terça-feira, 29 de abril de 2014

Com o fim dos quintais cheios de frutas, pela chegada do progresso, o curupira foi embora de Cuiabá...


Reza a lenda que o Curupira andava pelos grandes quintais das casas cuiabanas catando frutas para levar para os animais que viviam nos cerrados

NELSON SEVERINO



Tem gente em Cuiabá – principalmente as pessoas mais idosas – que ainda afirma que o lendário curupira, considerado ferrenho protetor das matas e dos animais, existe sim! Só não é visto mais por estas bandas, porque com a chegada do progresso a Cuiabá nos últimos 50 anos e que trouxe em suas esteiras o fim dos quintais cheios de frutas, hoje ocupados por arranha-céus, grandes condomínios e conjuntos habitacionais, o curupira foi embora.

Reza a lenda sobre essa figura do folclore brasileiro que em outros tempos era comum se ver o curupira, uma espécie de menino de baixa estatura, bem troncudo, de cabelos vermelhos, perambulando pelos grandes quintais das casas de Cuiabá catando frutas para levar para os animais que viviam nos cerrados das cercanias da cidade. Era visto, principalmente, nos períodos de estiagem prolongada, quando escasseavam as frutas do cerrado.


O curupira era bem folgado – dizem: se na casa cujo quintal invadia não tinha ninguém, ele não vacilava em dar uma boa espairecida, puxando um ronco na primeira rede que encontrava debaixo de uma frondosa mangueira. E quando ia embora, levando as frutas que coletava para os animais dos cerrados, deixava caroços da deliciosa fruta espalhados por todo o quintal.

Como defensor dos animais e das matas, o curupira estava sempre em estado de alerta aos perigos a que seus protegidos estão expostos. No caso dos agressores das matas e dos caçadores, o curupira tem um jeito especial de afugentá-los: aproxima-se deles sem ser percebido e dispara estridentes assobios aos pés de seus ouvidos. “Não tem quem não sai em disparada, enchendo as calças de medo...” – assegura um velho cuiabano, que nunca viu, mas crê que o curupira não é só lenda não!

Tentar perseguir o curupira é tempo perdido. E perigoso. Com os dois pés virados para trás, quando o perseguidor do curupira pensa que está se aproximando dele, está, na verdade, é se distanciando. Conta-se, inclusive, histórias de gente que se perdeu na vegetação densa dos cerrados da região de Cuiabá, tentando seguir os passos do lendário curupira...

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