Cipriano Luckesi,
O
especialista em Educação, Cipriano Luckesi, é presença
confirmada para o próximo congresso promovido pela Futuro Eventos:
Congresso Internacional de Educação do Norte e Nordeste,
realizado em Belém, de 19 a 21 de setembro. Luckesi irá abordar
o tema “Avaliação: até quando ela será um grande desafio para alunos,
pais, professores e instituição?”.
O palestrante escreveu para o site da Futuro
sobre alguns cuidados com relação à Avaliação de Aprendizagem. Confira!
01. Para
atuar em avaliação da aprendizagem, são necessários cuidados com o estado
emocional do avaliador, à media que atua no contexto das relações interpessoais
e com os seus recursos metodológicos;
02. Do
ponto de vista emocional, a heteroavaliação - como prática escolar - se dá no
seio de múltiplas expressões emocionais, seja por parte do educador ou por parte
do educando. E, como os processos emocionais podem ser serenos, mas também
intempestivos, o avaliador da aprendizagem necessita estar atento,
permanentemente, aos seus movimentos emocionais, como também dos seus educandos,
à medida que facilmente eles intervêm na prática avaliativa da aprendizagem,
lugar onde tradicionalmente se faz presente posições exacerbadas de
autoridade;
03. Metodologicamente
importa, em primeiro lugar, apropriar-se efetivamente do que significa
avaliação, que é um ato de investigar a qualidade de alguma coisa, no caso, a
qualidade da aprendizagem dos educandos na prática pedagógica escolar. Avaliar
não tem a ver com examinar, que é recurso necessário seletivo nos concursos, nos
quais o candidato está em busca de uma vaga. Avaliar a aprendizagem tem a ver
com a sala de aula e, então, o estudante já tem a vaga, ele só necessita de
aprender;
04. A
seguir, compreender que não existe “avaliação tradicional”. Existe, de um lado,
exames escolares, sistematizados no século XVI e vigentes até o presente
momento. E avalição da aprendizagem, cuja compreensão e formulação se dá na
primeira metade do século XX, mas que, ainda, não conseguiu fazer vigência
efetiva no sistema educacional como um todo, seja no Brasil ou fora dele;
05. Compreender
a avaliação como investigação da qualidade da realidade, o que exige, como sua
base “material”, uma descritiva da realidade sobre a qual se dá o processo
avaliativo, o que, por sua vez, no caso da aprendizagem, exige instrumentos de
coleta de dados sobre o desempenho do educando. E estes nem são tradicionais,
nem novos, nem velhos, simplesmente devem ser os necessários, ou seja, aqueles
que são capazes de captar a realidade em investigação avaliativa. Se são
necessários testes para convidar o educando a manifestar sua aprendizagem,
utilizam-se testes. Mas, se o desejo é que o educando manifeste que aprendeu a
redigir textos, em língua nacional ou estrangeira, a única forma de detectar
suas habilidades aprendidas será uma redação. Ou, se o desejo é saber se o
educando aprendeu a nadar no “modelo crawl”, só será possível conhecer o seu
desempenho, se “nadar”, seja numa piscina ou em outro ambiente que permita essa
performance;
06. Os
instrumentos de coleta de dados necessitam, metodologicamente, estar a serviço
do Projeto Pedagógico da Escola que, por sua vez, se traduz em currículo escolar
e, subsequentemente, em plano de ensino. Como o ato de avaliar é subsidiário do
projeto de ação, os instrumentos de coleta de dados também o são. Se não ocorrer
dessa forma, coletarão dados inadequados, trazendo enganos para o educador, para
o educando e sua família, para o sistema de ensino, para a sociedade em
geral;
07. Somente
com um estado emocional sereno e com o uso de significativos e adequados
instrumentos de coleta de dados, poder-se-á praticar a avaliação da
aprendizagem, seja no presente ou no futuro. Dessa forma, a avaliação será a
aliada do educador individual e do sistema de ensino na perspectiva do
sucesso.
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