quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Se a vida sofre mudanças, também a escola deve mudar

polo@polors.com.br

Artigo publicado originalmente na Revista Digital, sob a forma de Tendências Especial, em 24/03/1999

A partir do momento em que a FIAT pensa em construir um novo automóvel até o momento em que este chega às estradas, passam-se sete anos. A partir do momento em que a Glaxo pensa em desenvolver um novo remédio até o momento em que este chega às farmácias, passam-se treze anos. Isto significa que estas empresas são obrigadas a antever quais serão os gostos, os desejos, as exigências, e portanto, a recepção do público com uma grande antecipação. É este o tipo de empresa que geralmente chamamos de marketing oriented.

Usando um critério semelhante, qual seria então a capacidade de antevisão da escola? Se hoje uma criança de seis anos se inscreve na primeira série primária, passará para o ginásio no ano de 2003, entrará na universidade no ano de 2011 e dela sairá em 2016. Somente depois de três ou quatro anos de especialização, em 2020 ela poderá finalmente começar a trabalhar.

Em relação a hoje, é muito provável que em 2020 o câncer e a Aids sejam completamente derrotados por uma vacina preventiva, os computadores sejam capazes de escutar, traduzir, sintetizar e responder em qualquer língua, os microprocessadores e os transistores sejam quase tão pequenos quanto um neurônio, os automóveis sejam todos teleguiados, os cegos possam ver através de aparelhos óticos artificiais, os trens alcancem a velocidade de mil quilômetros por hora, os bens de consumo durem cinco vezes mais, o bióxido de carbono da atmosfera tenha se tornado inofensivo, remédios sejam capazes de simular, estimular ou inibir os sentimentos. É provável que a média de vida seja de aproximadamente 850.000 horas e o tempo que dedicado ao trabalho não supere 30.000 horas.

Não se trata de ficção científica, mas de previsões calculadas com base no estado atual de pesquisas científicas. Previsões estas que a escola deveria obrigar-se a fazer, se quiser orientar a sua própria ação pedagógica e as escolhas de seus estudantes. Este é o problema: a escola italiana é capaz de fazê-lo?

A Itália em confronto

Atualmente existem 197 países em todo o planeta: os mais ricos e desenvolvidos pertencem à OCSE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) e são 29; os mais importantes em absoluto são sete e constituem o G7. A Itália, sendo pequena, conseguiu ocupar uma destas sete posições privilegiadas e chega a produzir 3,4% de toda a renda do mundo: mais que a Grã Bretanha (3,3%) e quase tanto quanto a França (3,6%). Até mesmo mais que toda a África colocada junta ( 3,3%).

Se compararmos a performance de um profissional italiano com a de um colega estrangeiro, quase nunca sairemos perdendo. O conjunto destas constatações deveria legitimar uma certeza, quase um orgulho: somando tudo, a nossa escola não tem nada a invejar na dos outros países avançados. A verdade é que até agora nos salvamos graças à mistura de culturas clássica e científica de nosso país, que nos forneceu instrumentos para sobreviver à concorrência internacional. A guerra fria e a divisão geopolítica em dois blocos favoreceram o nosso país, que tem a ventura de estar colocado topograficamente no cruzamento que assinala a divisão das águas entre o Norte e o Sul do planeta, e o Oeste e o Leste do mundo.

Mas hoje a divisão em blocos foi substituída por uma numerosa rede de relações plurilaterais, a concorrência se faz sem piedade -sobretudo no plano cultural e científico-, e é difícil ser otimista quando se tenta prever o êxito no futuro confronto entre os resultados da nossa escola e o das escolas inglesas, estadunidenses, soviéticas, alemãs, japonesas e até chinesas.

A Sociedade Alfabetizada

O sentido da escola está na transformação da vida, na transformação da sociedade, na transformação do trabalho e sua relação com o tempo livre. A sociedade, como é de conhecimento geral, passou de um arranjo industrial, centrado na produção de bens materiais, para um arranjo pós-industrial, centrado na a produção de bens imateriais: símbolos, informações, estética e valores. Paralelamente, cresceu a preparação intelectual de cada um: na Itália, há cem anos, os analfabetos eram 45% da população; hoje são menos de 3%. Todos os anos se imprimem 200 milhões de livros; 10.000 jornais e três bilhões de cópias de periódicos. Nas bibliotecas públicas são consultados três milhões de livros por ano. Dezesseis milhões de italianos assinam tv a cabo; 90% dos adultos assiste o telejornal todos os dias. A quase totalidade dos trabalhadores é alfabetizada, e a grande maioria exerce funções preponderantemente intelectuais. À medida em que aumenta a potência das máquinas, é possível delegar a elas grande parte do trabalho intelectual do tipo executivo; as atividades que se tornam monopólio do homem são preponderantemente criativas.

