Somente nós, seres humanos, temos a capacidade de atribuir novos significados a fatos ocorridos em algum lugar do passado, independente de quais proporções eles tiveram.
Na sala de aula ou em casa, desde muito cedo a criança precisa ser orientada pelo adulto sobre essa capacidade, pois quando a apresentamos a esse fato damos a ela a oportunidade de começar a administrar com mais clareza seus sentimentos.
Uma discussão que ocorreu ontem, uma palavra proferida pelo professor ou pai, um olhar duvidoso, uma sequência de fatos que causaram desconforto e tantas outras situações ocorridas ontem e envolvidas nas mais diversas circunstâncias podem ganhar novos significados quando olhamos para elas hoje.
Ressiginificar é uma das habilidades mais brilhantes que temos, mas até mesmo para ela faz-se necessário dispormos de momentos de reflexão, de modo que o novo significado não anule a verdade de ontem, principalmente se esta verdade trouxe-nos alguma forma de alegria
Pode parecer que isso destoa da realidade, mas não, pois pouco nos adiantaria termos tal habilidade se for para somar mais desventuras à nossa história, ou seja, se for para acumular mais pesares é aconselhável deixarmos tudo isso de lado, pois seria como supervalorizar o problema.
Por exemplo, se amanhã alguém nos fizer algo que combata contra a nossa amizade, as belezas vividas hoje com esse alguém não poderão ser anuladas quando algum dia procurarmos novos significados ao que tudo aconteceu.
Os momentos bons, felizes, aqueles momentos em que sorrimos e nessa ação tivemos alguém para sorrir também conosco, esses momentos não podem ser invalidados, pois são valiosos demais para serem vestidos com roupagem de ódio, desilusão e consequente desamor.
A ação de ressignificar deve ser entendida como um mecanismo para aliviar a dor, diminuir a tensão e reconstruir as pontes que um dia foram quebradas. Contudo, em contrapartida, o que vemos são pessoas que são resistentes ao perdão, ao ato de dar uma nova chance àquele que errou em algum ponto contra nós.
Ora, quando não damos uma nova oportunidade para reconstruir velhas amizades, na verdade, não estamos dando chance a nós mesmos de tentarmos mais uma vez. Na nossa infância, sabíamos levantar depois de uma queda, mas na vida adulta muitas são as vezes que negamos a nós mesmos o direito de assumir os riscos de uma nova tentativa.
Tudo é um processo, tudo tem o seu tempo, tudo está sujeito a acertos e também a falhas e, se não quisermos assumir os riscos de confiar na amizade de alguém, estamos, na verdade, precisando reaprender a viver num mundo tão cheio de altos e baixos.
Se o abraço de um amigo nos conforta, pense no tão maior conforto do abraço de um amigo perdoado. Quando perdoamos, anulamos todos os maus efeitos causados pela inimizade e indiferença e, além disso, o amigo perdoado valorizar o perdão e os laços dessa amizade serão continuamente mais fortalecidos.
Isso é ressiginificar, é dar nova chance, é dar novos significados a uma ofensa, a uma desventura. Na escola ou em casa, quando conseguimos ensinar a criança pelo nosso exemplo contribuímos efetivamente para um ambiente de menos agressividade, de menos desamor e intolerância.
Quantas violências moral e física poderiam ser evitadas se o ato de ressignificar fosse realmente ensinado na escola juntamente à grade curricular de cada unidade de ensino. Quantos novos amigos poderiam ser conquistados se ao aluno fosse ensinado agir e não apenas reagir diante de um fato...
Isso é ensinar para uma vida fora dos muros da escola, isso é impactar a vida social do aluno, isso é influenciar a vida em família de toda uma comunidade, isso também é fazer uma Educação verdadeiramente de Qualidade.
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