quinta-feira, 11 de outubro de 2012

O papel da família na educação dos filhos

Ana Emília 

No última terça-feira, 31 de julho, a convite da secretaria municipal de Educação de Nova Mutum, tive a oportunidade de falar para 600 professoras e professores daquela rede municipal de ensino. O assunto que me coube explanar foi "O Papel da Família na Educação das Filhas e Filho", tema que me deixou extremamente feliz, pois demonstra a preocupação dos docentes com o envolvimento da família para uma educação integral de nossas crianças e adolescentes. Transcrevo minha palestra naquela oportunidade.
"A educação precisa acontecer no contexto familiar. É aí que os conceitos e valores são transmitidos de pais para filhos e ao contexto escolar cabe ampliar essas ações iniciadas na família. Quanto aos aspectos emocionais é muito importante o equilíbrio do ambiente familiar no comportamento das crianças e adolescentes. A família fornece a matriz dentro da qual o indivíduo é moldado e se desenvolve; é o cerne para que ligações emocionais mais fortes sejam formadas. É o primeiro grupo dinâmico ao qual a criança é exposta e, nele, ela tem suas primeiras experiências e transações interpessoais.

Diante de várias mudanças ocorridas na sociedade, com tantas informações e avanços tecnológicos, é possível observar também uma inversão de papéis e valores, em que a família ganha uma nova configuração, a mulher conquista cada vez mais seu lugar no mercado de trabalho, a criança também muda e consequentemente a escola e sua clientela. Mães e pais reagem diante dessas mudanças protegendo excessivamente seus filhos e filhas em vez de cultivar suas aptidões. Passam pouco tempo com as filhas e filhos e a educação oferecida muitas vezes é repleta de proteção, e esta nova configuração de família acaba por atribuir à escola o papel de educar.

Filhas e filhos necessitam de limites, da firmeza vinda de um “não”, isto é que vai lhes proporcionar facilidade ao lidar com a frustração, inerente a todas as pessoas em todo o decurso da vida. Colocando tarefas e os limites para os filhos e filhas quanto ao dinheiro, ao tempo, o respeito ao próximo, é necessário que os pais observem suas próprias posturas, uma vez que a criança aprende pelo modelo do adulto, e as atitudes valem mais que palavras. Quando algo não vai bem na esfera familiar, os sintomas aparecem na escola, tais como dificuldades de leitura, de aprendizagem; dificuldades em disciplina e na participação em grupos. Um lar desestruturado, sem limites, sem condições básicas, atrapalha o desenvolvimento escolar da criança.

Existindo um conflito emocional, a criança apresenta em seu corpo e comportamento aquilo que não está podendo ser dito em palavras. Quando algo não vai bem em sua casa, quando a estrutura familiar não possibilita harmonia, ou quando mães e pais não se interessam pelo que seu filho e sua filha fazem, o reflexo disso aparecerá na atividade escolar. É fundamental para um desenvolvimento emocional e social saudável de meninas e meninos, a parceira entre família e escola desde que cada um desempenhe seu papel com eficácia e seriedade.

Quando iniciarmos em nossos lares e escolas a equidade de gêneros, com uma educação não sexista, não homofóbica, não preconceituosa, não machista e não racista, explorando, debatendo e construindo a idéia e o sentimento de que as pessoas são mesmo diferentes entre si e que a diferença deve ser cultivada e respeitada, a violência que hoje vivenciamos será erradicada e mudanças de mentalidade e de comportamento ocorrerão”.

Ana Emilia Iponema Brasil Sotero é professora, advogada, doutoranda em Ciências Jurídicas e Sociais, palestrante sobre violência de gênero, presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher de Mato Grosso e escreve exclusivamente para este blog toda sexta-feira - soteroanaemilia@gmail.com - http://facebook.com/AnaEmiliaBrasil

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