A sociedade eficiente

Há cem anos atrás, em 1891, haviam aproximadamente 30 milhões de italianos, que trabalhavam em geral 40 bilhões de horas ao ano. Hoje existem aproximadamente 57 milhões de italianos, que trabalham 30 bilhões de horas ao ano. Contudo, produzem 13 vezes mais.

Isto depende de pelo menos 5 fatores simultâneos:
1) o progresso tecnológico, que difunde máquinas cada vez mais capazes de substituir o homem, seja no trabalho físico, seja no trabalho intelectual;
2) o progresso organizativo, graças ao qual se consegue obter cada vez mais eficiência paralela à tecnologia;
3) a globalização, que determina uma abertura crescente de trocas numa escala internacional, uma oferta cada vez mais integrada, uma interdependência cada vez mais estreita entre as economias e as culturas, uma competição planetária, com o conseqüente redimensionamento dos salários e do estado social;
4) a divisão internacional do trabalho, devido à qual grande parte dos produtos e serviços vêm de lugares onde o custo da mão-de-obra é menos elevado; 5)as privatizações, que geram fortes ganhos de eficiência e, conseqüentemente, drásticas reduções de pessoal.

A sociedade informada

Em 1956, pela primeira vez em um país -os Estados Unidos-, o número de colarinhos brancos superou o de colarinhos azuis. Daniel Bell caracterizou esta data como o início da sociedade pós-industrial, evento histórico comparável àquele que, na Inglaterra de cem anos atrás, assinalou a ultrapassagem do número de trabalhadores industriais sobre o de camponeses. Em 1995, pela primeira vez em um país - os Estados Unidos novamente-, vendeu-se mais computadores que televisores e trocou-se mais mensagens pela Internet que pelo correio: de fato, 40% das famílias americanas têm um computador, 25% têm dois computadores e por dez anos consecutivos os assinantes da Internet aumentaram em 5% ao ano. No setor da informática as transformações são tão velozes que 80% do faturamento atual deriva de produtos que há dois anos nem mesmo existiam. O business da informática propriamente dita da Itália representa mais de 20%. Portanto, o trabalho necessário para colocar o país no passo certo é imenso; o papel das organizações é fundamental, e o da escola, imprescindível.

A gestão da inovação

Segundo as estatísticas da ONU, entre 1960 e 1990 o índice de pessoas que vivem em condições desesperadas baixou de 70 para 46%, e a taxa de instrução média nos adultos subiu de 47 para 69%. Na Itália o teor de vida ostentado até nas regiões mais pobres testemunha um progresso que os nossos avós não poderiam nem mesmo imaginar. Porém, a cada 1000 crianças que entram na primeira série primária, somente 684 conseguem obter o diploma de segundo grau e somente 165 conseguem se graduar na universidade. Na região do Vêneto, onde a renda média é a mais alta do país, o percentual dos diplomados no segundo grau e dos graduados é bem mais baixo: a pobreza reduz a escolaridade no Sul e a riqueza a reduz no Norte, onde um jovem prefere trabalhar logo ao invés de completar a própria formação.

Assim, falta o suporte cultural indispensável para dominar as inovações, que correm em cinco direções:
1) um progresso tão veloz que parece indomável;
2) um precipitar tão rico e rápido de acontecimentos que induzem a um esmaecimento e a uma perda de sentido;
3) um crescente medo de ser despedido, que antes concernia somente à classe operária e que agora se estendeu aos empregados, gerentes, e até diretores;
4) uma crescente abertura entre as velhas e novas gerações, entre os portadores de um paradigma existencial do mundo industrial e os portadores de um novo paradigma do mundo digital e virtual;
5) uma percepção de que se é ao mesmo tempo ameaça e ameaçado por parte dos países emergentes, sobretudo os orientais, com seus eficientismos, suas insondáveis especificidades culturais, suas tenazes operosidades desvinculadas da exigência de direitos civis que são para nós irrenunciáveis. A escola, portanto, é chamada a provocar tempestivamente as mudanças, a compreender a natureza e o alcance, a orientar os jovens de modo que sejam capazes de administrar a inovação e não de se submeter à ela.

