sexta-feira, 13 de abril de 2012

Feminismo

Ana Emília


A partir da revolução francesa que surgiu do movimento feminista, quando em 1789 algumas mulheres se encorajaram e denunciaram a sujeição em que eram mantidas e que se manifestava nas esferas jurídica, política, econômica, educacional e pessoal, essas atitude desencadeou uma convulsão social que pôs a prova o sistema político e social, vigente na França e no resto do Ocidente.

A escritora e militante feminista Olympe de Gouges redigira um projeto de declaração dos direitos da mulher, inspirada nas idéias poéticas e filosóficas do Marquês de Condorcet, enquanto os revolucionários proclamavam uma declaração dos direitos do homem e do cidadão. As francesas criaram inúmeros clubes de ativistas femininas e participaram ativamente da vida política desde o início da revolução. Em 1792, encabeçada por Etta Palm, uma delegação foi até a Assembleia para exigir que as mulheres tivessem acesso ao serviço público e às forças armadas; essa exigência não foi atendida e o movimento feminino foi suprimido pelo presidente do Comitê de Salvação Pública que proibiu as mulheres se associassem a clubes, e o projeto de igualdade política de ambos os sexos foi arquivado.

Em 1848, a França conheceu nova revolução e, como a anterior, sacudiu as bases da ordem estabelecida e mais uma vez os clubes feministas proliferaram no país. As mulheres agora reivindicavam não só a igualdade jurídica e o direito a voto, mas também a equiparação de salários. Essas novas exigências se explicavam pelas transformações da sociedade européia da época, que com a crescente industrialização, as mulheres dos meados do século XIX foram cada vez mais abandonando seus lares para empregarem-se como assalariadas nas indústrias e oficinas. Iniciava-se, assim, a dura realidade da mulher no mercado de trabalho: se os operários da época já eram mal remunerados, as mulheres recebiam menos ainda. Era mais vantajoso dar emprego às mulheres que aos homens, e, assim, estes últimos viram-se envolvidos em uma desleal concorrência com o sexo oposto e como conseqüência dessa resistência surgiram movimentos de oposição ao trabalho feminino.

Nesse panorama, despontam dois fenômenos importantes: o primeiro, a partir do momento em que as mulheres se mostraram capazes de contribuir para o sustento de suas famílias, não foi mais possível tratá-las apenas como donas-de-casa ou objetos de prazer; e o segundo, as difíceis condições de trabalho impostas às mulheres conduziram-nas a reivindicações que coincidiam com as da classe operária em geral. É, a partir, dessa época que data a união entre a relação do feminismo com os movimentos de esquerda.

A bióloga e zoóloga Berta Lutz foi a principal líder do movimento feminista brasileiro, quando em 1922, fundou a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, essa organização tinha entre suas reivindicações o direito de voto, o da escolha de domicílio e o de trabalho, independentemente da autorização do marido. Nuta Bartlett James, outra importante líder feminina participou das lutas políticas do país na década de 1930 e foi uma das fundadoras da União Democrática Nacional (UDN). Com advento da pílula anticoncepcional, na década de 1960, permitiu uma libertação dos comportamentos sexuais antes restritos à monogamia e às relações matrimoniais, paralelamente, o meio intelectual também passou a se voltar para a essa questão com a difusão de livros de autoras que se interessavam em desconstruir o papel da mulher na sociedade.

As intervenções dos movimentos feministas têm contribuído significativamente para o reconhecimento da diversidade quando da elaboração das políticas públicas e da organização do Estado. O feminismo propõe um projeto de sociedade alternativa e coloca como objetivo uma transformação profunda, da ordem patriarcal e de seu poder regulador, em nome de princípios de igualdade, de equidade de gêneros e de justiça social.

Ana Emilia Iponema Brasil Sotero é professora, advogada, doutoranda em Ciências Jurídicas e Sociais, palestrante sobre violência de gênero, presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher de Mato Grosso e escreve exclusivamente para este blog toda sexta-feira - soteroanaemilia@gmail.com - http://facebook.com/AnaEmiliaBrasil

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