A
técnica da Seleção Feminina de Judô do Brasil, Rosicléia Campos, se emocionou
no domingo ao desabafar sobre as críticas que os judocas brasileiros receberam
ao longo dos Jogos Olímpicos de Londres e nos últimos anos, durante a
preparação. Segundo ela, "o povo é ignorante" e faz criticas aos
atletas sem conhecer o "trabalho". Ao sentir o choro da atleta,
concluí que entre os destaques desta semana, particularmente, considerei mais
saudável e relevante nos inspirarmos nos resultados das Olimpíadas. Dependendo
da ótica de cada um, algum aprendizado positivo há de ficar dessa experiência,
como, por exemplo, o de como podemos ser melhores, tanto como seres únicos que
somos, mas também como cidadāos que devemos pensar no coletivo.
É muito triste para
a gente ler depoimento de brasileiros que não sabem do que estão falando. Nosso
país é um sem passado. Fica a dica: criticar sem propriedade é feio. Isso é
coisa de ignorante, no sentido de ignorar o trabalho.
Já que estamos em
periodo eleitoral, vai aqui entāo uma reivindicaçāo pública. Vamos investir
mais, nos esportes e em outras áreas afins. Acredito que o investimento que se
poderá fazer no turismo, na cultura, no esporte e no lazer, com muita seriedade
e dever social, deve ser bem menor do que os gastos que o poder público tem
tido na tentativa de conter a violência e agressividade do “pequeno” (?)
infrator. Por isso, o choro dos atletas e o testemunho sem camuflagem nos
mostra que além da emoção também ė visível a dor por disputarem com outros
atletas que encontram em seus países de origem muito, muito mais incentivos do
que eles encontram aqui.
Esse parâmentro eu
faco com os países grandes, nao apenas no tamanho, mas na grandeza que têm em
valorizar seus atletas. Agora, assistindo e vendo os resultados das Olimpíadas,
me sinto certa de que podemos sim tirar boas lições desse megaevento. O que deu
certo? O que deu errado? Como poderemos usar os benefícios estruturais que a
realizacao da Copa-2014 está trazendo para a nossa cidade, de forma a darmos o
maior proveito do bem público para o bem de todos?
Depois das
críticas, Rosicleia chorou e lembrou os "sacrifícios" feitos por
treinadores e atletas. "Só tenho o que agradecer, sou uma pessoa
abençoada. Estou muito feliz de fazer parte desse grupo, dessa história. Por isso,
minha revolta anterior. As pessoas que me criticam não sabem a cota de
sacrifício. Fiz disso aqui uma razão de viver, meu marido e meus pais são todos
cúmplices.” Eu, então, concluo dizendo que todos nós cidadāos também podemos
ser cúmplices em desejarmos ter, uma cidade, um Estado, enfim, um país onde se
possa usufruir de fato, do direito sagrado de ir e vir, sem termos que ostentar
na face e nos olhos o medo de morrermos por nada. Pois a vida e o choro da
Rosicleia pede muito mais…pede respeito.
Inês Martins é
produtora cultura, escritora, autora do concurso literário "Casos
Lembrados, Casos Contados", direcionado às pessoas com idade acima de 60,
poetiza, palestrante da maturidade, vovó blogueira e escreve exclusivamente
neste espaço toda quarta-feira - www.vovoantenada.com.br)
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