Patrícia Edí
Ramos
Escola Estadual Maria
Eduarda Pereira Soldera
As reflexões em torno
do assunto tecnologia e educação tomou conta da sociedade há várias décadas, na
realidade desde que se notou sua influência na formação do sujeito
contemporâneo, e da necessidade de explorar o assunto diante do rápido
desenvolvimento nos meios de informação e comunicação. O mundo atual esta
passando por inúmeras e cada vez mais aceleradas transformações em torno de
todos os campos da sociedade, desde o princípio da civilização o homem esta
sempre em busca de adaptações, mudanças, novos conhecimentos, aliás, fato este
implícito em sua constante busca do saber e
aprender.
A preocupação com o impacto que as
mudanças tecnológicas podem causar no processo de ensino-aprendizagem impõe a
área da educação a tomada de posição entre tentar compreender as transformações
do mundo, produzir o conhecimento pedagógico sobre ele auxiliar o homem a ser
sujeito da tecnologia, ou simplesmente dar as costas para a atual realidade da
nossa sociedade baseada na informação (SAMPAIO e LEITE, 2000, op cit SANTOS,
2012, p. 9).
Desde a década de
1940, quando se deu inicio as grandes transformações tecnológicas a sociedade
atribuiu a escola e as instituições de ensino a responsabilidade de formação da
personalidade do individuo, tendo em vista a transmissão cultural do
conhecimento acumulado historicamente. No que se referem à escola as tecnologias
sempre estiveram presentes na educação formal, o que faz necessário é o fato de
que as instituições de ensino tem o papel de formar cidadãos críticos e
criativos em relação ao uso dessas tecnologias. Para tanto é preciso que as
mesmas abandonem a prática instrumental das tecnologias, e faça avaliações sobre
o trabalho com a inserção das novas tecnologias educativas, visto
que:
Dessa forma, temos de avaliar o
papel das novas tecnologias aplicadas à educação e pensar que educar utilizando
as TICs (e principalmente a internet) é um grande desafio que, até o momento,
ainda tem sido encarado de forma superficial, apenas com adaptações e mudanças
não muito significativas.
Sociedade da informação,
era da informação, sociedade do conhecimento, era do conhecimento, era digital,
sociedade da comunicação e muitos outros termos são utilizados para designar a
sociedade atual. Percebe-se que todos esses termos estão querendo traduzir as
características mais representativas e de comunicação nas relações sociais,
culturais e econômicas de nossa época (SANTOS, 2012, p. 2).
A internet atinge cada
vez mais o sistema educacional, a escola, enquanto instituição social é
convocada a atender de modo satisfatório as exigências da modernidade, seu papel
é propiciar esses conhecimentos e habilidades necessários ao educando para que
ele exerça integralmente a sua cidadania, construindo assim uma relação do homem
com a natureza, é o esforço humano em criar instrumentos que superem as
dificuldades das barreiras naturais. As redes são utilizadas para romper as
barreiras impostas pelas paredes das escolas, tornando possível ao professor e
ao aluno conhecer e lidar com um mundo diferente a partir de culturas e
realidades ainda desconhecidas, a partir de trocas de experiências e de
trabalhos colaborativos.
Em uma sociedade com
desigualdade social como a que vivemos, a escola pública em alguns casos
torna-se a única fonte de acesso às informações e aos recursos tecnológicos, das
crianças de famílias da classe trabalhadora baixa. A esse respeito Pretto (1999,
104) vem afirmar que “em sociedades com desigualdades sociais como a brasileira,
a escola deve passar a ter, também, a função de facilitar o acesso das
comunidades carentes às novas tecnologias”.
O uso da informática
na educação implica em novas formas de comunicar, de pensar, ensinar/aprender,
ajuda aqueles que estão com a aprendizagem muito aquém da esperada. A
informática na escola não deve ser concebida ou se resumir a disciplina do
currículo, e sim deve ser vista e utilizada como um recurso para auxiliar o
professor na integração dos conteúdos curriculares, sua finalidade não se
encerra nas técnicas de digitações e em conceitos básico de funcionamento do
computador, a tudo um leque de oportunidades que deve ser explorado por aluno e
professores. Valente (1999) ressalta duas possibilidades para se fazer uso do
computador, a primeira é de que o professor deve fazer uso deste para instruir
os alunos e a segunda possibilidade é que o professor deve criar
condições para que os alunos descreva seus pensamentos, reconstrua-os e
materialize-os por meio de novas linguagens, nesse processo o educando é
desafiado a transformar as informações em conhecimentos práticos para a vida.
