segunda-feira, 14 de maio de 2012

Você trabalha com um psicopata? Reconheça os sinais e evite problemas

Katia Deutner
Do UOL, em São Paulo

Stefan/UOL


Não tente armar um flagrante para pegar um psicopata; o melhor a fazer é se manter distante dele

Seu chefe tem medo de ser superado? Saiba como contornar essa situação Descubra se você leva os problemas certos para o seu chefe Conheça dez atitudes que ajudam você a se desenvolver profissionalmente Difícil encontrar alguém que não tenha uma história para contar de um chefe ou colega mau-caráter. O fato é que psicopatas corporativos são muito mais comuns do que se imagina. Só que não é fácil identificá-los. "Eles são carismáticos, inteligentes, manipuladores e mentem sem o menor constrangimento. Uma pessoa pode conviver anos com um psicopata sem se dar conta disso", explica a psicóloga Miriam Barros, especialista em coaching.

Geralmente, quando os psicopatas são percebidos, já causaram danos ao ambiente de trabalho, deixando funcionários amedrontados, com autoestima baixa e sem coragem de dar um basta. "Uma característica marcante nos psicopatas é provocar piedade nas pessoas. Eles fazem um jogo no qual todos são levados a sentir pena deles. É uma forma de manipulação que apela para a solidariedade. São autoconfiantes e arrogantes em excesso."

Mas não é todo mundo com essas características que se encaixam no perfil. Há quem tenha o hábito de se vitimizar ou mania de perseguição, por exemplo. "Ou, ainda, não se compromete com o trabalho e, com os eventuais resultados de insucesso que obtém, busca responsabilizar outros ou desfocar suas fragilidades acusando as falhas alheias", diz a coach e psicóloga corporativa Marcia Belmiro. Esse comportamento, apesar de anti-ético, não significa que se trata de um psicopata. Aliás, não caberá a você diagnosticar o problema. Mas dá para se prevenir.

De onde surge
Há uma controvérsia sobre a questão de um psicopata corporativo ter nascido assim, ter se transformado em um ou ser uma mistura dos dois. A ideia de que é uma combinação de genes, biologia e ambiente que produz a síndrome tem um grande alcance. "Esta é uma condição para a vida toda. É um distúrbio de personalidade; dessa forma, características são apresentadas constantemente por todos os aspectos da vida", exemplifica o psicólogo John Clarke, autor do livro "Trabalhando com Monstros" (Ed. Fundamento).

Pessoas assim, segundo o autor, não são loucas, são essencialmente más. "Estão cientes dos efeitos que seus comportamentos têm em outros ao redor, mas simplesmente não se importam. Pior: muitos psicopatas gostam do sofrimento alheio", comenta.

A má notícia é que não há cura ou reabilitação. "Poucos estudos examinaram psicopatas corporativos, porém os de criminosos psicopatas violentos sugerem que programas de reabilitação podem tornar o problema maior. Novas habilidades sociais são desenvolvidas e usadas para manipular as pessoas de forma mais eficaz", diz o autor John Clarke. O melhor mesmo, depois de identificá-lo, é controlar seu comportamento.

Como agir se ele for...
SEU CHEFESEU COLEGASEU FUNCIONÁRIONão o ameace. Crie pontos de convergência ou de interesses mútuos. "Uma forma de lidar é ser político, pois não adianta bater de frente nem discutir", afirma Miriam Barros. Agora, se em algum momento ele ultrapassar os limites da ética e não estiver endossando suas ações para te prejudicar, talvez seja a hora de procurar os superiores desse chefe (se você tiver certeza e provas do comportamento dela), pedir uma transferência para outro setor ou buscar um novo trabalho. "Só não saia por aí acusando pessoas de serem psicopatas porque cobraram qualidade no trabalho, excelência de atuação, pontualidade de entrega etc.", diz a psicóloga corporativa Marcia Belmiro, especialista em coaching.

Não é uma boa testar os colegas de trabalho. "Os psicopatas são muito espertos e perceberão o que você está tentando fazer", afirma Miriam Barros. O melhor mesmo é se afastar e evitar confrontos. Registre tudo o que acontece por escrito, guarde e-mails e de forma nenhuma encubra ou termine um trabalho dele. "Isso pode ser facilmente usado contra você, visto que o psicopata é perito em culpar outras pessoas", afirma John Clarke. Alertar os superiores só funciona se você tiver provas concretas do que diz, apontando e provando trapaças, mentiras ou maldades. "Mesmo que tenha essas provas, procure alguém da sua confiança dentro da empresa e converse sobre isso", afirma Miriam. Mas tome cuidado, pois comentar com colegas pode ser perigoso. "Não o faça enquanto não souber quem continua hipnotizado com seus bons modos, elegância, gentileza e educação", diz Marcia Belmiro.

Há chefes que lidam com funcionários psicopatas corporativos e isso é tão difícil quanto estar em outras posições hierárquicas. "Mesmo reconhecido, em vez de procurar mudar, ele fingirá que o fez, enquanto tentará prejudicar a reputação do chefe da maneira que puder", diz John Clarke. O ideal é tomar a mesma atitude em qualquer um dos casos: manter registros por escrito e garantir que os canais de comunicação com todos os colegas de trabalho estejam abertos e sejam honestos. Nunca testar ou tentar fisgá-lo em uma armadilha: os psicopatas são espertos demais e você pode se dar mal.
Fique de olho nas características de um psicopata corporativo:
- Humilha pessoas em público, tem ataques de raiva ou ridiculariza deficiências.

- Espalha mentiras para depreciar a reputação de pessoas da organização.

- Não demonstra culpa por seu comportamento.

- Mente frequentemente ou cria regras que não existem na empresa.

- Muda rapidamente de emoções para manipular situações ou causar medo.

- Assume o crédito pelo trabalho desempenhado por outra pessoa.

- Ameaça demissões ou medidas que prejudiquem a imagem profissional como forma de intimidação.

- Estabelece metas inalcançáveis para que empregados falhem e sejam punidos.

- Invade a privacidade de outros vasculhando e-mails, arquivos e conteúdo da mesa.

- Tem encontros sexuais múltiplos com empregados de todos os níveis hierárquicos.

- É narcisista. Fala de si mesmo, age com presunção e acredita que o mundo gira ao seu redor.

- Ignora uma pessoa para isolá-la, fazendo a vítima se sentir excluída e vulnerável.

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