SILVA, 
Lucimar Antonia
lucimarsilvaa@hotmail.com
RESUMO: 
O presente artigo utilizou-se de um estudo bibliográfico acerca dos contextos 
históricos do EJA, além dos movimentos ocasionados por ela e teve como objetivo 
percorrer a trajetória da Educação de Jovens e Adultos (EJA) desde seu 
surgimento no Brasil até os dias atuais visando confrontar teoria e prática 
desta modalidade de ensino.
Palavras 
chaves: 
Educação de Jovens e Adultos - Teoria - Prática.
A 
TRAJETÓRIA DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
De 
acordo com Haddad e Pierre (2000), a educação de adultos já vem sendo praticada 
a muito tempo no Brasil. No período colonial os religiosos já exerciam sua ação 
educativa missionária uma grande parte era adulta, ensinavam o evangelho e 
transmitiam as réguas de comportamento, inicialmente com os índios e após com os 
escravos e negros.  
A 
educação de letramento de adultos começou a delimitar seu lugar na história da 
educação no Brasil a partir da década de 1930, neste período, a sociedade 
brasileira passava por grandes transformações, associadas ao processo de 
industrialização e concentração populacional em centros 
urbanos.
Foi 
somente no final da década de 1940 que a educação de adultos veio a se firmar 
como um problema de política nacional, mas as condições para que política viesse 
a ocorrer já vinham sendo estabelecidas ações governamentais no período 
anterior.
Em 
1945, após a 2º Guerra Mundial foi criada a UNESCO, e este seguimento da 
Organização das Nações Unidas – ONU contribuiu para estimular a educação de 
jovens e adultos em toda parte do mundo. Esta Organização denunciava às 
desigualdades ocorridas entre os países, alertando o papel que deveria 
desempenhar a educação, em especial a educação de jovens.
No 
ano de 1947, no Brasil, instalou-se o Serviço de Educação de Adultos (SEA), que 
tinha por finalidade a reorientação e coordenação dos trabalhos anuais do ensino 
supletivos para os adolescentes e adultos analfabetos. Com a criação desse órgão 
foi desenvolvida uma série de atividades e produzidos e distribuídos materiais 
didáticos, visando alfabetizar a população. Esse movimento estendeu-se até fins 
da década de 1950, assim denominou-se a Campanha de Educação de Adolescentes e 
Adultos (CEAA). A campanha teve o mérito de criar uma infraestrutura nos estados 
e municípios para atender á educação de jovens e adultos.
Nos 
anos 50, também aconteceram diversas outras campanhas, como a Campanha Nacional 
de Educação Rural (1952), e a Campanha Nacional de Erradicação do Analfabetismo 
(1958), porém essas campanhas poucos realizaram em termos concretos em 
comparação com a faixa etária de jovens e adolescentes.
Os 
esforços empreendidos durante as décadas de 1940 e 1950 fizeram cair os índices 
de analfabetismo das pessoas acima de cinco anos de idade.
 No ano de 1960, no entanto, os níveis de 
escolarização da população brasileira permaneciam em patamares reduzidos quando 
comparados à média dos países do primeiro mundo. 
Segundo 
Freire (apud Gadotti, 1979 p.72), nos anos 1940, a educação de jovens e adultos 
era entendida como uma extensão da escola formal, principalmente na zona rural. 
Nos anos de 1950, a educação de adultos era entendida como uma educação de base, 
com o desenvolvimento comunitário, assim surgindo no final dos anos 50, duas 
tendências significativas na educação de jovens e adultos: Educação de adultos 
entendida como educação libertadora (conscientizadora), pontificado pelo o 
educador Paulo Freire e a educação entendida como educação funcional 
(profissional).
 Com o golpe militar de 1964, os programas de 
alfabetização e educação popular que se haviam se multiplicado no período entre 
1961 e 1964 foram vistos como uma grave ameaça à ordem e seus programas de 
alfabetização de adultos foram suspensos, pelos militares, até que, em 1967, o 
próprio governo assumiu o controle dessa atividade lançando o Movimento 
Brasileiro de Alfabetização, o (MOBRAL) era a resposta do regime militar à ainda 
grave situação de analfabetismo no país. 
O 
movimento MOBRAL foi criado pela Lei 5.379, de 15 de dezembro de 1967, teve 
inicio funcionando com uma estrutura paralela e autônoma em relação ao 
Ministério da Educação. Em 1969 lançou uma campanha massiva de alfabetização, 
estalando-se comissões municipais que se responsabilizavam pela execução de 
atividades e a produção de materiais didáticos eram centralizados pelos 
militares.
