terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Em busca da felicidade


Jorge da Cunha Dutra*

Qual ser humano não busca a felicidade? Esta é uma pergunta que dificilmente terá uma resposta negativa. A felicidade parece ser algo simples de ser entendida e encontrada, mas vejo nela um profundo mistério em seu significado, digno de toda atenção. E por reconhecer sua importância na vida das pessoas é que venho refletir sobre esse assunto.

Essa busca pela felicidade, que indico no título, pode ser vista na maioria das pessoas. Cada um a procura de diversas formas: reunindo-se com os amigos, familiares, saindo a festas, entre outras. Nessas experiências, os seres humanos tentam vivenciá-las inúmeras vezes procurando eternizar os respectivos momentos, ao máximo possível, dentro daquilo que chamamos de "tempo".

A definição de felicidade é muito ampla. Segundo a Enciclopédia Delta Larousse (1985), um de seus significados pode ser: "estado de perfeita satisfação íntima". Além deste, penso que é possível de se atribuir inúmeras outras definições para explicar essa sensação que quase todas as pessoas procuram sentir. E neste momento de reflexão, venho dizer que essa felicidade, a qual objetiva o "estado de perfeita satisfação íntima", me parece não existir. Não entro, aqui, na questão espiritual ou religiosa, mas falo somente sobre a vida terrena. Quando olho para o mundo, tenho a impressão de que o ser humano ainda acredita que alcançará a felicidade plena aqui na Terra. As pessoas chegam a pensar que, se conquistarem tais e tais objetivos, alcançarão tudo aquilo que almejam e terão atingido a felicidade. Já vi casos de pessoas dizerem: "Se eu ganhasse na loteria, resolveria todos os meus problemas!" Será mesmo? Será que resolvendo alguns "problemas" eliminam-se as tristezas que se está sujeito a sofrer? Será que realmente é possível de se prever tudo aquilo que se precisa para ser feliz plenamente? Muitas pessoas colocam a felicidade como meta em suas vidas. Pensando sobre essas questões, concluí que a felicidade plena não é possível de ser alcançada! Mas por quê? Porque tudo aquilo que cada pessoa "tem" e "conquista" está sujeito ao tempo, inclusive o seu próprio corpo, e tudo aquilo que está sujeito ao tempo não a pertence por completo, de modo que a qualquer momento poderá não ser mais seu. Acredito que só é possível encontrar a felicidade nisto: "nos momentos diários em que se está vivendo". Algumas pessoas podem até dizer: "Eu já sei que a felicidade é feita de momentos!" Para estas, espero que este texto ajude a reforçar o posicionamento; ou a questioná-lo, também! Mas para aquelas pessoas que ainda acreditam na possibilidade de alcançar a felicidade plena, a estas convido a olhar para uma nova direção.

Encaminhando-me para o final deste escrito, sugiro que a meta de vida do ser humano não seja a de alcançar a felicidade, mas a de viver bem a cada dia. E o que é este "viver bem"? Entre outras respostas, eu diria que é, pelo menos, viver de tal maneira que o ser humano se reconheça, verdadeiramente, como eterno aprendiz da vida e que perceba que o mundo não existe só para uma pessoa (o "eu"), mas também para todos os demais seres que aqui habitam. E quanto à felicidade? Sendo esta vista como um meio e não como um fim, ela estará perpassando todo o meio ambiente sem ter hora certa para chegar ou para partir e se encontrará com aquele que estiver vivenciando o momento de senti-la, sabendo que a um certo tempo ela se despedirá, deixando a possibilidade de que em muitos outros momentos possa retornar, ou não.
*Licenciado em Pedagogia (Furg) e Filosofia (UFPel)

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