Pois como diz Valente:
[...] a implantação da informática
como auxiliar do processo de construção do conhecimento implica mudanças na
escola que vão além da formação do professor. É necessário que todos os
segmentos da escola – alunos, professores, administradores e comunidades de pais
– estejam preparados e suportem as mudanças educacionais necessárias para a
formação de um novo profissional. Nesse sentido, a informática é um dos
elementos que deverão fazer parte da mudança, porém essa mudança é mais profunda
do que simplesmente montar laboratórios de computadores na escola e formar
professores para utilização dos mesmos. (1999, p.
4)
Implantar laboratórios
de informática nas escolas não é suficiente para a educação no Brasil de um
salto na qualidade, é necessário que todos os membros do ambiente escolar
inclusive os pais tenham seu papel redesenhado.
Atualmente o mundo
dispõe de muitas inovações tecnológicas para se utilizar em sala de aula, o que
condiz com uma sociedade pautada na informação e no conhecimento, pois através
desses meios temos a possibilidade virtual de ter acesso a todo tipo de
informação independente do lugar em que nos encontramos e do momento, esse
desenvolvimento tecnológico trouxe enormes benefícios em termos de avanço
científico, educacional, comunicação, lazer, processamento de dados e
conhecimento. Usar tecnologia implica no aumento da atividade humana em todas as
esferas, principalmente na produtiva, pois, “a tecnologia revela o modo de
proceder do homem para com a natureza, o processo imediato de produção de sua
vida social e as concepções mentais que delas decorrem” (Marx, 1988,
425).
Com toda essa
disponibilidades é preciso formar cidadãos capazes de selecionar o que há de
essencial nos milhões de informações contidas na rede, de forma a enriquecer o
conhecimento e as habilidades humanas. Pois segundo Marchessou
(1997):
(...) excesso nas mídias,
onde as performances tecnológicas e o consumo de informação submergem,
“anestesiam” a capacidade de análise dessa informação e de reflexão tanto
individual quanto social. Saturação e superabundância ameaçam o navegador da
internet que, como certas pesquisas mostram, não tira partido das riquezas de
informação pertinente, não estando formado para ir diretamente ao essencial
(Marchessou, 1997, p. 15).
Antes de introduzir as
novas mídias interativas nas aulas expositivas é preciso entender suas
funcionalidades e as consequências de seu uso nas relações sociais, pois somente
a partir desse momento é possível utilizá-las de forma a transformar as aulas em
eventos de discussão onde ocorra de maneira efetiva à participação de todos os
indivíduos, bem como professores, alunos e pesquisadores, propiciando assim a
comunicação que só é possível a partir do momento que todas as partes se
envolvem.
Para que os recursos
tecnológicos façam parte da vida escolar é preciso que alunos e professores o
utilizem de forma correta, e um componente fundamental é a formação e
atualização de professores, de forma que a tecnologia seja de fato incorporada
no currículo escolar, e não vista apenas como um acessório ou aparato marginal.
É preciso pensar como incorporá-la no dia a dia da educação de maneira
definitiva. Depois, é preciso levar em conta a construção de conteúdos
inovadores, que usem todo o potencial dessas
tecnologias.
A incorporação das
TICs deve ajudar gestores, professores, alunos, pais e funcionários a
transformar a escola em um lugar democrático e promotor de ações educativas que
ultrapassem os limites da sala de aula, instigando o educando a enxergar o mundo
muito além dos muros da escola, respeitando sempre os pensamentos e ideais do
outro. O professor deve ser capaz de reconhecer os diferentes modos de pensar e
as curiosidades do aluno sem que aja a imposição do seu ponto de vista, pois com
lembra Freire:
Não haveria exercício
ético-democrático, nem sequer se poderia falar em respeito do educador ao
pensamento diferente do educando se a educação fosse neutra – vale dizer, se não
houvesse ideologias, política, classes sociais. Falaríamos apenas de equívocos,
de erros, de inadequações, de “obstáculos epistemológicos” no processo de
conhecimento, que envolve ensinar e aprender. A dimensão ética se restringiria
apenas à competência do educador ou da educadora, à sua formação, ao cumprimento
de seus deveres docentes, que se estenderia ao respeito à pessoa humana dos
educandos (2001, p. 38-39).
