domingo, 24 de abril de 2011

Para refletir ...Somos dia enquanto dure!!!

Renato Jaguarão
Fonte:Jornal mundo jovem

Tem coisas nessa vida que realmente nos surpreende afinal cada dia é bem diferente do outro, aquele outro que passou por nossa vida, há pouco tempo atrás, ali naquela esquina, naquela rua. Ah! Os nossos dias... Alguns são inesquecíveis, guardamos data, hora, minuto, local, faces, olhares, outros sequer lembramos.

Sem falar aqueles que por vontade própria, damos um jeitinho de apagar da memória, sem cerimônia alguma, apagamos com tamanho querer, que realmente juramos nunca terem existido, nós, seres humanos, quando queremos muito, temos uma força de convencimento inacreditável.

Um dia desses, movido pela magia transcendente e pelos passos que damos em milhões de direções, resolvi escrever um livro, desses que contamos a nossa vida, cada detalhe, forçando o pensamento para lembrar-se de tudo, escrevendo capítulo por capítulo, pacienciosamente, revivendo o passado, ou grande parte do passado. Recordar é viver disse um dia o poeta. Será?
Nas lembranças buscamos os momentos mais poéticos, mais românticos, e como tempero, os mais dramáticos, são esses tópicos da vida que marcam e nos acompanham por anos, estampados em nosso rosto, em nossa transformação inevitável.

Vivendo, me entregando, varrendo madrugadas, em poucos meses eu havia escrito algumas dezenas de páginas, narrando os mínimos detalhes, cada passagem, cada cenário, cada coadjuvante, cada sentimento fragmentados em minha consciência.

Depois de ter esgotado todas as minhas lembranças, que surgiam como lampejos imersos em emoções, resolvi dar uma olhada na obra que espelhava o meu ser, parágrafo por parágrafo minuciosamente, como quem examina um pergaminho.

Notei que algo estranho me possuía na medida em que eu ia lendo cada capítulo, algo que ia me causando estranheza, impaciência e acima de tudo frustração, afinal ali estava a minha vida, ou será que não? Ela deveria fazer parte de cada escrita, cada letra.

Mas na verdade eu desconhecia aquele personagem, as ações, as angústias, as decisões. Por que disse sim, quando deveria dizer não, por que calou quando gritar seria o certo, porque se entregou quando deveria ter fugido, por que renunciou se o sensato seria se dar por inteiro, por que votou naquele candidato? rssss...

Assim são os momentos da nossa vida, os nossos dias, tão diferentes que ficamos irreconhecíveis, até mesmo quando narramos nós mesmos. O que fomos ontem não somos hoje, os valores são infinitamente diferentes.

E o grande amor, aquele! Não nos causa nem mais prazer, as lágrimas derramadas se tornam dignas de risos. Quantos já não fingiram não conhecer a antiga paixão? Colírio dos nossos olhos, um dia, hoje sem beleza, sem sex appeal... Quem ao ver de longe, já não trocou de calçada? Quando estava prestes a consumar o até então, desejado re-encontro casual...

Lembram os segredos apavorantes, guardados a sete chaves? Tornam-se piadas, bobagens sem nenhum fundamento. O primeiro beijo? Deus nos livre se alguém soubesse... Hoje, contamos sem cerimônia alguma, nas rodas de choppinho dos happy hours diários...

E os caminhos? Aqueles que decidimos em determinados momentos, ah... Quanta idiotice, burrice, mas necessários, diria um analista, aqueles de plantão que vive em nossa volta, pronto para entender e nos mostrar a saída certa pra tudo “Amigos”... Eles estão em todos os nossos dias, alguns descobrimos que se quer foram um dia, mas outros julgamos eternos.

Escolhas, amigos, amores, idiotices, fizeram parte da caminhada para chegarmos ao dia de hoje.

Mas a pergunta mais intrigante é saber onde estão aqueles dias que não lembramos? Tamanha a insignificância dos mesmos, porém às vezes, melhores e marcantes para os que viveram o mesmo dia desprezível, ao nosso lado. É bom dizer que existem “loucos” pra tudo... Eles devem lembrá-los.

Hoje, muitos temos um grande amor, alguém que nos dá prazer, um objetivo, algo para escrever, momentos pra sorrir e pra chorar, temos amigos, analistas.

Amanhã... Esse dia será apenas lembrança ou sequer lembraremos, será inesquecível ou insignificante.

E onde ficam os amores, os objetivos, as lágrimas e os sorrisos?
Talvez fiquem nas páginas de um livro de sua autoria ou nas lembranças de centenas, milhares de pessoas que de alguma forma passam por nossa vida.
Mas nem tudo está perdido, temos o dia de hoje, temos um grande amor, ou estamos buscando um, temos motivos para sentir cada minuto, temos metas, o futuro, e ele nós fizemos.

Que importa o dia de amanhã? Quem somos na cadeia alimentar? A final não somos eternos, mas somos dia enquanto dure...

Um comentário:

  1. Obrigado, adorei ver no seu blog minha crônica, espero que ajude para um entendimento de como pode ser nossa vida.

    Abraços.

    Renato Jaguarão.

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