domingo, 20 de novembro de 2011

Escolas incentivam expressão oral para preparar alunos para o mercado de trabalho

O ensino da leitura e da escrita digital é um desafio para as escolas nos dias atuais, mas não o único. Em tempos de alunos acostumados a escrever numa linguagem sucinta e codificada por causa da internet, estimulá-los a se expressar oralmente, desenvolvendo uma argumentação e um ponto de vista, também não é tarefa fácil. Para isso muitas escolas têm procurado desenvolver métodos que ajudem seus estudantes a falar em público e a fazer um encadeamento de ideias.

“O internauta usa muitas gírias, elimina artigos e preposições, dispensa a concordância, abrevia palavras e orações. Na hora de se expressar em público, muitas vezes tem dificuldade de utilizar a língua formal e de dar linearidade às ideias”, explica Izabel de Almeida e Silva, diretora pedagógica do Colégio Padre Antonio Vieira.

O ensino de técnicas de retórica não é novidade alguma e remonta à época dos sofistas, na Grécia de 500 a.C. Mas, agora a diferença é que, na maioria das vezes, os professores prepararam seus alunos para que eles lidem bem com a expressão oral em meio ao dia a dia das outras disciplinas, como português, matemática, história. Tal habilidade pode até não ser cobrada no vestibular, mas acaba sendo um diferencial tanto no ambiente de trabalho e na vida como um todo. Os processos seletivos, com suas dinâmicas de grupo e entrevistas, constituem um teste para a capacidade de expressão, além de avaliarem habilidades de iniciativa e liderança.

Falar bem é fundamental

A simples leitura dos textos em voz alta é insuficiente para preparar os alunos para os desafios da vida adulta. O Colégio Padre Antonio Vieira é um dos que explora as técnicas de oralidade desde o 1º ano do ensino fundamental. O trabalho inclui o incentivo à manifestação espontânea e frequente dos estudantes em qualquer disciplina.

“Falar bem, com segurança e coerência, é fundamental e isto também se aprende na escola. Procuramos fazer eventos que valorizam essa prática, como a produção de trabalhos para o dia da Independência do Brasil e a elaboração e apresentação de contos. Debates de temas polêmicos também ajudam no exercício da argumentação”, ressalta Izabel.

Segundo ela, os alunos passam por provas orais em todas as disciplinas. Eles têm cinco minutos para expressar verbalmente seus argumentos e podem elaborar fichas com palavras-chave sobre o assunto, que servem de roteiro. O objetivo é observar a capacidade que o estudante tem de organizar seu pensamento para elaborar um discurso, desenvolvendo as informações de maneira clara e seguindo um raciocínio lógico.

Retórica e argumentação

A Faculdade de Comunicação Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) é uma das pioneiras do país a oferecer a disciplina Retórica a seus alunos. Segundo a professora Alessandra Aldé, que leciona a matéria e também é doutora em Ciência Política, no Brasil, apenas os cursos de Direito tinham na grade as técnicas de retórica e argumentação.

“A Uerj passou a oferecer a disciplina em 2004 para o curso de Comunicação. Em Portugal, isso é mais comum. Há um certo preconceito da academia, como se a retórica fosse coisa de manipulador, muito associada aos advogados e políticos”, afirma Aldé, que ressalta que muitas escolas exigem trabalho em grupo, mas não se preocupam em ensinar aos alunos como apresentá-los.

Ela lembra que a oratória tem suas técnicas, e a prova oral é uma boa forma de testar conhecimento porque o aluno tem menos tempo de pensar uma maneira de enrolar a resposta. Ele também tem que ter mais controle sobre o nervosismo. Mas, para o professor, a dificuldade também é maior, pois não é possível voltar e reler o que o aluno disse.

Fonte: Opinião e Notícia

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