As escolas são locais
onde ocorre a emancipação do estudante, desde cedo já se molda cidadãos
conscientes de suas responsabilidades socioambientais, formar-se indivíduos
empreendedores do conhecimento e lapidam-se vocações. Portanto a necessidade de
que os ambientes educativos se tornem lugares onde crianças e jovens tenham
habilidades de interferir no conhecimento estabelecido, desenvolver novas
soluções e aplicá-las de forma responsável para o bem estar da sociedade. Como
Piaget enunciou: “A principal meta da educação é criar homens que sejam capazes
de fazer coisas novas, não simplesmente repetir o que outras gerações já
fizeram”.
Podemos considerar que
a educação ao longo da vida será o único meio de evitar a desqualificação
profissional e de atender às exigências do mercado de trabalho da sociedade
tecnológica. Assim segundo BELLONI (1999) op cit CAPELLO (2011), faz-se
necessário uma flexibilização forte de recursos, tempos, espaços e tecnologias,
que abrigam à inovação constante, por meio de questionamentos e novas
experiências.
Nesse processo
colaborativo de interatividade, o educador deve assumir um novo papel no
processo educacional, deixar de lado a postura de provedor de conhecimento e
atuar como mediador, até mesmo porque diante dos rápidos avanços em sua área,
somente um profissional pleno e capaz de se ajustar aos avanços tecnológicos
sobreviverá nesse mercado. É fundamental que o professor se torne mediador e
principalmente orientador na aprendizagem mediada pelas novas tecnologias, pois
é seu papel criar novas possibilidades para ensinar e aprender. Segundo Moran
(2000) o papel do professor é dividido em:
Orientador/mediador
intelectual – informa, ajuda a escolher
as informações mais importantes, trabalha para que elas sejam significativas
para os alunos, permitindo que eles a compreendam, avaliem – conceitual e
eticamente -, reelaborem-nas e adaptem-nas aos seus contextos pessoais. Ajuda a
ampliar o grau de o grau de compreensão de tudo, a integrá-lo em novas sínteses
provisórias.
Orientador/mediador
emocional – motiva, incentiva,
incentiva, estimula, organiza os limites, com equilíbrio, credibilidade,
autenticidade e empatia.
Orientador/mediador
gerencial e comunicacional – organiza grupos,
atividades de pesquisa, ritmos, interações. Organiza o processo de avaliação. É
a ponte principal entre a instituição, os alunos e os demais grupos envolvidos
(comunidade). Organiza o equilíbrio entre o planejamento e a criatividade. O
professor atual como orientador comunicacional e tecnológico; ajuda a
desenvolver todas as formas de expressão, interação, de sinergia, de troca de
linguagens, conteúdos e tecnologias.
Orientador ético –
ensina a
assumir e vivenciar valores construtivos, individual e socialmente, cada um dos
professores colabora com um pequeno espaço, uma pedra na construção dinâmica do
“mosaico” sensorial-intelectual-emocional-ético de cada aluno. Esse vai
valorizando continuamente seu quadro referencial de valores, ideias, atitudes,
tendo por base alguns eixos fundamentais comuns como a liberdade, a cooperação,
a integração pessoal. Um bom educador faz
a diferença. [grifos do autor] (p. 30-31)
A educação não pode
mais viver sob o modelo antigo, sob o risco de virar virtual e invisível para a
sociedade, às novas tecnologias devem ser exploradas para servir como meios de
construção do conhecimento, e não somente para a sua difusão. Nos últimos anos a
presença dos alunos em sala de aula diminuiu consideravelmente, sem falar nas
universidades onde alunos viraram atores virtuais, invisíveis para a estrutura
acadêmica, eles tem buscado na internet as fontes de conteúdos programáticos das
disciplinas, ignoram a oportunidade de debates e reflexões em sala de aula.
Diferente de anos
atrás, hoje os alunos tem acesso muito mais rápido e fácil às informações, esse
fator tornou as aulas expositivas desinteressantes e assim sua presença se
tornou limitada, aos eventos protocolares como: exames e atividades
extraclasses. O horizonte de uma criança, de um jovem, hoje em dia, ultrapassa
claramente o limite físico da sua escola, da sua cidade ou de seu país, quer se
trate do horizonte cultural, social, pessoal ou profissional. Diante disso é
importante lembrarmos que os professores não nasceram digitalizados, enquanto
seus alunos, sim.
Segundo Xavier (2005),
as novas gerações tem adquirido o letramento digital antes mesmo de ter se
apropriado completamente do letramento alfabético ensinado na escola. Esta
intensa utilização do computador para a interação entre pessoas a distancia, tem
possibilitado que crianças e jovens se aperfeiçoem em práticas de leitura e
escrita diferentes das formas tradicionais de letramentos e alfabetizações.
Essas inúmeras modificações nas formas e possibilidades de utilização da
linguagem em geral são reflexos incontestáveis das mudanças tecnológicas que vem
ocorrendo no mundo desde que os equipamentos informáticos e as novas tecnologias
de comunicação começaram a fazer parte intensamente do cotidiano das
pessoas.
A aprendizagem
intermediada pelo o computador gera profundas mudanças no processo de produção
do conhecimento, se antes as únicas vias eram de sala de aula, o professor e os
livros didáticos, hoje é permitido ao aluno navegar por diferentes espaços de
informação, que também nos possibilita enviar, receber e armazenar informações
virtualmente.
O trabalho educacional
a partir da informática tem papel fundamental na prática pedagógica das escolas,
pois possibilita a transição de um sistema de ensino fragmentado para uma
abordagem de conteúdos integrados. Sendo possível também o processo de criação,
busca, interesse e motivação, através de atividades que exigem planejamento,
tentativas, hipóteses, classificações e motivações, impulsionando a aprendizagem
por meio da exploração que estimula a experiência. Segundo Oliveira (2000), os
trabalhos pedagógicos podem ser coerentes com a visão de conhecimento que
integre o sujeito e objetivo, assim como aprendizagem e ensino. Nessa
perspectiva, as tecnologias tornam-se ferramentas poderosas, capazes de ampliar
as chances de aprendizagem do aluno.
O computador e os
demais aparatos tecnológicos são vistos como bens necessários dentro dos lares e
saber operá-los constitui-se em condição de empregabilidade e domínio da
cultura, é impossível fechar-se a esses
acontecimentos.
Quem de nós não se
lembra dos ditados de palavras e das regras gramaticais decoradas sem que
soubéssemos qual seria a situação em que um dia poderíamos usa-las? Sem
esquecermos também, das variadas datas comemorativas, fórmulas de matemáticas,
química e física, ossos e órgãos do corpo humano e acidentes geográficos, todas
as atividades decorativas que fazíamos sem entender qual seria o significado
aquilo poderia ter para nossa vida, muitas vezes ouvíamos de nossos professores
que um dia precisaríamos daquele conhecimento. Mas como incorporá-los se naquele
momento eles não faziam sentido a nós, pareciam apenas regras a serem decoradas
para resolução de exercícios e de
avaliações.
Com grande frequência
temos ouvido professores reclamarem que seus alunos não sabem escrever, e da
parte dos alunos ouvimos, que a escola os leva a escrever sobre coisas que não
tem significado algum para a sua realidade.
Notemos que atualmente
não se trata mais apenas de fazer redações escolares com começo, meio e fim. Com
a era digital, as crianças estão se tornando especialistas em lidar com o
hipertexto, o sistema informação que inclui textos, fotos, áudio e vídeo, com
infinitas possibilidades de navegação. No que se refere o hipertexto é preciso
que o internauta desenvolva habilidades de avaliar criticamente as informações
encontradas e saiba identificar quais são as fontes mais confiáveis entre as
inúmeras apresentadas. Por essa razão é importante que o professor tenha
conhecimento sobre o hipertexto e a linguagem utilizada na internet, para poder
assim melhor orientar seus alunos.
