Alexandre Rolim | de Tangará da Serra
Um levantamento feito pela Secretaria Municipal de Educação e Cultura e pela Assessoria Pedagógica da Secretaria de Estado de Educação (Seduc) nas escolas públicas de Tangará da Serra, no médio Norte de Mato Grosso, revela um dado alarmante: nos três primeiros meses do ano letivo de 2012, um total de 16 professores de escolas municipais e estaduais pediram afastamento de suas funções. Eles alegaram problemas emocionais ligados a violência dentro das salas de aula.
Na rede estadual, segundo dados da Seduc, foram quatro os professores que pediram licença entre fevereiro e maio para fazer tratamento de saúde emocional. Na rede municipal o número é maior e a situação, mais grave. Em apenas 90 dias a Semec autorizou o afastamento de 12 professores por motivos emocionais.
Todavia, a problemática vai bem além disso. Ainda de acordo com a Semec, no período houve três casos de conflitos entre pais e professores, seis registros de boletins de ocorrência por parte de professores que sofreram algum tipo de violência ou ameaça de aluno e o mais grave, recentemente os professores de uma unidade de ensino tiveram de ser escoltados pela polícia até suas casas, pois foram ameaçados por alunos.
E os números não param de subir - o que motivou o vereador Gilcélio Peres (PT) a requerer uma audiência pública para debater o assunto. “A ideia surgiu a partir de conversas com os colegas professores, até porque eu sou professor também, onde eles colocaram que está crescente o número de casos de violência contra o professor, sendo violência verbal, ameaças ou mesmo enfrentamento, a postura do aluno de desafiar o professor e muitas vezes as famílias ficam contra o professor, colocando-os em situação de humilhação”, disse o vereador.
Gilcélio revela que esta violência vai além. Somente este ano, dois diretores abandonaram o cargo, possivelmente por causa da violência. “Além disso têm dois diretores de escolas que deixaram a direção e alegam este tipo de pressão, de que existe aluno bandido, aluno que vende droga na escola, ameaças, são diretores que de certa forma se posicionaram contra este tipo de atitude e sofreram represálias e ameaças. Claro que eles justificam outros tipos de motivos para se protegerem”.
Coma audiência pública, o vereador pretende desencadear uma discussão sobre o tema e torná-lo de conhecimento de todos. “Temos que trazer para este debate o Ministério Público, o Conselho Tutelar, a polícia, as escolas, através da Semec e da Seduc, os professores e, principalmente, os pais de alunos para respondermos alguns questionamentos.
São questões que para o vereador devem ser respondidas: “Por que que nós estamos tendo um grupo grande de adolescentes cada vez mais violento? Por que que as nossas crianças estão cada vez mais violentas e agressivas? O que que está faltando, que atitudes temos que tomar? Estão faltando limites dentro de casa, é a educação do pai e da mãe que está faltando? É a legislação que está falha, é a punição ou a falta dela? Afinal de contas, quem está falhando neste processo?”.
Para Gilcélio, o professor passa por estas situações, pois convive mais com as crianças e adolescentes do que os próprios pais e cada um, família, escola, sociedade e autoridades, deve cumprir o seu papel. “A família tem um papel, a escola tem o seu também, temos que começar a questionar isso”.
Segundo ele, o Ministério Público, através do promotor Renee do Ó Souza já fez alguns encaminhamentos neste sentido. “O MP já fez reuniões com professores, já deu orientações, que é de chamar a polícia se for um aluno maior de idade e o Conselho Tutelar se for menor, chamar os pais, fazer boletim de ocorrência, enfim, usar essas ferramentas para que os pais tomem atitude de cuidar mais de seus filhos”, disse.
Uma audiência pública para discutir o assunto ocorrerá no plenário da Câmara Municipal no dia 12 de junho, às 19 horas. Gilcélio fez questão de frisar que a ideia não é encontrar culpados e sim distribuir papéis e competências.
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Diário da Serra e Redação 24 Horas News
quinta-feira, 31 de maio de 2012
MT- Medo da violência nas escolas leva professores a abandonarem salas de aula
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