No
última terça-feira, 31 de julho, a convite da secretaria municipal de Educação
de Nova Mutum, tive a oportunidade de falar para 600 professoras e professores
daquela rede municipal de ensino. O assunto que me coube explanar foi "O
Papel da Família na Educação das Filhas e Filho", tema que me deixou
extremamente feliz, pois demonstra a preocupação dos docentes com o
envolvimento da família para uma educação integral de nossas crianças e
adolescentes. Transcrevo minha palestra naquela oportunidade.
"A educação
precisa acontecer no contexto familiar. É aí que os conceitos e valores são
transmitidos de pais para filhos e ao contexto escolar cabe ampliar essas ações
iniciadas na família. Quanto aos aspectos emocionais é muito importante o
equilíbrio do ambiente familiar no comportamento das crianças e adolescentes. A
família fornece a matriz dentro da qual o indivíduo é moldado e se desenvolve;
é o cerne para que ligações emocionais mais fortes sejam formadas. É o primeiro
grupo dinâmico ao qual a criança é exposta e, nele, ela tem suas primeiras
experiências e transações interpessoais.
Diante de várias
mudanças ocorridas na sociedade, com tantas informações e avanços tecnológicos,
é possível observar também uma inversão de papéis e valores, em que a família
ganha uma nova configuração, a mulher conquista cada vez mais seu lugar no mercado
de trabalho, a criança também muda e consequentemente a escola e sua clientela.
Mães e pais reagem diante dessas mudanças protegendo excessivamente seus filhos
e filhas em vez de cultivar suas aptidões. Passam pouco tempo com as filhas e
filhos e a educação oferecida muitas vezes é repleta de proteção, e esta nova
configuração de família acaba por atribuir à escola o papel de educar.
Filhas e filhos
necessitam de limites, da firmeza vinda de um “não”, isto é que vai lhes
proporcionar facilidade ao lidar com a frustração, inerente a todas as pessoas
em todo o decurso da vida. Colocando tarefas e os limites para os filhos e
filhas quanto ao dinheiro, ao tempo, o respeito ao próximo, é necessário que os
pais observem suas próprias posturas, uma vez que a criança aprende pelo modelo
do adulto, e as atitudes valem mais que palavras. Quando algo não vai bem na
esfera familiar, os sintomas aparecem na escola, tais como dificuldades de
leitura, de aprendizagem; dificuldades em disciplina e na participação em grupos.
Um lar desestruturado, sem limites, sem condições básicas, atrapalha o
desenvolvimento escolar da criança.
Existindo um
conflito emocional, a criança apresenta em seu corpo e comportamento aquilo que
não está podendo ser dito em palavras. Quando algo não vai bem em sua casa,
quando a estrutura familiar não possibilita harmonia, ou quando mães e pais não
se interessam pelo que seu filho e sua filha fazem, o reflexo disso aparecerá
na atividade escolar. É fundamental para um desenvolvimento emocional e social
saudável de meninas e meninos, a parceira entre família e escola desde que cada
um desempenhe seu papel com eficácia e seriedade.
Quando iniciarmos
em nossos lares e escolas a equidade de gêneros, com uma educação não sexista,
não homofóbica, não preconceituosa, não machista e não racista, explorando,
debatendo e construindo a idéia e o sentimento de que as pessoas são mesmo
diferentes entre si e que a diferença deve ser cultivada e respeitada, a
violência que hoje vivenciamos será erradicada e mudanças de mentalidade e de
comportamento ocorrerão”.
Ana Emilia Iponema
Brasil Sotero é professora, advogada, doutoranda em Ciências Jurídicas e
Sociais, palestrante sobre violência de gênero, presidente do Conselho Estadual
dos Direitos da Mulher de Mato Grosso e escreve exclusivamente para este blog
toda sexta-feira - soteroanaemilia@gmail.com -
http://facebook.com/AnaEmiliaBrasil
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