Francisca Romana Giacometti Paris - frgparis@editorasaraiva.com.br
Pedagoga, mestra em Educação e diretora de serviços
educacionais do Ético Sistema de Ensino, da Editora Saraiva.
A imagem do educador como um profissional capaz de produzir
cenários onde a aprendizagem se desenvolva ilustra bem a mudança no papel dos
professores, ao longo das últimas décadas. Entre as competências do bem
ensinar, está certamente a de criar um ambiente estimulante no qual crianças e
jovens possam encontrar sua rota de aprendizagem, construam seu percurso de
aprendizes, cresçam.
Se pensarmos bem, a imagem da construção do cenário também se
refere diretamente ao trabalho dos gestores. O diretor, o coordenador, enfim,
os líderes educacionais, devem, cada vez mais, ser capazes de entrever e
construir os cenários do seu projeto de escola.
Pode-se pensar nesse papel de duas diferentes perspectivas.
Uma delas é o contexto imediato, próximo. Liderando equipes complexas, em que
atuem diversos profissionais com diferentes personalidades e formas de
trabalhar, os gestores precisam ser capazes de articular um relacionamento
produtivo. Isso implica, por exemplo, a construção de um ambiente de trabalho
que concilie criatividade e disciplina, espaço de valorização do mérito de cada
um e resultado do grupo. Ser capaz de organizar a cena profissional é uma
habilidade importante para o gestor contemporâneo que precisa ser desenvolvida.
Há, porém, cenários maiores do que esse: um deles é o grande
palco das mudanças da sociedade contemporânea. Se é imprescindível olhar para
dentro, com atenção e critério para o que acontece na escola – nossa área de
influência mais próxima –, é igualmente importante olhar para fora, ou seja,
tentar compreender o que se passa no mundo. Se há algo que caracteriza nossa
época é a volatilidade dos conceitos.
Muitas vezes, presos aos afazeres cotidianos, os gestores se
esquecem de olhar para mudanças importantes, grandes reorientações que mais
cedo do que parece chegarão ao ambiente escolar. Estamos falando de tecnologia?
Sim, mas não só disso. Há mudanças demográficas, econômicas, culturais e
comportamentais que certamente chegarão à escola e irão interferir nos
negócios. Saber entender esses movimentos permite ao gestor se preparar para o
que virá.
São muitos os exemplos: em alguns lugares, pode ser a
melhoria da escola pública, que repentinamente rouba os clientes da rede
particular; em outros, podem ser movimentos migratórios internos, como a fuga
das metrópoles. Enfim, não há uma regra; o que sabemos, com certeza, é que as
mudanças se sucedem com incrível velocidade e a vitalidade dos negócios cada
vez mais dependerá de nossa capacidade de adaptação aos novos contextos.
Por isso, ser líder hoje implica ser sensível aos sinais dos
tempos. É preciso saber ler nas entrelinhas, buscar compreender as tendências,
antecipar-se, quanto mais possível, às curvas da história – essa estrada cada
vez mais veloz.
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