quinta-feira, 17 de maio de 2012

Juventude e trabalho

Entendo que para a inserção integral do jovem no mercado de trabalho a educação tem papel fundamental. Por isso, insistimos na reivindicação da garantia de um ensino “universal, público, gratuito e de qualidade” e na ampliação da formação profissional


ANA FLÁVIA


"Há tempos são os jovens que adoecem" [Legião Urbana]

Em meio as comemorações do mês em que se festeja o "Dia Internacional do Trabalho", data instituída pela Internacional Socialista, em 1889, em homenagem aos trabalhadores assassinados pela polícia da cidade de Chicago (EUA), quando manifestavam em favor da redução da jornada e por melhores condições de trabalho, é importante uma reflexão sobre as atuais condições de trabalho, em especial da juventude, parcela que representa mais de 30% da População Economicamente Ativa (PEA).

Segundo a OIT (Organização Internacional do Trabalho), em todo o mundo há 75 milhões de jovens sem emprego, sendo que a taxa de desemprego entre os jovens é o triplo da verificada entre os adultos. Além disso, eles representam quase 40% do total de pessoas sem ocupação.

Quanto ao ingresso dos jovens no mercado de trabalho, ele está intimamente relacionado com a condição social: os jovens que vem das camadas populares começam a trabalhar antes mesmo da idade permitida por lei (16 anos e de 14 a 15 na condição de aprendiz), sem mesmo ter completado o ensino fundamental. Já os de renda mais elevada, iniciam após os 18 anos, normalmente após já ter concluído o nível escolar médio. Além disso, os primeiros geralmente vão exercer os chamados “trabalhos não protegidos” (sem carteira assinada, com jornada de trabalho excessiva, em horário incompatível com os estudos, etc.).

Tal situação desfavorável também é vivenciada pelas jovens mulheres, por pessoas negras (de ambos os sexos), por pessoas portadoras de deficiência e pertencentes ao grupo LGBT.

Assim, infelizmente para a juventude, o mundo do trabalho ainda é muito desfavorável: somos cerca de 40% do total de desempregados; os primeiros a serem demitidos em momentos de crise; somos expostos à precarização e recebemos os piores salários. Também somos as principais vítimas dos assédios moral e sexual. Se negros, essas condições desfavoráveis são ainda mais intensas. Ainda sem experiência profissional, alcançar o primeiro emprego é algo muito complicado.

Outros fatores ligados ao “mundo” juvenil, tais como o linguajar, uso de piercing, tatuagens, corte e cor do cabelo, etc., também são fatores discriminatórios e que dificultam ao jovem alcançar um posto de trabalho.

Estudos têm mostrado que a falta de emprego gera uma série de transtornos para a juventude. Segundo Pesquisa realizada por Sarriera e Verdin (1996), jovens desempregados apresentam menor nível de bem-estar psicológico, devido a um sentimento de "vazio" e impotência frente às dificuldades de inserção no mercado de trabalho, que os desmotiva, privando-os de atitudes mais positivas e perseverantes na busca do mesmo.

Entendo que para a inserção integral do jovem no mercado de trabalho a educação tem papel fundamental. Por isso, insistimos na reivindicação da garantia de um ensino “universal, público, gratuito e de qualidade” e na ampliação da formação profissional e tecnológica.

A disponibilização de linhas de créditos para financiar empreendimentos específicos da juventude, seja individual ou cooperativo, é outra necessidade, visando garantir trabalho autônomo e renda.

Entretanto, talvez o maior desafio a ser perseguido é o de implementar políticas públicas que possibilitem ao jovem compatibilizar trabalho, estudo e vida social. Afinal, o trabalho não pode causar prejuízos que impeça a elevação da escolaridade e qualificação profissional da juventude.

(*) ANA FLÁVIA é estudante de Serviço Social da UFMT, presidente estadual da União da Juventude Socialista – UJS/MT, vice-presidente do PCdoB de Cuiabá, foi candidata de deputada federal em 2010, alcançando 23.718 votos.

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