segunda-feira, 12 de agosto de 2013

O papel do pai na educação e na orientação profissional dos adolescentes

Leticia Bechara - leticia.bechara@trevisan.edu.br
Mestre em educação e coordenadora do vestibular da Trevisan Escola de Negócios.

Quando pensamos nos caminhos da escolha profissional, a primeira ideia é o impacto e a força da família na influência da orientação profissional.

Em matéria de educação, o modelo familiar é o primeiro contato das crianças com padrões da cultura. A partir desse modelo que a criança estabelece suas ideias e conceitos sobre o mundo. As experiências escolares, o convívio com amigos e familiares, vai formando na crianças as primeiras impressões sobre o trabalho e realização profissional.

Nesse sentido, quando pensamos sobre a escolha da profissão durante o crescimento dos filhos, são esses modelos que a criança vai se familiarizando e formando suas impressões.

Escolher a profissão então primeiramente passa pela experiência profissional dos pais.

Atualmente, na maioria das famílias, ambos pais trabalham, e durante os momentos juntos, discutem e comentam sobre o ambiente profissional. São essas manifestações que muitas vezes os pais nem se dão conta do impacto que fazem na mente e na formação dos “futuros profissionais”.

A figura paterna, no entanto, exerce uma influência diferente na formação desse conceito. A mãe, além do trabalho externo, ainda acumula o cuidado com a casa e a manutenção do bom andamento da família, cuidando das refeições e das tarefas diárias. O pai sai cedo, passa o dia fora, e pela própria natureza masculina, envolve-se menos nos detalhes do dia a dia.
Para crianças com idade entre 8-9 anos, o pai é visto como um herói, capaz de tudo e de todas as coisas: joga de futebol, constrói pipas, pode consertar a bicicleta ou a torneira, troca lâmpadas, faz tudo e ainda trabalha!

Pense nesse exemplo: a noção que uma criança nessa faixa etária tem, em relação ao dinheiro, basicamente se resume ao que podem ver (a parte concreta da operação: notas na carteira, cheque, etc). É comum ouvirmos uma conversa assim:
- Pai, compra?
- Não dá filho, tô sem dinheiro.
- Passa o cartão!
Como se fosse mágico e nunca precisasse ser pago!

Assim a noção é construída a partir do concreto para o abstrato, pensar na profissão do pai nessa fase da vida, geralmente tem o significado: o meu pai é o melhor. A empresa que ele trabalha é ótima! Dá presente no dia das crianças e no Natal! E o trabalho dele, é demais! Muito importante. Quero ser como ele!
Meu filho, nessa fase, fez o seguinte comentário ao ouvir a explicação do pai sobre a atuação profissional de administrador. “Meu pai é negociador e eu quero ser como ele!”

Entretanto, conforme vão amadurecendo, essa concepção vai se tornando mais ampla e abstrata, e assim como a noção do dinheiro, a noção do trabalho vai se tornando mais realística e às vezes decepcionante...
Na adolescência, tudo é questionado pelos filhos que já percebem a motivação real das atividades, e muitos já tiram suas próprias conclusões: “Não quero a vida do meu pai para mim. O telefone dele não pára. Ele fica à disposição dos clientes e esquece da família.” Esse é um tipo de comentário que com certeza você já ouviu alguma vez.

Daí a importância do diálogo e envolvimento da família no momento de conversar sobre carreiras e escolhas profissionais. Eles vão observando os pais dos colegas, comparando as profissões, os salários, as atividades e vão formando suas opiniões.

Os pais podem e devem compartilhar suas experiências profissionais com os filhos, destacando pontos fortes e fracos de suas escolhas. Não devem sobrecarregá-los com as frustrações que tiveram ao longo de sua formação e carreira, depositando neles todos seus próprios sonhos. Devem orientá-los e permitir que façam suas próprias escolhas e arquem com as responsabilidades.

As primeiras entrevistas de emprego, os processos seletivos, podem ser compartilhados, comparados e vivenciados por todos da família, assim os laços se fortalecem e o legado da experiência realmente pode passar “de pai para filho”.

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