segunda-feira, 17 de dezembro de 2012
Educação: uma questão de prioridade
Leticia Bechara
O novo secretário da educação de São Paulo divulgou nesta terça-feira (4) que planeja priorizar a alfabetização de alunos de até oito anos de idade. Os dados da prefeitura de São Paulo indicam que 20% desses alunos ainda não atingiram o nível ideal. Como parte do esforço para alcançar esse objetivo, ele ampliará um programa de capacitação que já vem sendo oferecido para educadores da rede, aos sábados. Nesse curso, os professores alfabetizadores têm acesso a materiais didáticos especiais. Uma boa saída, visto que hoje se tem um conhecimento muito melhor sobre o funcionamento da mente das crianças e formas mais criativas e incisivas de desenvolver suas habilidades cognitivas.
Alfabetização realmente é a maior prioridade. Se analisarmos os dados das avaliações, veremos alunos que não dominam os códigos de linguagem e acabam carregando essas dificuldades ao longo de toda a formação escolar e da carreira profissional.
Mais interessante ainda: melhorar a educação passa prioritariamente pela formação dos professores. Como estão os cursos de pedagogia? Que tipo de profissionais estão sendo colocados no mercado? Será que esse curso não deveria ter uma prova de suficiência ao final do curso para comprovar o nível de conhecimento adquirido pelos alunos, assim como os advogados têm a prova da Ordem dos Advogados do Brasil - OAB e contabilistas agora têm a prova do Conselho Regional de Contabilidade - CRC? Sem a aprovação são impedidos de exercer suas profissões.
Mais importante que defender os números dos balanços, é oferecer oportunidade para a vida de quem está estudando. O caminho da educação pode fazer isso.
A prioridade da educação vai além do domínio da linguagem. Hoje a tecnologia permite a potencialização do aprendizado e acesso ao conhecimento em todos níveis. As melhores universidades do mundo já oferecem cursos gratuitos e abertos pela web.
Muito se discute pela formação de Ensino à distância. Ainda há certos temores em relação a essa formação, com dúvidas a respeito do aproveitamento dos alunos.
Duas características são apontadas por Luciano Sathler, diretor da Associação Brasileira de Ensino à Distância - ABED, como fundamentais: os alunos dos cursos à distância apresentam bom conhecimento de informática, pois o curso exige que adquira habilidades com as ferramentas tecnológicas. Outra característica é a disciplina, muito exigida para quem tem que mostrar mais autonomia e controle.
Professores precisam ser prioridade na formação e utilização dessa tecnologia. Atualmente, as crianças, ou melhor, os alunos, têm acesso e muita curiosidade com o mundo digital e todas as suas possibilidades. Basta observar a facilidade e encanto que sentem diante de uma tela de computador, smartphone ou ipad. Portanto, entender desse universo passa a ser conteúdo obrigatório na formação de educadores.
As metas do governo paulista incluem ampliar o atendimento infantil e melhorar a qualidade do ensino fundamental. Essa é a base da formação. Não dá para pensar em colocar os recursos do governo apenas em prédios e novas salas. Quem irá ocupar esses espaços? Como esse profissional irá utilizar esses espaços? Vamos pensar nisso. A sociedade, nossas famílias, dependem e esperam que esse processo se torne cada dia melhor. Nós, educadores, também.
Leticia Bechara
leticia.bechara@trevisan.edu.br
Mestre em educação e coordenadora do vestibular da Trevisan Escola de Negócios.
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