Ferreiro (2000) afirma
que o laboratório de computação na escola possibilita aos jovens o ato de
escrever e publicar. Muitas vezes a escrita na escola pode se tornar algo
maçante, visto que na maioria das vezes o único a ler e ter contato com os
textos escritos pelos alunos é o professor. O fato de se escrever apenas por
encomenda na escola, onde o professor solicita aos alunos a produção de uma
redação, este a faz e aquele corrige isto é algo que se torna para o aluno muito
sofrido, afinal escrever para quê? Ou melhor, para quem? Notemos que falta ao
aluno motivação para fazer um bom texto, fazer só porque o professor solicitou
torna a atividade desagradável e
descontextualizada.
A integração da
tecnologia de informação e comunicação na escola favorece em muito a
aprendizagem do aluno e a aproximação de professores e alunos, pois através
deste meio tecnológico ambos tem a possibilidade de construírem conhecimento
através da escrita, reescrita, troca de ideias e experiências, o computador se
tornou um grande aliado na busca do conhecimento, pois se trata de uma
ferramenta que auxilia na resolução de problemas e até mesmo no desenvolvimento
de projetos. As TICs têm como
característica o fazer e o refazer, transformando o erro em algo que pode ser
revisto e reformulado instantaneamente para produzir novos saberes, cada
individuo que explora as tecnologias de informação e comunicação se torna um
emissor e receptor de informações, mais especificamente leitor, escritor e
comunicador, esse emaranhado de possibilidade ocorre graças ao poder persuasivo
das informações contidas nas TICs que envolve o sujeito incitando-o à leitura e
à expressão através da escrita textual e
hipertextual.
A internet proporciona
ao professor compreender a importância de ser parceiro de seus alunos, navegar
junto com os alunos apontando possibilidades de percorrer novos caminhos sem a
preocupação de ter experimentado passar por eles algum dia, provocando assim a
descoberta de novos significados, permitindo aos alunos resolverem problemas ou
desenvolverem projetos que tenham sentido para a sua aprendizagem, é nesse
processo que a educação resultaria em um exercício
ético-democrático:
Não haveria exercício
ético-democrático, nem sequer se poderia falar em respeito do educador ao
pensamento diferente do educando se a educação fosse neutra – vale dizer, se não
houvesse ideologias, política, classe sociais. Falaríamos apenas de equívocos,
de erros, de inadequações, de “obstáculos epistemológicos” no processo de
conhecimento, que envolve ensinar e aprender. A dimensão ética se restringiria
apenas à competência do educador ou da educadora, á sua formação, ao cumprimento
de seus deveres docentes, que se estenderia ao respeito à pessoa humana dos
educandos (FREIRE, 2001ª, p. 38-39).
O processo de
incorporação das tecnologias nas ações docentes guia professores e alunos para
uma educação libertadora e humanista, na qual homens e mulheres imergem na
construção do conhecimento, se tornando sujeitos da condução de sua própria
aprendizagem, ou seja, um sujeito participativo e responsável pela sua própria
construção, deixando de lado o sujeito passivo para se tornar autônomos e
cidadãos democráticos do saber, a esse respeito Freire enfatiza
que:
A educação é uma resposta da
finitude da infinitude. A educação é possível para o homem, portanto esse é
inacabado. Isso leva a sua perfeição. A educação, portanto, implica uma busca
realizada por um sujeito que é o homem. O homem deve ser sujeito de sua própria
educação. não pode ser objeto dela. Por isso, ninguém educa ninguém (FREIRE,
1979, p. 27-28).
Uma educação
comprometida é aquela que propicia aos seus indivíduos o desenvolvimento e
autoformação, disponibiliza e oportuniza aos seus indivíduos o papel de
construção de sua própria história, de sua autonomia de negociar e tomar
decisões em defesa de seus direitos e de sua coletividade, pois é a partir da
autonomia que o individuo conquista e exerce sua plena cidadania. É importante
frisarmos aqui que a autonomia não é algo que se transmite ao aluno, mas que se
constrói e conquista conforme sua vivencia, cada homem constrói sua autonomia de
acordo com as varias decisões tomadas ao decorrer de seu dia e de sua vida.
