quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Estudante de SP assume cargo em associação para cegos nos EUA


G1

Recém-chegado na Universidade do Estado de Michigan, nos Estados Unidos, o estudante paulistano Mauricio Peixoto de Mattos Almeida, de 18 anos, que é deficiente visual, foi eleito vice-presidente do departamento estadual estudantil da Nacional Federation of the Blind (Federação Nacional dos Cegos), em Michigan.

Com mais de 50 mil membros, a Nacional Federation of the Blind possui filiais em todos os estados americanos. Mauricio foi escolhido e nomeado pelos integrantes do conselho. "Sempre gostei de ajudar as pessoas e acho que vai ser uma responsabilidade muito grande, mas acredito que tenho bons projetos e competência [para assumir o cargo]. Quero envolver os alunos porque este é o momento que eu vivo", afirma.

Sempre gostei de ajudar as pessoas e acho que vai ser uma responsabilidade muito grande, mas acredito que tenho bons projetos e competência"

Maurício Almeida,estudante brasileiro

Na universidade, Mauricio pretende integrar os estudantes cegos com os que enxergam. Para ele, precisa haver maior proximidade entre os alunos que cursam disciplinas de educação especial e pretendem trabalhar com pessoas que possuem diversos tipos de deficiência.

A infraestrutura oferecida pela Universidade de Michigan foi um dos motivos que o levou a querer fazer graduação nos Estados Unidos. Mauricio diz que o local está muito bem equipado para estudantes cegos. "Fiquei impressionado. Tem ônibus que fala, farol que fala, as calçadas são padronizadas, e os motoristas de táxis são treinados. Faço tudo de forma independente."

O garoto mora no campus da instituição e seu colega de quarto é um estudante americano. Segundo ele, foi bem recebido por todos. "Todo mundo do prédio é bacana, as pessoas perguntam muito sobre o Brasil, as praias, as mulheres, a cultura e a alimentação." Como é deficiente visual, o estudante teve prioridade na escolha pelo piso térreo para facilitar a locomoção.

Quando fez o application (vestibular americano), Mauricio pensava em cursar ciência da computação, mas, menos de um mês depois da chegada à universidade mudou os planos: vai estudar relações internacionais. "Minha paixão pela tecnologia ainda existe, mas quero ajudar meu povo a crescer e se expandir e acho que a carreira de relações internacionais me abre mais portas."

Limitação visual ocorreu porque aos 6 meses, Maurício teve a retina descolada Limitação visual ocorreu porque aos 6 meses,Maurício teve a retina descolada.

Retina descolada

O estudante perdeu a visão aos 6 meses quando o ar da incubadora descolou sua retina. Desde então, percebe apenas contornos e cores. Se locomove com ajuda de uma bengala, e nos Estados Unidos está participando de um processo para ganhar um cão-guia.

A limitação visual não trouxe restrições à vida de Mauricio que usa a tecnologia como aliada. Ele domina o braile, mas hoje o substituiu pelos softwares que leem textos no computador. O estudante tem uma empresa de hospedagem de sites e rádios na internet. Também coordena a criação de um site que traduz do inglês para português jogos para deficientes visuais na web.

Mauricio aprendeu inglês jogando na internet durante a infância. Mais tarde, se tornou professor voluntário na escola americana onde cursou o ensino médio, em São Paulo. Lá havia um programa para ensinar filhos de funcionários e familiares de alunos. Nunca estudou em escolas especiais. “Sou contra, acho um atraso porque eu tenho de me adaptar à sociedade, não o contrário. A sociedade tem de me dar estrutura, mas a adaptação é minha.”

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