quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Olimpíadas e respeito

Ines Martins

A técnica da Seleção Feminina de Judô do Brasil, Rosicléia Campos, se emocionou no domingo ao desabafar sobre as críticas que os judocas brasileiros receberam ao longo dos Jogos Olímpicos de Londres e nos últimos anos, durante a preparação. Segundo ela, "o povo é ignorante" e faz criticas aos atletas sem conhecer o "trabalho". Ao sentir o choro da atleta, concluí que entre os destaques desta semana, particularmente, considerei mais saudável e relevante nos inspirarmos nos resultados das Olimpíadas. Dependendo da ótica de cada um, algum aprendizado positivo há de ficar dessa experiência, como, por exemplo, o de como podemos ser melhores, tanto como seres únicos que somos, mas também como cidadāos que devemos pensar no coletivo.
É muito triste para a gente ler depoimento de brasileiros que não sabem do que estão falando. Nosso país é um sem passado. Fica a dica: criticar sem propriedade é feio. Isso é coisa de ignorante, no sentido de ignorar o trabalho.

Já que estamos em periodo eleitoral, vai aqui entāo uma reivindicaçāo pública. Vamos investir mais, nos esportes e em outras áreas afins. Acredito que o investimento que se poderá fazer no turismo, na cultura, no esporte e no lazer, com muita seriedade e dever social, deve ser bem menor do que os gastos que o poder público tem tido na tentativa de conter a violência e agressividade do “pequeno” (?) infrator. Por isso, o choro dos atletas e o testemunho sem camuflagem nos mostra que além da emoção também ė visível a dor por disputarem com outros atletas que encontram em seus países de origem muito, muito mais incentivos do que eles encontram aqui.

Esse parâmentro eu faco com os países grandes, nao apenas no tamanho, mas na grandeza que têm em valorizar seus atletas. Agora, assistindo e vendo os resultados das Olimpíadas, me sinto certa de que podemos sim tirar boas lições desse megaevento. O que deu certo? O que deu errado? Como poderemos usar os benefícios estruturais que a realizacao da Copa-2014 está trazendo para a nossa cidade, de forma a darmos o maior proveito do bem público para o bem de todos?

Depois das críticas, Rosicleia chorou e lembrou os "sacrifícios" feitos por treinadores e atletas. "Só tenho o que agradecer, sou uma pessoa abençoada. Estou muito feliz de fazer parte desse grupo, dessa história. Por isso, minha revolta anterior. As pessoas que me criticam não sabem a cota de sacrifício. Fiz disso aqui uma razão de viver, meu marido e meus pais são todos cúmplices.” Eu, então, concluo dizendo que todos nós cidadāos também podemos ser cúmplices em desejarmos ter, uma cidade, um Estado, enfim, um país onde se possa usufruir de fato, do direito sagrado de ir e vir, sem termos que ostentar na face e nos olhos o medo de morrermos por nada. Pois a vida e o choro da Rosicleia pede muito mais…pede respeito.

Inês Martins é produtora cultura, escritora, autora do concurso literário "Casos Lembrados, Casos Contados", direcionado às pessoas com idade acima de 60, poetiza, palestrante da maturidade, vovó blogueira e escreve exclusivamente neste espaço toda quarta-feira - www.vovoantenada.com.br)

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