quarta-feira, 6 de junho de 2012

Linha de ensino da escola deve estar de acordo com valores


Flávia Faria

Mais do que transmitir conteúdo aos alunos, muitos pais procuram uma escola que seja capaz de formar os filhos para os desafios da vida. Surge, então, um questionamento: será que o modelo tradicional de ensino é capaz de suprir essa necessidade? Como fazer do aluno não um mero acumulador de conhecimentos, mas um sujeito capaz de construir soluções e pensar de maneira crítica?

A partir dessas questões, surgiram, no início do século passado, estudos sobre o aprendizado das crianças e a maneira de torná-lo mais efetivo e mais humano. Nasciam, dessa maneira, linhas alternativas que acabavam por culminar nas pedagogias Waldorf e montessoriana, e também nos princípios do construtivismo.

Embora diversas entre si, essas três linhas se identificam por não mais enxergar no professor a fonte de todo o conteúdo. Em vez de transmissor, o profissional se torna um mediador e incentivador da construção do conhecimento e do raciocínio dos alunos.

Além disso, é comum às três a proximidade entre a família e a escola. Os alunos são acompanhados de perto pelos professores e coordenadores. Assim, os profissionais têm a possibilidade de repassar aos pais as dificuldades e evoluções de cada um.


Escolha

Resta, então, a maior dificuldade: escolher em qual linha pedagógica educar os filhos. De acordo com a psicóloga Milene Matos, o mais importante é que a filosofia da escola seja compatível com os valores da família. “É preciso que os pais se identifiquem com os princípios da escola. Sem isso, será muito difícil para a família compreender e auxiliar o processo de aprendizado da criança”, explica.

Construtivismo

Baseados nos estudos do pensador francês Jean Piaget, os princípios construtivistas pregam que os alunos não são “tábuas rasas” e que, mesmo quando bem pequenos, já trazem consigo algum conhecimento. A partir daí, o professor em sala vai questionar e instigar os alunos a construírem juntos as soluções para os problemas apresentados.

Clara Coelho, diretora pedagógica do Colégio Miró, conta que, com isso, os alunos aprendem a produzir conteúdo por meio do raciocínio. “Mais adiante, essas crianças se tornarão adultos capazes de resolver problemas nas mais diversas áreas do conhecimento, porque, além do conteúdo, elas aprenderam a raciocinar”, explica.

Clara também conta que o aprendizado é feito de maneira lúdica. “A criança que aprende com jogos, brincadeiras e ferramentas interessantes para sua idade não esquece o conteúdo”, afirma. Diante dessa perspectiva, o construtivismo proporciona ao aluno aprender coletivamente por meio dos próprios erros e da experiência dos outros colegas. Ex-aluno do Miró, o universitário Renato Alban conta que o sentimento de união da turma e a proximidade e atenção dos professores contribuíram para seu crescimento pessoal e intelectual.

As avaliações, por sua vez, são feitas de maneira processual, conceitual e qualitativa. Os professores observam a participação em sala e usam trabalhos, atividades para casa, apresentações orais e provas. “Existe um mito de que o construtivismo não faz provas. Se essa for a melhor forma de avaliar determinado conteúdo, ela cabe perfeitamente nos nossos princípios”, conta a diretora Clara.

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