terça-feira, 13 de novembro de 2012

Qualidade de vida

ONOFRE RIBEIRO



Outras cidades onde tenho estado me deixam com vergonha de Cuiabá

Viver em cidades significa um monte de rupturas na estrutura social.

A vida rural que predominou no Brasil até os anos 1970, era completamente diferente da vida urbana desde então.

As relações sociais eram mais simples, a cultura mais arraigada em comportamentos que, na maioria das vezes, se repetiam indefinidamente e a economia ou era de trocas por escambo, ou muito limitada, bastante apenas para a sobrevivência familiar.

Nas cidades as pessoas ganharam um endereço, com nome da rua, com número da casa, e perderam aquela identidade rural. Houve muitas perdas nesse campo do viver cotidiano, compensadas por outros ganhos como emprego, acesso à educação e à saúde, por exemplo.

Porém, as cidades não estavam preparadas para receber a metade da população brasileira, algo em torno de 100 milhões de pessoas. Logo, desde os anos 1970 elas foram se conflitando em problemas crescentes de favelização, de falta de saneamento, de qualidade das habitações, de transportes urbanos, de coleta do lixo, de segurança e do próprio emprego.

Cidades como Cuiabá, por exemplo, saíram de modestos 100 mil habitantes em 1970 para os atuais 600 mil, somados com os do entorno, chegando a milhão de habitantes. Os mesmíssimos problemas já citados se acumularam diante de gestões desinteressadas ou emburrecidas, na maioria dos casos.

Cuiabá, tirando uma outra gestão, foi um descuido só. Já que a qualidade de vida piorou muito pra todo mundo, o viver ficou muitoruim numa cidade quentíssima. Os poucos parques urbanos são uma vergonha e poderiam desafogar os bolixos e botecos de fim de semana que surgem como a única alternativa de lazer das populações nas periferias.

Quero contar um episódio. Na semana passada estava em Brasília e caminhei em dois parques públicos. O que mais me impressionou foi no de Águas Claras. Localizado numa área de antigas chácaras é bem arborizado e muito bem estruturado.

Banheiros limpos, bebedouros de água gelada próximos uns dos outros, segurança, parque de equipamentos para exercícios, limpeza e gente para zelar. Comparei com o Parque Mãe Bonifácia. Uma vergonha!

Caminho no Parque da Saúde, no Coxipó, outra vergonha! Fiquei pensando se os brasilienses pagam mais impostos do que nós cuiabanos, ou se o dinheiro de lá vale mais do que o daqui.

Outras cidades onde tenho estado, me deixam com vergonha de Cuiabá em quase tudo. Não só nos parques públicos.

Essa qualidade de vida que a classe média encontra nos condomínios e edifícios de luxo, e nos shopping centers, não alcança os trabalhadores dos bairros e suas famílias. Enquanto vigorar essa visão

burra de que tudo se resume a votos em eleições, e que só obras físicas de pontes, estradas e prédios significam eficiência pública, a qualidade de vida vai piorar.

Exemplos de qualidade de vida não faltam. Basta querer!

A população que pagaimpostos agradece!

ONOFRE RIBEIRO é jornalista em Mato Grosso.
onofreribeiro@terra.com.br

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