Um novo paradigma

O conjunto das inovações determinou o advento de um novo paradigma, que chamaremos de digitalidade. Um número crescente de pessoas aderentes a este paradigma apresenta um modo de viver completamente novo em relação àquele que por dois séculos caracterizou a sociedade industrial. Estas pessoas formam uma massa volumosa e homogênea, separada e contraposta em relação a todos aqueles que não são digitais. Um dos profetas desta revolução, Nicholas Negroponte, indica que o âmago da revolução está na passagem dos átomos para as cifras. Um outro, Bill Gates, sustenta que a revolução aconteceu em duas etapas: primeiro com a invenção do computador, e depois com a estrada da informática. Estas são algumas das causas. Mas a essência do fenômeno consiste no fato de que ele não se deve a um ou mais fatores únicos, mas sim a um complexo de novidades iniciadas cada uma por iniciativa própria, e depois lentamente fluídas através de um sistema coerente, que por comodidade definitória chamamos de digital, mas que trata de campos diferentes: da ciência e da tecnologia à estética, da biologia ao trabalho e ao costume.

Aqueles que compartilham este paradigma até fazer dele um fato mental e mantêm um comportamento otimista em relação à vida e ao destino do ser humano, nutrem confiança nos confrontos das espécies que ocupam o planeta, e estão certos que a tecnologia, a inteligência e a criatividade prevalecerão sobre os instintos autodestrutivos do homem. A informática é só um dos pilares culturais sobre os quais se baseia esta confiança. À ela é preciso acrescentar:
1) a satisfação para a conquistada ubiqüidade, graças aos meios personalizados de comunicação planetária (do fax ao celular, do correio eletrônico à Internet);
2) uma disponibilidade de virtualidade, que torna as relações sempre mais abstratas e enriquece os sentidos de novas dimensões;
3) as esperanças legitimadas pela engenharia genética, graças a qual pode-se contar com uma vida ainda mais longa e sã do que a atual;
4) a feminilização da sociedade, em que não somente as mulheres conquistaram o acesso às salas com botões que os homens haviam reservado para si, mas as virtudes femininas da subjetividade, da emotividade, da estética e do cuidado com o corpo humano lentamente conquistaram também os homens.

Os digitais têm um comportamento positivo em relação às inovações organizativas e em relação à flexibilidade das formas externas de teletrabalho; privilegiam a organização por objetivos; crêem na necessidade de substituir os sistemas de controle (adotados pelo trabalho físico, parcelado e executivo) pelos sistemas de motivação (adotados pelo trabalho intelectual e criativo). São convencidos de que o trabalhador pós-industrial não deve vender tempo, mas sim resultados.

Os digitais têm intimidade com a informática e com a onipresença, com as conquistas da biologia e com iguais oportunidades. Além disso, cultivam uma estética pós-moderna destinada a dar sentido às coisas e aos eventos, e a compor em um único desenho os vários fragmentos de atividade de ócio em que a vida atual se estende e se fragmenta. Amam o tempo livre ao menos enquanto tempo de trabalho; vivem a noite como o dia; admiram a arte, ao menos aquela clássica. Até um tempo atrás, aqueles que aceitavam a engenharia genética não coincidiam com aqueles que aderiam à virtuosidade, os virtuais não coincidiam com os feminilizados, e assim por diante. Hoje, ao contrário, os digitais compartilham em bloco destas novidades da época, as quais acabaram por contribuir para a construção de um único, coerente paradigma, que serve de linha divisória das águas entre todos aqueles que (por mais adultos, com trabalho e renda certa) pertencem ainda à cultura moderna, e todos aqueles que (por mais jovens, freqüentemente desempregados, quase sempre cultos) já pertencem à cultura pós-moderna.

