terça-feira, 27 de agosto de 2013

O poder da escrita

Lair Ribeiro


Uma das contribuições dos sumérios para o desenvolvimento da Humanidade foi o

seu sistema de escrita: uma série de pictogramas (pequenos desenhos) faziam referência aos 

conceitos que pretendiam ser transmitidos. Daí se desenvolveu o conceito de ideograma, 

seguido pelo uso de sinais arbitrários para palavras e elementos fonéticos ou de símbolos 

que representavam o som de uma palavra ou de parte dela. Na China, os ideogramas 

proliferaram e foram padronizados. Em outras civilizações, os sinais fonéticos foram os 

únicos mantidos, a exemplo dos fenícios

que usamos hoje.

 Desde então, a escrita vem sendo associada a civilização. A invenção, que 

convertia a palavra falada e tornava-a fixa e transmissível ao longo das gerações, era uma 

importante ferramenta, principalmente, para a árdua tarefa de administração dos Estados 

civilizados. A partir da escrita, o homem pôde organizar-se social e culturalmente. E foi 

além, pois, por meio da escrita, pôde criar e perpetuar sua identidade e deixar registrada na 

História a sua passagem.

Incorporada à existência do homem, a escrita nunca se tornou obsoleta. Ao 

contrário, torna-se cada vez mais importante para manter viva a essência humana. 

Hoje, com o uso de celulares,  notebooks, câmeras fotográficas digitais e internet, 

entre outros aparatos modernos, as distâncias se encurtarem e o tempo tem ficado mais 

escasso. Hoje, trabalha-se mais e vive-se menos, mas não em anos de vida, pois estes 

aumentaram. Atualmente, pessoas com 80, 90 e até 100 anos de idade caminham pelas ruas 

das grandes metrópoles; mas, meio século atrás, um indivíduo com 50 ou 60 anos de idade 

era considerado velho. 

Uma epidemia do mundo moderno é o estresse, cujos principais sintomas são 

fadiga e falta de memória. É cada vez mais freqüente encontrar pessoas entre 25 e 50 anos 

com lapsos de memória. Ao contrário do que muitos pensam, essas falhas nem sempre 

têm origem patológica. Distração, ansiedade, estresse, depressão e até mesmo bloqueios 

emocionais podem desencadear lapsos de memória. 

A memória divide-se em antiga e recente. A primeira é relacionada ao processo de 

aprendizagem, e a segunda, também chamada “memória de trabalho”, é ocupada por fatos 

do cotidiano, pouco relevantes para serem armazenados definitivamente. É importante 

saber que essa memória tem capacidade limitada; portanto, é preciso administrar bem o que 

é colocado nela para não sobrecarregá-la.

Apesar dos esforços da ciência, a melhor maneira de manter a memória afiada é 

a prevenção. Um dos recursos que podem e devem ser utilizados é a milenar técnica da 

1

, que desde 1000 a.C. davam forma ao alfabeto 

1 Povo de origem semita canaanita que se estabeleceu no país de Canaã por volta do 

sXXVIII a.C. Os fenícios foram os maiores navegadores e comerciantes da Antiguidade; 

atribui-se a eles a invenção do alfabeto fonético. (Dicionário Houaiss da Língua 

Portuguesa)

Escreva! Deixe tudo registrado. Tenha uma agenda. Anote todos os seus 

compromissos e tarefas diárias.  Você aliviará cérebro e se sentirá revigorado, pronto para 

assumir as tarefas mais importantes com eficácia e destreza.

Escrevendo, você também aprende a definir suas metas, traçar planos de ação 

e atingir seus objetivos. A partir do momento que você registra algo, seu cérebro se 

compromete e passa a atuar em prol da realização daquilo que foi registrado. Ao escrever 

um diário, por exemplo, você terá uma importante ferramenta para fazer  follow-up e 

verificar se está agindo no sentido certo ou se é preciso mudar alguma coisa. Colocar no 

papel a sua reação depois de conquistar um objetivo desejado também é um excelente meio 

de induzir o cérebro a buscar a repetição desse momento. Da mesma forma, extravasar, por 

meio da escrita, sentimentos como ódio, raiva, medo e rancor libera mente e coração de 

sensações ruins e prejudiciais. Portanto, escreva!

Lair Ribeiro 23/08/2013

Nenhum comentário:

Postar um comentário