Luan Santos e Raíza tourinho
“Na época da escravidão, os negros eram sequestrados pelos portugueses e trazidos para o Brasil em navios negreiros para trabalharem como escravos. Acorrentados, eles comiam restos da comida dos dominadores e ficavam entulhados. Os negros trouxeram para o Brasil uma cultura muito rica, que inclui a comida, religião, música e roupas, presentes até hoje”. No mês em que se comemora a Consciência Negra, os estudantes do quinto ano, Luiz Felipe Viana, 10, Felipe Rocha, 11, e Vitor Dantas, 11, mostram que estão com o assunto das aulas sobre a história e a cultura africana na ponta da língua. Junto com os colegas da Escola Nova Nossa Infância, na Pituba, os garotos participaram do projeto “Por que Salvador é a capital mais negra do Brasil?”. “É um projeto interdisciplinar que pretende mostrar o quão rica é a cultura africana, assim como estes povos são guerreiros. Os alunos precisam saber de onde vieram”, explica a coordenadora pedagógica, Ione França, sobre os objetivos do projeto. Conhecimento
Desde 2003, o ensino da cultura e da história da África nas escolas é regulamentado pela Lei 10.639. Segundo a legislação, instituições públicas e privadas de ensino devem privilegiar em seu currículo o conteúdo da história e cultura afro-brasileira nos ensinos fundamental e médio. A lei não determina uma disciplina específica, mas que o tema seja trabalhado interdisciplinarmente, principalmente em artes, literatura e história do Brasil, o que, infelizmente, não ocorre em toda a rede.
Na opinião da especialista em História e Cultura Afro-brasileira e professora do ensino médio, Rosana Lima, falta formação de professores na área. “Na prática a lei não acontece porque muitos professores acham que não existe racismo no Brasil”. Para a especialista, a ausência de critérios mais específicos para a aplicação esvazia a lei. “Tem muitas escolas que não trabalham a questão racial, só fazem ‘oba-oba’ na semana da consciência negra. Não é só criar a lei, tem que dar mecanismos para que ela funcione corretamente”. O historiador e professor da Universidade Federal da Bahia (Ufba) Ubiratan Castro diz que a lei é fundamental para a valorização da cultura afro na sociedade. “O preconceito é resultado da falta de conhecimento. É importante destacar a participação do negro na formação do que é o Brasil hoje”, diz. Para o professor, levar este conteúdo para sala de aula aumenta a autoestima dos alunos. “Eles conhecem a origem guerreira do povo negro. Os alunos passam a se olhar não como negros ou brancos, mas como brasileiros, como iguais”, pontua, destacando a importância de não se trabalhar o conteúdo afro em sala de aula tratando o negro como “coitadinho”. “O discurso abolicionista já morreu. É, sim, importante destacar a origem deste povo, que não foi a escravidão. Além disso, temos que levar ao conhecimento dos alunos a riqueza da cultura afro”, diz. Ensino
Interrogado sobre o que mais o impressionou, o aluno da Escola Nossa Infância, Felipe Rocha, diz: “Nós aprendemos mais sobre a cultura da nossa cidade”. Já Vitor Dantas conta que a história de Zumbi dos Palmares e dos quilombos foi o que mais chamou sua atenção. “Fiz uma música e uma tirinha sobre eles. A história é muito legal”, conta satisfeito, mostrando sua produção.
A administradora Ivone Rocha, mãe de Felipe, diz que seu filho se envolveu bastante no projeto. “Ele só falava disso. Adorava contar o que estava aprendendo”, relata ela, que acha importante conhecer a influência do povo negro..Deixe sua opnião!Adicione o seu comentário abaixo, ou trackback de seu próprio site.
domingo, 20 de novembro de 2011
Ensino da cultura afro amplia a autoestima
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