A formação total

Enquanto aumenta o tempo livre, a educação familiar e escolar continuam a privilegiar a preparação do jovem para o trabalho. A severidade da disciplina, o ritmo das tarefas escolares, o conteúdo dos programas visam a preparar cidadãos mais para as 70.000 horas de trabalho que para as 300.000 horas de não-trabalho que caracterizam a nossa vida. Nas escolas mais célebres (pensa-se a mítica Phillips Academy americana ou a Yoyogi School japonesa ) os ritmos são ainda obsessivos, o horário é estressante, a competitividade não tem limite. Por quê? Porque tudo é predisposto em função da futura profissão, da máxima eficiência, da carreira pela qual se sacrifica o afeto familiar, a liberdade de pensamento, a vida toda, sem nenhum interesse resíduo para o tempo livre.

Contra esta filosofia do sacrifício, que não serve mais nem à eficiência das empresas nem à criatividade dos indivíduos, hoje conspira o alongamento da vida e o progresso tecnológico. Mas, devido aos hábitos desenvolvidos, os nossos programas escolares ficam marcados mais pela obsessão do bem-fazer do que pelo prazer do bem-estar.

O trabalho oferece, sobretudo, a possibilidade de realização prática, de ganho, de prestígio e de poder. O ócio oferece, sobretudo, a possibilidade de introspecção, de brincadeira, de convívio, de amizade e de amor. Perpetuando programas de inspiração industrial, a escola forma os jovens para o pouco trabalho que lhes resta, ao invés de formá-los para o muito tempo livre que acabarão por dispor.

Uma formação total, ao contrário, deve preparar ao mesmo tempo para o trabalho, para o estudo e para o tempo livre, porque a vida de todo adulto que exerce atividades intelectuais é afinal um inextricável conjunto destas três formas complementares. Como premissa para uma formação total, é necessário um pacto entre as gerações para redistribuição do trabalho, da riqueza e do poder. Depois, é necessário que a escola alimente o jovem de novas capacidades, como a de formar-se para o trabalho (dimensionando o papel e a duração), de vender resultados com alto valor agregado, de adquirir as qualidades necessárias para projetar o seu próprio futuro, de fazer a hibridização equilibrada entre trabalho, estudo e tempo livre, de formar-se para ócio criativo através do crescimento cultural, de requintar o próprio senso estético, de tender a uma qualidade sempre mais requintada da própria vida. Sobretudo é preciso que o país inteiro compreenda que a escola é tudo: o futuro coletivo da nossa pátria no mundo e a condição da felicidade individual dos cidadãos. Quando, no final de 1.800, o ministro Baccelli propôs a escola de ensino básico (da primeira à oitava série), a oposição perguntou o que faria a Itália com tantos alfabetizados. O ministro respondeu que a quinta série primária não servia para trabalhar mas para viver. A mesma coisa vale hoje: não para o diploma de ginásio, mas para a graduação.

Decálogo para educar quem terá trinta anos em 2015

Com base em todas as observações sintetizadas até aqui, podemos propor uma espécie de decálogo para a escola hoje frequentada pelos adolescentes que terão trinta anos em 2015. Contém previsões e sugestões de provável utilidade.

Longevidade. Em 2015, quando os atuais alunos do ginásio tiverem trinta anos e estiverem no início de suas atividades profissionais, a esperança de vida será de cem anos e de ótima saúde. A maioria das pessoas se torna velha só no último ano da própria vida, portanto estes estudantes viverão, trabalharão, amarão, até 2085, experimentado coisas que hoje nem mesmo conseguimos imaginar.

Tecnologia. Em 2015, quando os atuais alunos do ginásio tiverem trinta anos, a duração dos bens de consumo será quatro vezes maior que hoje, existirão elaboradores mil vezes mais potentes do que os atuais, um microprocessador será tão grande quanto um neurônio humano, custará menos de cem dólares e a sua potência será igual a de um bilhão de transistores. Conseqüentemente, em 2015 todos os trabalhos manuais e intelectuais de tipo repetitivo e executivo poderão ser desenvolvidos pelas máquinas. A escola, se quer ser útil aos seus alunos atuais, deve educá-los à criatividade suportada pela informática.

