Cangaceiros inspiraram novos políticos: roubavam, matavam e tinham mil mulheres
da Livraria da Folha
Análise do cangaço faz pensar no banditismo visto nos dias de hoje
Os cangaceiros são figuras míticas no mundo popular brasileiro. Entre heróis supostamente vilões, e vice-versa, algumas das histórias ouvidas, contadas e repassadas os colocam ora como frios assassinos, ora como defensores dos mais pobres, quase exigindo o título de Robin Hood para os diversos bandos. E o conhecimento coletivo das pessoas sempre despenca em Lampião e Maria Bonita, mas há muito mais por trás desses personagens.
Felizmente, o ensaio "Os Cangaceiros", de Luiz Bernardo Pericás chega a tempo para contar melhor os detalhes de homens e mulheres que viraram lendas do sertão, com suas vestimentas típicas, facão e arma na mão e motivações várias.
Como bem resume Lincoln Secco, que escreve na orelha da obra, "na história do Nordeste brasileiro o cangaço apareceu como a forma pela qual se moviam as contradições típicas de uma sociedade formada por populações errantes, pobres e vitimadas pelo mandonismo local, e marcada pela instabilidade. No entanto, a miséria não era a única motivação para a entrada no cangaço."
Reuters
Cabeças dos cangaceiros, incluindo as de Lampião e Maria Bonita, foram expostas pr policiais em diversas cidades do Nordeste
Em um texto gostoso de ser lido, o estudioso apresenta o real interesse dos bandos, a maneira que se relacionavam com os coronéis de cada cidade, as regras existentes entre eles próprios, o papel da mulher para seus prazeres e desmitifica o papel de Robin Hood citado anteriormente, apontando que o interesse nas riquezas e outros poderes era para o próprio cangaceiro, e o resto que se explodisse.
O livro ainda traz uma série de documentos valiosos, como cartas e circulares representativas e que reconstroem o linguajar, as leis e o cenário da época.
Leia trecho.
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Mulheres e crianças dentro do cangaço
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Muitas mulheres, em geral de procedência humilde, entravam no cangaço por conta própria, vendo no bandoleirismo a possibilidade, mesmo que idealizada, de uma vida cheia de aventuras e liberdade. É claro que havia algumas jovens raptadas, forçadas a seguir os bandidos.
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A educação feminina muitas vezes era equivalente, na mentalidade sertaneja, à prostituição. Por isso, poucas meninas recebiam uma educação formal. Escolas mistas, de garotos e garotas, eram pouco aceitas pela população.
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Normalmente não se permitia que mulheres sem "maridos" ou "companheiros" permanecessem nos grupos. Se uma jovem ficasse viúva ou solteira, teria de escolher logo um novo parceiro, caso contrário era obrigada a deixar o bando. Algumas quadrilhas chegavam a ponto de executar essas raparigas - como foi o caso de Rosinha -, garantindo, com isso, que suas atividades e coitos não seriam revelados para ninguém.
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"Os Cangaceiros"
Autor: Luiz Bernardo Pericás
Editora: Boitempo
Páginas: 302
Quanto: R$ 54,00
Onde comprar: Pelo telefone 0800-140090 ou pelo site da Livraria da Folha
domingo, 24 de abril de 2011
Dica de Livro - Cangaceiros inspiraram novos políticos
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