 As orientações metodológicas e os materiais 
didáticos do MOBRAL eram propostas de caráter técnico, muitas delas baseadas nas 
experiências dos seus funcionários, esvaziando-se de todo sentido crítico e 
problematizador contidos na proposta que vigorou de 1961 a 1964, que partia de 
palavras chaves retiradas da vida simples do alfabetizando adulto, para então, 
ensinar os padrões silábicos da língua portuguesa. 
De 
acordo com Haddad e Pierro, 
O 
planejamento e a produção de material didático foram entregues a empresas 
privadas que reuniram equipes pedagógicas para este fim e produziu um material 
de caráter nacional, apesar da conhecida diversidade de perfis linguísticos, 
ambientais e socioculturais das regiões brasileiras. (2000, 
p.115),
Na 
década de 70, a fundação MOBRAL se expandiu por todo território nacional e dele 
derivou-se outros programas, entre esses o mais relevante foi o Programa de 
Educação Integrada - PEI, que correspondia a uma continuidade do antigo primário 
e daria oportunidades de estudos para os recém-alfabetizandos e 
analfabetos.
Entretanto, 
em 1985 o MOBRAL foi extinto, e em seu lugar surge a Fundação Educar que 
desenvolvia ações diretas de alfabetização.
A 
Educar assumiu a responsabilidade de articular, em conjunto, o subsistema de 
ensino supletivo, a política nacional de educação de jovens e adultos, 
cabendo-lhes fomentar o atendimento nas séries iniciais do ensino de 1º grau, 
promover a formação e o aperfeiçoamento dos educadores, produzir material 
didático, supervisionar e avaliar as atividades, (HADDAD e DI PIERRO, 2000, 
p.120).
No 
período da democratização do país a Fundação Educar assumisse o papel de órgão 
de fomento de apoio técnico, privilegiando a modalidade de Educação de Jovens e 
Adultos - EJA, com o objetivo que as atividades fossem absorvidas pelos sistemas 
de ensino supletivos estaduais e municipais, com a finalidade de erradicar o 
analfabetismo do país e proporcionar condições para que uma parcela 
significativa da população brasileira pudesse em curto prazo de tempo recuperar 
o período escolar que por diversos motivos não puderam concretizar em período 
apropriado.
No 
ano de 1988, foi promulgada a nova Constituição Federal que assegura o direito 
da educação a todos os brasileiros, em seu art. 208 nos 
assegura:
O 
ensino fundamental é obrigatório e gratuito, assegura inclusive, sua oferta 
gratuita para todos os que a ele não tiveram acesso na idade própria têm direito 
a vaga. Tal direito é público subjetivo, é direito irrenunciável de cada um, 
configurando o não cumprimento, portanto, razão para o mandado de injunção. 
(Constituição Brasileira – 1988)
Faz-se 
necessário destacar também outro ponto importante da Constituição de 1988 o art. 
214 que afirma:
A 
lei estabelecerá o plano nacional de educação, de duração plurianual, visando à 
articulação e ao desenvolvimento do ensino em diversos níveis e à integração das 
ações do poder público que conduzam à: erradicação do analfabetismo; 
universalização do atendimento escolar.(Constituição Brasileira – 
1988)
Em 
1990, declarado ano Internacional da Alfabetização, e com início do governo de 
Fernando Collor de Mello, foi extinta a Fundação Educar, mas não se criou 
nenhuma outra instância que assumisse essas funções. Assim o governo federal 
ausenta-se como articulador e indutor de uma política de alfabetização de jovens 
e adultos no Brasil.
Nos 
anos que antecederam o impeachment do presidente Collor, foi implantado por ele 
o Programa Nacional de Alfabetização e Cidadania – PNAC no qual prometia colocar 
em movimento um programa nacional, que substituiria a atuação da extinta 
Fundação Educar por meio da transferência de recursos federais para que as 
instituições promovessem a alfabetização e a elevação dos níveis de escolaridade 
dos jovens e a adultos, mas não sendo concluído o PNAC foi abandonado no mandato 
de Itamar Franco.
Ao 
assumir a presidência da República em 1994 o então presidente Fernando Henrique 
Cardoso priorizou a implantação de uma reforma político-institucional da 
educação pública que compreendeu várias medidas, com as quais a aprovação da 
nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB).
Aprovada 
pelo Congresso a nova LDB 9.394, em 1996, segundo Haddad e Pierre a seção 
dedicada à educação básica de jovens e adultos resultou curta e pouca inovadora, 
seus dois artigos fortaleciam o direito dos jovens e adultos ao ensino básico 
adequado às condições peculiares de estudo, e o dever do poder público em 
oferecer gratuitamente na forma de cursos e exames supletivos. A única novidade 
era em relação à idade dos educandos, o rebaixamento para que os candidatos 
submetessem aos exames supletivos para 15 anos o ensino fundamental e 18 anos 
para o ensino médio.
O 
Ministério da Educação idealiza em 1996 o Programa Alfabetização Solidária - 
PAS, desta forma o governo volta a propor um programa nacional de alfabetização 
de adultos.
O 
PAS tinha como proposta uma ação conjunta entre governo federal, empresas, 
administrações municipais e universidades, além disso, o PAS contribuiu para 
reforçar a imagem que se faz de quem não sabe ler e escrever como um indivíduo 
incapaz, passível de adoção, de uma ação assistencialista, como o não 
alfabetizado não é visto como um sujeito de direitos. O PAS era considerado um 
programa acelerado de educação com duração de cinco meses, e estabelecia a ideia 
de que qualquer pessoa sem formação específica poderia ensinar considerando 
alfabetizadores semipreparados.
Um 
dos movimentos que podemos ressaltar também nos anos 90 é o Movimento de 
Alfabetização (MOVA), com uma configuração que procurava envolver o poder 
público e as iniciativas da sociedade civil, tendo o ideário da educação popular 
como princípio de sua atuação, na elaboração das propostas com contexto 
sociocultural dos sujeitos.
Nos 
dias atuais, em pleno século XXI o Brasil possui ainda um índice elevado de 
pessoas que não tem o domínio da leitura e da escrita, são brasileiros 
analfabetos e os considerados analfabetos funcionais que chegaram a frequentar a 
escola, mas por alguma razão tiveram que abandona-la e sendo assim voltam à 
condição anterior, ou seja, na condição de analfabetos.
Parafraseando 
Pierro e et al. (2001) a aprendizagem deve ser compreendida em sentido amplo, 
como essencial para a vida do ser humano, e em tal contexto cultural a educação 
de adulto poderia deixar de ser associada ao atraso e a pobreza e passar a ser 
como indicador do alto grau de desenvolvimento econômico e 
social.
Considerações 
finais: 
. 
Das estratégias metodológicas de ensino no processo de alfabetização de Jovens e 
Adultos, a princípios foi feito apontamentos sobre os primeiros indícios da 
alfabetização de Jovens e Adultos no Brasil, mostrando que tudo começou de 
maneira informal. Dentro dessa perspectiva a pesquisa tem o objetivo de 
contribuir para a qualificação das estratégias metodológicas no processo de 
alfabetização do EJA.
            Foram abordados apontamentos 
diretamente relacionados aos métodos e práticas dentro da Educação de Jovens e 
Adultos que por sua vez, acaba não sendo valorizado como deveria na contribuição 
a promoção da igualdade entre homens e mulheres onde é inevitável um devido 
preparo para atender a demanda em nosso país.
Na 
sociedade atual a Educação de Jovens e Adultos é uma temática de extrema 
relevância, uma vez que todos têm o direito de desfrutar dessa prerrogativa, 
assim como da alfabetização e do letramento e de estudos mais aprofundados visto 
que estes são necessários para que o cidadão demonstre uma participação ativa 
nas práticas sociais e vivências com as múltiplas linguagens, inclusive com as 
novas tecnologias.
REFERÊNCIAS 
BIBLIOGRÁFICAS:
Constituição: República Federativa do Brasil: 
Brasília. 25 ed. 1988.
GADOTTI, 
Moacir e ROMÃO, José (Orgs)- Educação de Jovens e Adultos: Teoria, Prática e Proposta/ 6º ed- São 
Paulo: Cortez: Instituto Paulo Freire, 2003.- (Guia da escola cidadã; 
v.5)
Haddd, S; Di 
Pierro, 
M, C. Escolarização de jovens e 
adultos. Janeiro de 2000. P. 108-130. Disponivel: www.anped.org.br/rbe/rbedigital/ 
rbde14/ rbd14 08 SERGIO  
HADDAD E MARIA CLARA 
DI PIERRO. Pdf acesso em: 26 de março de 2012.
PIERRO, M, C; JÓIA, 
O: M, Visões da Educação de Jovens e 
Adultos no Brasil. Novembro de 2001. 6 p. Disponível em: 
www.scielo.br/pdf/ccedes/ v21n55/ 
5541. Pdf. Acesso 03 de abril de 2012. 
 
 
 

Nenhum comentário:
Postar um comentário