domingo, 20 de novembro de 2011

O poder da referência

Andre Bellucci

Abraham Lincoln disse certa vez: “É possível aprender algo com todas as pessoas que encontramos, ainda que seja o que não se deve fazer”. Certamente nessa altura da vida Lincoln já conhecia o poder da referência. De alguma maneira adquirimos referências positivas ou negativas durante toda a nossa vida. São essas informações que permitem que mantenhamos um poderoso banco de dados capaz de decernir o que acreditamos ser certo ou errado.

No meu primeiro emprego, o engenheiro que era responsável pela minha formação solicitou que eu escolhesse uma referencia para seguir dentro da empresa, podia ser o mestre de obras, alguns dos encarregados ou engenheiros que ali trabalhavam. Mas ele gostaria que escolhesse pelo menos um. Provavelmente, ele acreditava que assim que escolhesse, o meu processo decisório melhoraria e me ajudaria a ter liderança assim como aquelas pessoas tinham sobre a equipe. Resolvi então escolher varias referências, os separei por áreas, como conduta, posicionamento, fé, convicção, profissionalismo e assim por diante, não tentei buscar em uma pessoa todas essas qualidades, apenas me atentei a ver o que cada um deles tinha de melhor.

Naquela pequena amostra que tinha pude rapidamente entender que deveria ser um entusiasta como o mestre de obras. Lembro-me até hoje, a palavra que mais se escutava dele era “agora”. Ele acabou por se tornar a minha referência no que se diz respeito a fazer algo porque era importante, não apenas porque gostava de fazer. Com um entusiasmo impressionante ele motivava a todos a resolver tudo no dia, dando muita velocidade a obra. A minha segunda grande referência naquele empreendimento foi o engenheiro da obra. Ele tinha um pulso firme de dar inveja, e muito conhecimento técnico também. De alguma maneira ele se tornou a minha referência quando vou instruir algo a minha equipe até hoje.

E, por último, mas não menos importante, a pessoa que primeiro imaginei quando fui solicitado a pensar em uma referência. Ele era o diretor da construtora, tinha uma conduta impressionante, com a sua voz calma e firme chamava todos pelo nome e fazia perguntas que nos levavam a pensar em possibilidades de eventos que até então parecia não existir. A sua visão de mercado e busca pelo “detalhe” levou a empresa a ser líder no seu ramo de atividade em Cuiabá. Com ele aprendi que era importante fazer o melhor possível sempre, e ainda, percebi que se eu quisesse fazer mais pelas pessoas eu teria que ter meu próprio negócio.

Durante a minha formação profissional apareceram outras pessoas, novas referências, e algumas que com o passar do tempo não se mostraram tão boas assim. Mas o mais importante é que elas existiram. Fica difícil você ir mais longe sem referência. Sendo assim devemos agradecer a cada cliente exigente, concorrente feroz, professor detalhista, líder chato ou líder bom que passam por nossas vidas todos os dias, de alguma maneira eles estabelecem algum padrão que colocado sobre a ótica correta (por exemplo, a ótica de Lincoln) nos ajuda a ir mais longe, de forma mais rápida, e a um ponto mais alto.

André Luiz Bellucci é empresário, trainer da Dale Carnegie Training em Cuiabá e escreve neste blog todo sábado - engbellucci@uol.com.br

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