Freire defende que: “o respeito à autonomia e à dignidade de cada um é um
imperativo ético e não um favor que podemos ou não conceder uns aos outros”
(1996, p. 66). A autonomia ajuda o homem a se tornar um cidadão crítico,
libertar-se do comodismo, da passividade, da omissão e da
indecisão.
As TICs também tem
papel fundamental no desenvolvimento de projetos, pois permite o registro desse
processo construtivo, funciona como um recurso que irá diagnosticar o nível de
desenvolvimento dos alunos, suas dificuldades e capacidades, favorecendo também
a identificação e a correção dos erros e a constante reelaboração, sem perder
aquilo que já foi criado.
Uma
inovação é como ver algo novo nas coisas às vezes conhecidas, deve-se pensar em
ações que promovam novos papéis para a escola, ações em que a utilização das
TICs no contexto educacional estabeleça uma rede dialógica de interação com o
intuito de promover a ruptura do distanciamento entre sujeito-sociedade.
O computador ligado à
internet propicia ao professor atuar de forma diferente em sala de aula, é
possível instigar os alunos a desenvolver pesquisas, investigações, críticas,
reflexões, aprimorar e transformar ideias e experiências, não é preciso que
professores se tornem donos da verdade e do conhecimento, mas sim parceiros de
seus alunos, andando juntos em busca de um mesmo propósito o conhecimento e a
aprendizagem. Essa atuação leva os profissionais da educação a se desprender do
livro didático, que deixa de ser o guia da prática do professor e passa a ser
mais uma, entre outras, fontes de informação e de desenvolvimento do
trabalho.
No momento atual em
que a sociedade vive é imprescindível que a educação caminhe no sentido do
conhecimento compartilhado, com liberdade para se expressar e se
comunicar.
O professor que caminha de forma a tentar
conhecer o aluno e entendê-lo em sua realidade, é um profissional que podemos
considerar ativo, crítico empenhado no seu papel de ensinar, pois a partir do
momento que se sente desafiado pelo aluno, este vive uma busca constante do
aprendizado ao ensino.
Atualmente o professor
não é um mero propagador de conhecimento, mas sim ambos (aluno e professor) são
parceiros do ensino-aprendizagem, o professor tem o papel de planejar a aula de
acordo com a necessidade de seus alunos e estes também tem seu papel que é
contribuir com aquilo que deseja aprender, como por exemplo, o tema a ser
abordado, no qual se leva em conta dúvidas, curiosidades, indagações,
conhecimentos prévios, valores, descobertas, interesses. O professor é desafiado a conhecer seu aluno,
não é mais apenas aprendiz de conteúdo, mas de individuo, para que possa
respeitar os diferentes estilos e ritmos de aprendizagem, temos uma situação que
não é mais o professor o único a planejar as aulas para os alunos executar, e
sim ambos trabalham em busca de aprendizagem, cada atuando segundo o seu papel e
nível de desenvolvimento.
Notemos que é a partir
do respeito e da confiança que aluno e professor caminharão para uma escola nova
e avançada, onde há preocupação com aquilo que se é proposto para o aluno ler,
pois é através de uma leitura prazerosa que acontece o despertar para outras
leituras e para uma escrita criativa. Assuntos interessantes levam a
questionamentos, a participações efetivas, espírito cooperativo e solidário em
ambiente escolar.
A mudança na escola
começa a partir de uma mudança pessoal e profissional, capaz de levantar uma
escola que incentive a imaginação, a leitura prazerosa, a escrita criativa,
favoreça a iniciativa, a espontaneidade, o questionamento, que se torne um
ambiente onde promova e vivencie a cooperação, o dialogo, a partilha e a
solidariedade.
Enfim para que todo
esse leque de oportunidades aconteça, seja vivenciado é preciso que professor e
aluno andem juntos, trabalhem num mesmo ritmo de cooperatividade, principalmente
falem a mesma língua que é a da era da informação, pois somente trabalhando os
interesses da juventude será possível um aprendizado de forma gratificante e com
resultados positivos para ambos os envolvidos no
ensino-aprendizagem.
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