domingo, 11 de setembro de 2011

Como humanizar a gramática na sala de aula

As aulas expositivas da gramática “nua e crua” tornam-se um tormento para os alunos. Muitos professores valem-se do argumento de que não há outra saída, os estudantes precisam aprender a modalidade culta da língua. Isso é incontestável. Entretanto, há maneiras menos torturantes de se ensinar gramática. Uma delas é humanizando a disciplina.

Humanizar a gramática significa apresentá-la aos alunos de um modo que desperte as suas emoções, e, por consequência, facilite o aprendizado. Já apliquei esse método em sala de aula diversas vezes; o resultado impressiona. Certa ocasião, por exemplo, escrevi um conto intitulado “O Artigo Tumultua a Morfologia”. Nele não havia referência explícita às regras; mas, através da narrativa e dos personagens, eram demonstradas algumas classes de palavras e suas relações morfológicas e sintáticas. Os alunos apreciaram tanto, que nem perceberam que estavam estudando gramática (¹).

Até mesmo para discorrer sobre ortografia, é possível aplicar essa técnica. Foi o que fiz ao tratar dos “encontros vocálicos”. Produzi uma crônica em que comparava o ditongo com os relacionamentos estáveis, seja de amor ou amizade; e os hiatos, com os relacionamentos que se desfazem. Os estudantes se identificam com o texto, porque grande parte deles já namora; e todos têm certos conflitos com pais e amigos. Portanto, inicialmente, a turma levanta discussão sobre sentimentos. Em seguida, observa fruitivamente a relação que há entre tais sentimentos e as ligações vocálicas (²).

Evidentemente, em virtude do nosso tempo reduzido, é inviável “humanizar” a gramática inteira. No entanto, o mínimo que pudermos fazer, terá valido a pena. Isso porque, ao associá-la com situações cotidianas e sentimentos pessoais típicos, despertaremos o interesse dos alunos por esta disciplina tão injustamente rejeitada.

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