Alimentação dos filhos deixou de ser da família para ser do governo
A alimentação de uma grande parte dos estudantes brasileiros deixou de ser propriamente da família e passou para as mãos do governo. A afirmação é do presidente da Federação Nacional das Empresas de Refeições Coletivas (Fenerc), Rogério da Costa Vieira, que esteve nesta terça-feira (5) em Curitiba.“A responsabilidade, antes da família, passou a ser dever do governo estadual e federal”, reforça.
Ele lembra o fato de que muitas crianças vão à escola principalmente com o objetivo de se alimentar. Apesar disso, ele aponta alguns dados positivos. “Em 20 anos, conseguimos diminuir o índice de desnutrição crônica de 20 para 7%”.
Para Vieira há um contraste nestes números ao verificar que entre as crianças de 5 a 9 anos de idade, 33% estão com sobrepeso. Entre este percentual, 14% sofrem de obesidade.
Este problema é apontado especialmente em relação à diferença da linguagem alimentar na escola pública, em que existe um programa de alimentação, e na particular, onde é comum o consumo de produtos com alto índice de gorduras, sal e açúcar, que além da obesidade podem causar hipertensão, colesterol elevado e diabetes.
Em relação a este fato, Vieira garante que no segmento, em nível nacional, aproximadamente 18 mil nutricionistas trabalham para balancear a alimentação de forma adequada. “Nós temos uma tríplice responsabilidade: nutrir, socializar e promover a educação escolar”, pondera.
Comum em instituições privadas, algumas escolas também da rede pública trabalham com o cultivo de hortas. Assim, os estudantes aprendem a valorizar e consumir alimentos naturais e saudáveis. Vieira sugere que dados recentes indicam um aumento no consumo de verduras e legumes nas escolas.
As empresas que são contratadas para servir na rede de ensino gastam entre R$ 2,80 e R$ 3,00 por refeição. O investimento em despesas varia em relação aos funcionários, gás, e outros gastos.
O presidente da Fenerc explicou que ao considerar as empresas de médio e grande porte no país, 18 disputam o mercado especificamente neste setor. São servidas aproximadamente 11 milhões de refeições ao dia.
Por outro lado, ao levar em conta crianças a partir de 1 ano a adolescentes de 15 anos, o número corresponde a 54 milhões, sendo seis milhões estudantes de escolas privadas. Vieira aponta uma grande preocupação da Fenerc em garantir o controle da qualidade de vida destes usuários.
O estado do Paraná é considerado um nicho importante para as empresas especializadas. “Existem as empresas com capacitação e aquelas que operam”, afirma o presidente. “Se a empresa almeja estar em grande porte no cenário nacional, o valor inicial de investimento gira em torno de 5 milhões de reais”, explica.
As companhias paranaenses servem um número próximo a 500 mil refeições diárias em instituições públicas e privadas, 5,5% do número total do país.
FÓRUM - Nos dias 19 e 20 de maio, no Centro de Convenções Rebouças, na capital paulista, a Fenerc promove o 7.º Fórum Nacional de Alimentação Escolar, com o tema “Socializando experiências eficazes na alimentação escolar”.
Entre os objetivos está compartilhar experiências positivas de merenda em escolas de todo o país, questão de educação e cidadania e a importância de hábitos alimentares saudáveis. A estimativa é receber a visita de 1.200 participantes, 30% a mais do que na edição anterior.
No primeiro dia haverá palestras e no segundo três oficinas para debates de temas específicos a partir de sugestões de participantes de edições anteriores, além de uma palestra magna interativa.
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