Ines Martins
Oi gente, neste primeiro artigo que posto no Blog do Romilson, um pouco longo (desculpe), aproveito para mostrar uma realidade que um dia poderá ser a sua e provocar uma reflexão sobre o tema.
Você sabia que a Organização das Nações Unidas divide os idosos em três categorias: pré-idosos (entre 55 e 64 anos), os idosos jovens (entre 65 e 79 anos ou 60 e 69 anos, para quem vive na (Ásia e na região do Pacífico) e idosos avançados (com mais de 70 ou 80 anos)? Que o crescimento dessa população é um fenômeno mundial e que em 20 anos o Brasil será o sexto país com o maior número de idosos no mundo? -Que Geriatria é uma especialidade médica que trata da saúde do idoso, enquanto Gerontologia é a ciência que estuda o envelhecimento?
Anjo da Guarda ou cuidador de idosos?
Quando crianças, somos estimulados a conhecermos e conversarmos com nosso anjo da guarda. Depois vem o período da adolescência e nem lembramos mais que ele existe. Mas, é bem provável, que um dia cada um de nós, de um jeito ou de outro, vamos ter que conviver com um, de carne e osso. A não ser, é claro, que se morra jovem.
No 27 de setembro se comemora o Dia Nacional do Idoso e no dia primeiro de outubro comemora-se o Dia Internacional das Pessoas Idosas, sendo que a data foi criada pela ONU (Organização das Nações Unidas) a fim de qualificar a vida dos mais velhos, através da saúde e da integração social dos mesmos. Eu mesma já participei de vários desses movimentos e discussões, inclusive já estive como delegada (escolhida pelos idosos), entre outros, em Brasília, representando a sociedade civil, e digo a você que de fato, desde então tivemos avanços. Mas, ainda os considero pequenos diante da nossa realidade.
Para se ter uma ideia, os idosos são hoje 14,5 milhões de pessoas, 8,6% da população total do país, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base no Censo de 2000. O instituto considera idosas as pessoas com 60 anos ou mais, mesmo limite de idade considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para os países em desenvolvimento. Em uma década, o número de idosos no Brasil cresceu 17%. Em 1991, ele correspondia a 7,3% da população.
O envelhecimento da população brasileira é reflexo do aumento da expectativa de vida, devido ao avanço no campo da saúde e à redução da taxa de natalidade. Prova disso é a participação dos idosos com 75 anos ou mais no total da população - em 1991, eles eram 2,4 milhões (1,6%) e, em 2000, 3,6 milhões (2,1%).
A população brasileira vive hoje, em média, de 68,6 anos, 2,5 anos a mais do que no início da década de 90. Estima-se que em 2020 a população com mais de 60 anos no país deva chegar a 30 milhões de pessoas (13% do total), e a esperança de vida, a 70,3 anos. O quadro é um retrato do que acontece com países, como o Brasil, que está envelhecendo ainda na fase do desenvolvimento. Já os países desenvolvidos tiveram um período maior, cerca de cem anos, para se adaptar. A geriatra Andrea Prates, do Centro Internacional para o Envelhecimento Saudável, prevê que, nas próximas décadas, três quartos da população idosa do mundo esteja nos países em desenvolvimento.
O dado também nos mostra que a população, com 70 anos ou mais de idade, aumentou de 6,4 milhões de pessoas, em 1999, para 9,7 milhões, em 2009. Sendo que cerca de 48% sofria de mais de uma doença crônica e precisando de cuidados. Quando essa necessidade bater a sua porta, já parou para pensar em quem vai cuidar de você? Será sua esposa? Seu filho? Seu vizinho? Seu amigo? Ou o anjo da guarda, cuidador de idoso? Digo anjo porque quem abraça essa profissão tem mesmo que ter o dom de um anjo. Jamais pode ser uma pessoa que só pensa no dinheiro. E aí é que mora o perigo. Temos visto inúmeros exemplos de maus tratos e até de golpes financeiros contra os idosos, e se dói vermos crianças serem maltratadas, a mesma dor devemos sentir com os idosos, pois à medida que os anos chegam, aumenta sua vulnerabilidade diante da vida.
A verdade é que faltam geriatras, gerontólogos e cuidadores de idosos especializados no país, para atender a demanda. Poucos estão preparados para essa realidade. Ganhamos mais anos de vida e até nós mesmos nem sabemos como vivenciá-los, por isso estamos aqui. Melhor Idade?Isso é para poucos. Visitem os asilos e andem pela periferia, procurem ver mais de perto o olhar de um idoso e sintam a dor do abandono.
Cuidar da nossa qualidade de vida, viajar se possível, dançar e dançar como um eterno aprendiz, praticar esportes e tudo o que mais for possível, inclusive cobrarmos da classe política que seja revista a classificação do “Cuidador de Idosos”, com a seriedade que o assunto merece, é o exercício pleno da própria cidadania. Mexer na aposentadoria do idoso e rebaixá-la? É um crime. Claro, que aqui, não me refiro às “gordas” aposentadorias dos poucos privilegiados.
Confira o que fala a Classificação Brasileira de Ocupações, onde o “Cuidador de Idosos” é conceituado como trabalhador doméstico, como a empregada doméstica, a Faxineira ou a Cozinheira. Assim, o que vale para a empregada doméstica, ainda vale para o “Cuidador de Idosos”:
“(...) Cuidador de idosos - acompanhante de idosos, cuidador de pessoas idosas e dependentes, cuidador de idosos domiciliar, cuidador de idosos institucional, Gero-sitter. (Essa ultima definição até que é chic, né? rsrsrs).
Assim, o Cuidador de Idosos tem direitos trabalhistas assegurados pela constituição, como qualquer trabalhador doméstico. No meu entender, o Cuidador de Idosos é mais do que hoje está especificado na Classificação Brasileira de Ocupações. Ele, em verdade, é o “Anjo da Guarda” do fim de uma jornada outonal, que merece ter uma classificação diferenciada e reconhecida, assim como cursos específicos teóricos e presenciais, patrocinados pelo governo.
Até a próxima quarta,. Aproveite e deixe também a sua opinião.
Inês Martins é produtora cultura, escritora, comunicadora e blogueira e passa a escrever neste blog toda quarta-feira (www.vovoantenada.com.br)
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