Trabalho e formação. Em 2015, cada indivíduo disporá de 30.000 horas de trabalho. O horário perderá importância, e nos países ricos a semana de trabalho não superará 15 horas em três jornadas. Os atuais estudantes trabalharão com resultados e não com tempo, misturando o estudo, o trabalho e o tempo livre. A instrução será entendida como formação permanente, e ocupará ao menos 100.000 horas de suas vidas. Haverá guerra sem limite entre criatividade e burocracia. Serão remunerados também os estudantes e as donas de casa. Ninguém desempenhará funções operárias por mais de cinco anos. Se ainda houverem desempregados, eles terão, de qualquer forma, um salário, enquanto muitos daqueles que trabalharem, o farão sob a forma de voluntariado.

Onipresença e maleabilidade. Em 2015, será possível fazer contato com qualquer pessoa em qualquer ponto do planeta, através do celular, computador e redes: sem dar um passo. As pessoas teleaprenderão, teletrabalharão, teleamarão, e se teledivertirão. Correrão, desta forma, o risco de se tornarem abstratos demais devido à falta de contato material com seus semelhantes. Portanto, desde agora, a escola deve contribuir para educá-los para uma familiaridade equilibrada com os instrumentos de comunicação e com a virtualidade.

Tempo livre. Em 2015 cada pessoa disporá de 400.000 horas de tempo livre. Isto constituirá o problema mais atormentador: como ocupar estas horas? Como evitar o tédio? Como conseguir crescer intelectualmente? Alcançar uma maior violência ou uma maior paz social? E a violência, será virtual ou real? É preciso, portanto, que a escola desde hoje prepare seus alunos para o tempo livre, mais do que prepara para o tempo de trabalho, e que os ensine a simular virtualmente os cenários nos quais eles deverão trabalhar e viver.

Androginia. Em 2015, as mulheres poderão ter um filho sem ter um marido, enquanto os homens não poderão ter um filho sem ter uma mulher. Também por isso as mulheres estarão no centro da sociedade, de onde administrarão o poder com a dureza derivada das razões submetidas nos últimos dez mil anos. Os valores até aqui cultivados preponderantemente pelas mulheres -estética, subjetividade, emotividade, flexibilidade- terão colonizado também os homens.

Ambos compartilharão as atividades de produção e de reprodução. No estilo de vida, prevalecerá a androginia.

Estética. Em 2015, todas as tecnologias serão mais precisas para aqueles que as usarem (já hoje os relógios de pulso mudam um milionésimo de segundo ao ano). Descontada a perfeição técnica, somente qualidades formais dos objetos interessará. Por isso, aqueles que se dedicarem às atividades estéticas serão mais apreciados do que aqueles que se dedicarem às atividades científicas e práticas. A estética se expressará também através da informática, e desde hoje os alunos deverão ser educados para o casamento entre tecnologia e beleza.

Ética. Em 2015, o trabalho será quase que completamente terceirizado. Na sociedade dos serviços, a confiança constituirá a primeira vantagem competitiva e a ética dos profissionais constituirá seu mais alto mérito. Como a sociedade industrial é muito mais honesta e menos violenta do que a rural, assim a sociedade pós-industrial será muito mais honesta e menos violenta do que a atual. Portanto, se quiserem ter sucesso, os atuais alunos deverão ser cavalheiros, e desde agora a escola deverá ser mais severa ao educar para a correção profissional e social.

Subjetividade. Em 2015, cada pessoa tenderá a diferenciar-se fortemente das outras, no que diz respeito aos gostos, desejos e comportamentos individuais. Esta pessoa tenderá a fazer somente aquilo que sente paixão, e se ativará exclusivamente nos setores que se sente intensamente motivado. A motivação será o maior fator competitivo, e a escola deve começar a perceber isto desde agora.

Qualidade de vida. Em 2015, quando os atuais alunos do ginásio tiverem trinta anos e estiverem no início de sua atividades profissionais, a maior parte das pessoas estará certa de que só se vive uma vez, e que, portanto, é preciso viver bem. Grande parte das profissões consistirá em atividades dedicadas ao bem-estar próprio e dos semelhantes. Como se viverá mais, cada um se preocupará cada vez menos com a quantidade de vida, e cada vez mais com a sua qualidade. A escola não poderá fingir não sabê-lo.

Domenico De Masi é professor de sociologia do Trabalho na Universidade de Roma e consultor de corporações como a IBM, a Glaxo e a Fiat.
Autor: polo@polors.com.br
polo@polors.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário