terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Racismo

Segundo Munanga (1996), racismo é a convicção de que existe uma relação entre as características físicas hereditárias, como a cor da pele, e determinados traços de caráter e inteligência ou manifestações culturais. A base, mal definida, do racismo é o conceito de raça pura aplicada aos homens, sendo praticamente impossível descobrir-lhe um objeto bem delimitado. Não se trata de uma teoria científica, mas de um conjunto de opiniões, além de tudo pouco coerentes, cuja principal função é alcançar a valorização, generalizada e definida, de diferenças biológicas entre os homens, reais ou imaginárias.

Bento (2004), afirma que a lei proíbe a discriminação racial. Por isso, o verdadeiro motivo de sua não aceitação, o fato de ser negra, em geral, é disfarçado com discursos hipócritas, disfarces, simulações. O mesmo, afirma que no Brasil as pessoas atribuem a não contratação de um negro, a qualquer outro motivo que não o verdadeiro: o racismo.

A cor negra aparece com muita freqüência associada a personagens maus: “O negro associado à sujeira, à tragédia, à maldade, como cor simbólica, impregna o texto com bastante freqüência” (ROSEMBERG, p. 84, apud MUNANGA (1996)).

Desde muito cedo, as crianças acabam internalizando essas representações negativas, e acabam por não gostar de si próprias e dos outros que lhe assemelham. É preciso parar com esses estereótipos de assimilação entre o negro e ruim. Pois são elementos completamente sem nem um nexo, e acima de tudo, uma forma grotesca de preconceito.

É preciso levar as nossas crianças, o pensamento e o exemplo, de que não existe correlação entre a capacidade intelectual e a cor da pele, todos possuem as mesmas capacidades físicas e mentais, não é a cor da pele que ira determinar quem é ou não capaz. É necessário formar nelas atitudes favoráveis às diferentes relações raciais das pessoas com as quais convivem na sociedade.

Discriminação é o nome que se dá para a conduta (ação ou omissão) que viola direitos das pessoas com base em critérios injustificados e injustos, tais como a raça, o sexo, a idade, a opção religiosa e outros. A discriminação é algo assim como a tradução prática, a exteriorização, a manifestação, a materialização do racismo, do preconceito e do estereótipo. Como o próprio nome diz, é uma ação que resulta em violação dos direitos (Programa nacional de Direitos Humanos, op. cit., p. 15).

As grandes dificuldades encontradas, ao se trabalhar esse projeto, foi o descaso com que a discriminação racial é tratada pelos alunos, como se fosse assunto irrelevante para eles; Os desafios para que se possa vencer o racismo são inúmeros, primeiramente é preciso saber, que o racismo é a tendência do pensamento, ou do modo de pensar em que se dá à grande importância à noção da existência de raças humanas distintas e superiores umas às outras. Os alunos que possuem o preconceito acreditam que por possuírem características físicas hereditárias, são superiores a outros.

O racismo não é uma simples discriminação econômica, mas sim o produtor de um processo consolidado através do tempo de exclusão e inferiorização social e econômica. Os aspectos econômicos interagem com a discriminação racial tanto numa mão como noutra, e até na contramão. Então, tendemos a pensar assim, julgando que o preconceito limita-se sempre ao outro.
Munanga (1996),diz que não se pode negar, contudo, que as conseqüências de atitudes racista, irracional, têm provocado gravíssimas seqüelas em milhões de crianças que povoam as salas de aula do nosso Brasil. E a nossa luta, agora reforçada com medidas oficiais, deve centralizar-se nas causas provocadoras e fortalecedoras destas seqüelas que mantêm o racismo, os preconceitos e as discriminações em evidência.

Não há dúvidas, é a partir da cor da pele, que se percebem os sinais de preconceito raciais tanto na escola como em qualquer outro ambiente de vivência cotidiana.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AQUINO, Júlio Groppa. Diferenças e preconceito na escola: alternativas técnicas e práticas. São Paulo, ed. Summus, 1998.





BENTO, Silva Aparecida Maria. Cidadania em preto e branco – discutindo as relações raciais, São Paulo. ed. Ática, 2004.



Brasil. Lei 10.639 de 09 de janeiro de 2003. Brasília: diário Oficial da União, 10 de janeiro de 2003.



BROOKSHAU, David. Raça e cor na literatura brasileira. ed. Nacional. Porto

Alegre – Mercado Aberto, 1987.



CERTEAU, Michel de. A Cultura no Plural. Campinas-SP: ed. Papirus, 1995



FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. RJ: ed. Paz e Terra, 1978.

GIROUX, Henry: Teoria crítica e resistência em educação. Petrópolis: ed. Vozes, 1986. 336p.



MOREIRA, Antonio Flávio e SILVA, Tomaz Tadeu. Currículo, Cultura e Sociedade.

SP: ed. Cortez, 1994.



MUNANGA, Kabengele. As facetas de um racismo silenciado. In: Schwacz. Lilia Miritz at QUEIROZ, Renato da Silva (orgs). Raça e Diversidade. São Paulo: ed. Edusp, 1996.



MUNANGA, Kabengele. Rediscutindo a Mestiçagem no Brasil - Identidade Nacional Versus Identidade Negra. São Paulo. ed. Autentica



SILVA JR., Hedio. Direito de igualdade racial. São Paulo. ed. Juarez de Oliveira, 2002.



THOMPSON, E.P. Costumes em comu. São Paulo: ed. Companhia das Letras, 1998.

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