domingo, 21 de agosto de 2011

Professor, profissão achincalhada

Lenildo Santana

Os professores deveriam trabalhar menos e ganhar mais. Por isso, nos diversos artigos que já escrevi acerca da valorização dos professores, mencionei em vários deles que ser professor neste país é uma luta comparada com o episódio da batalha entre Davi e Golias (1 Samuel 17,1-58).

Acredito que os educadores que ainda sobrevivem a esta política educacional e salarial displicente resistem por vocação, por amor ao sacerdócio de ensinar. O salário é irrisório quando comparando a outras profissões. Caixas de banco, policiais, contadores... Diante desta disparidade no que tange à remuneração do professor não é de estranhar o motivo pelo qual os alunos dão preferência aos cursos tradicionais: direito, medicina, administração...

Infelizmente, ser professor neste país é pedir pra ser achincalhado tanto pelo governo como pela sociedade. Os educadores lutam para ter o controle de tudo, inclusive da autoestima. Eles recebem uma demanda de responsabilidades na sala de aula: fazem papel de pai, de psicólogo...

Eles exercem uma missão tão nobre: educam os jovens para a vida. São os profissionais que mais contribuem para a humanidade. São indispensáveis, porque ensinam os jovens a serem honestos, justos, éticos; previnem e conscientizam para não roubar, não corromper, não matar; instruem para não punir; educam para que eles não sentem no banco dos réus.

Mas são tão desvalorizados profissionalmente! O resultado dessa desvalorização educacional é o caos que a sociedade vive: relativismo da dignidade humana, perdas dos valores morais... O governo que não valoriza os professores fere e mata intelectualmente os jovens, retarda e asfixia o futuro da nação. Investir na educação é acreditar e esperar por uma sociedade, solidária e justa.

Além do desafio contínuo de manter o controle de tudo, inclusive da sala de aula. Os professores não têm limites claros com relação às horas necessárias para realizar seu trabalho. Eles levam grande parte desse trabalho para casa, o que torna difícil relaxar no final do dia ou de semana. Ficam expostos à crítica dos supervisores, dos pais, dos diretores, da mídia e dos políticos locais e nacionais.

Tem poucos recursos e oportunidades para realizar uma reciclagem regular e extensa. Pós-graduação: lato sensu/stricto sensu. Cobra-se que eles se mantenham atualizados com relação aos novos programas e progressos em suas disciplinas.

Na maioria das vezes têm pouca influência na organização escolar e na tomada de decisões. São afetados emocionalmente pelos sucessos e fracassos de seus alunos. E, talvez, acima de tudo, eles tenham seu próprio senso de padrões profissionais e sofram de frustrações provenientes do fato de não conseguirem atingir esses padrões.

Alem de tantas coisas que os professores aprenderam, penso que algo essencial deve ser a capacidade de rir, especialmente de si mesmo. A pessoa que consegue rir de si mesma sem embaraço ou autorrejeição demonstra que se conhece e se valoriza. Deus abençoe nossos educadores...

Lenildo Santana é padre da Diocese de Juína. Licenciado em Filosofia; bacharel em Teologia e pós-graduado em Comunicação Social PUC/SP. E-mail: lenildosantana@yahoo.com.br

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