sereno e com o uso de significativos e adequados instrumentos de coleta de dados, poder-se-á praticar a avaliação da aprendizagem, seja no presente ou no futuro. Dessa forma, a avaliação será a aliada do educador individual e do sistema de ensino na perspectiva do sucesso.

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