Muito se fala sobre o verdadeiro papel de uma Instituição de Educação Infantil na formação da criança... Alguns pais e educadores afirmam que esse segmento educacional tem como finalidade preparar para o processo de alfabetização, “ensinando” números, letras e símbolos. Outros acreditam tratar-se de uma etapa de total liberdade social da criança, quando a mesma deve agir livremente, sem grandes intermédios dos adultos. Enfim, muitas ideias se fazem presentes no campo da Educação.
Entretanto, educadores de Educação Infantil sabem o quanto é abrangente definir uma pedagogia específica para esse segmento de ensino! Trata-se de um ser em constante processo de formação e transformação: a CRIANÇA. É na primeira infância que se torna indispensável o conhecimento do mundo no qual estamos inseridos, a noção de valores como “o certo e o errado” em algumas ações, a criação de hábitos e atitudes para o convívio na comunidade.
Mas, é na primeira infância que vivenciamos uma das maiores lições da vida: a aprendizagem social! Aprendemos a CONVIVER, a RESPEITAR, a COMPREENDER as vontades do outro. Na Escola, esses valores são experimentados a cada instante: nas atitudes de esperar a sua vez de falar, de merendar coletivamente, de emprestar o brinquedo ao amigo... Na sociedade atual onde jovens queimam índios, batem em moradores de rua e desrespeitam autoridades, essas “pequenas-grandes” ações formam o verdadeiro alicerce para a construção de uma sociedade mais justa e humanitária.
Portanto é a Educação Infantil que abre as portas do mundo em sociedade para uma criança. É a primeira grande comunidade na qual ela aprende a conviver com tantos outros companheiros de diferentes características, a respeitar e entender as rotinas, a ajudar o amigo quando necessita e, acima de tudo, aprende a expressar-se...
Expressar-se não significa repetir palavras, frases... É a tentativa da criança de demonstrar, de forma autônoma, aquilo que ela observa ao seu redor, suas emoções, seus medos e suas vontades. Toda criança deve conviver em um ambiente onde sinta prazer em expressar-se, pois assim ela sentir-se-á entendida, ouvida e respeitada. Em consequência, aprenderá a ouvir e a respeitar os demais em suas ideias, fazendo prevalecer o real sentido de uma sociedade democrática.
Nesse contexto, todos os conteúdos não são ensinados, mas compartilhados, desenvolvidos no grupo, onde o professor também está envolvido. O educador infantil torna-se o mediador de um longo e constante processo muito prazeroso de descobertas da criança, e não deve representar aquele que ensina algo pronto. Paulo Freire referia-se ao professor como “aquele que aprende sempre”, e esse é o nosso posicionamento no Jardim Brotoeja. Alunos e professores estão inseridos em uma grande comunidade onde expressam ideias, dão sugestões, trazem novidades.
Pular uma etapa desse desenvolvimento, avançando a criança em períodos escolares, é evitar que ela vivencie cada momento dessas descobertas, é não permitir que ela amadureça gradativamente, através de suas experiências individuais e coletivas.
Por fim, a Instituição de Educação Infantil deve estar a serviço dos conhecimentos a respeito do ser humano, da formação de valores com relação a eles, preocupada em despertar a potencialidade de cada aluno, em suas particularidades. Assim, todo o currículo da Escola será aprendido pelo aluno de uma forma muito consciente, pois, acima de tudo, ele compreenderá a importância do saber na construção de um mundo cada vez melhor!
Gabriela Abreu da Silva Gouvêa,
Pedagoga (UFF), Psicopedagoga (PUC-RJ) com especialização em Neuropsicologia (CNA), Mestre em Psicanálise, Saúde e Sociedade (UVA).
Endereço eletrônico: gabiabreu78@yahoo.com.br
quinta-feira, 15 de setembro de 2011
Educação Infantil: o caminho da consciência
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