terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Por um novo ambiente educacional

Fernando Rizzolo*


Na evolução dos projetos de desenvolvimento e inclusão social que visam à projeção da melhoria das condições de vida e da dignidade humana, encontramos a questão da educação como fator atrelado à percepção de desenvolvimento, mas, na essência, pouco explorado do ponto de vista da aplicação pedagógica. Várias são as propostas de ascender a metodologia educacional a ser implementada no contexto de transferência de renda e de melhores condições de vida da população mais carente.

É verdade que a ideia da contraprestação educacional nos projetos de inclusão representam um grande avanço, porém o maior desafio é remodelarmos o conceito educacional atual, tornando-o adequado a esse quadro evolutivo, fazendo com que o ambiente escolar se torne cada vez mais atraente ao aluno. Para tanto, para desenvolvermos essa ideia ambiental do conhecimento, precisamos antes de tudo investir numa remodelação ideológico-pedagógica dos professores. É bem verdade que, se temos avanços que levam ao desenvolvimento econômico, e que se tal desenvolvimento tem como objetivo a melhoria na educação, antes de pensarmos num novo modelo necessitamos, forçosamente, avaliar as condições de ensino que estão sendo ofertadas aos professores da rede pública, cujos baixos salários, a desmotivação e a pouca oportunidade oferecida pelo Estado no tocante ao aprimoramento profissional os fazem se sentir totalmente desprestigiados.

Uma revolução na concepção de um novo ambiente educacional passaria obrigatoriamente por uma remodelagem profissional dos professores, porque a proposta de ensino que se vê hoje nas escolas é completamente diferente da realidade vivenciada pelos alunos no dia-a-dia, principalmente no caso das crianças mais pobres. Essa mudança de concepção poderia ter início, por exemplo, na proposta de incluir na pauta de ensino algo que discuta a questão do saneamento básico e da valorização da internet, coisas ainda muito distantes da realidade de boa parte da população carente.

Com essas mudanças, estaríamos dando alguns passos adiante no que diz respeito à inclusão social, construindo ali, dentro da escola, um ambiente avançado e ao mesmo tempo dissociado do que ocorre na sociedade atual, que ainda traz em si as mazelas da violência, das drogas e da miséria. A visão de escola de tempo integral vem consubstanciar essa visão entre tempo educacional futurista e realidade social, para que isso possa servir de paradigma aos alunos no que se refere a uma visão crítica da realidade lá de fora, ainda a ser construída pelos projetos desenvolvimentistas.

Ter os professores a tarefa de construir um ambiente educacional agradável, num contexto de escola de tempo integral, numa nova perspectiva de formação ideológica dos educadores, com novas opções de disciplinas e formação cultural geral, trará ao ambiente escolar a possibilidade de as escolas se tornarem células vivas da formação cívica, levando muito mais que informação disciplinar e dando a possibilidade de o aluno se tornar um difusor crítico daquilo que ainda está se construindo na sociedade, que, além dos muros da escola, se expressa no abandono do Estado, na desagregação familiar e na miséria. A escola a um passo à frente significa reconhecer os avanços e, acima de tudo, criar um ambiente de luta na perpetuação dos ideais de cidadania.

*Advogado e editor do Blog do Rizzolo -www.blogdorizzolo.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário