quarta-feira, 21 de setembro de 2011

O mundo das drogas

13/09/2011
Wilson Carlos Fuá

Infelizmente as drogas passaram a fazer parte de várias famílias, independente de classe, religião, raça ou cor. Aquele menininho criado com o maior carinho do mundo, faz parte apenas do porta-retrato, passou a ser o destruidor da família, violento, relaxado, desempregado e ladrão de si mesmo, subtrai as jóias da família para trocar por drogas que alimentam seu vício, roubando assessórios dos carros do condomínio para financiar os traficantes e fazer parte das páginas policiais.

Resta aos pais, a triste realidade de ficarem a questionar:

- onde foi que eu errei?

- porque não me aproximei dele?

- porque eu não continuei aquela amizade carinhosa da sua infância?

E agora o que fazer?

Durante a campanha eleitoral, todos os candidatos disseram que construiriam clínicas de recuperação de drogados por todo o país, mas ficou nos discursos.

Ter um filho no mundo das drogas, é a maior tristeza, encontrá-lo sujo, babando, com o seu bafo horrível de drogas, perambulando ou caído pelas ruas. Só resta aos pais saberem enfrentar os delegados, passando a maior vergonha, pagar advogados e levar o filho viciado para casa sabendo que nada se pode fazer, e logo-logo ele estará de volta, juntando a aquele monte de jovens sem vida e sem futuro, até que a morte lhe chame antecipadamente.

Um jovem desse, depois de passar dias e meses, segregado em seu refúgio, usando a droga como fuga, estava decidido a desfazer da sua vida, pensava que todas as tentativas de buscar uma saída foram inúteis, e achava que tudo acabou. Sua vida passa a acumulara tristezas para si e para a família, decepção em tudo. Apesar de saber que a droga estava lhe matando, mas estava demorando demais, então ele não via uma saída. Até as reuniões eram decepcionantes e religião nem pensar, tudo era cansativo, para concluir o seu fracasso, ele decidiu suicidar.

O seu pensamento era fixo e lhe trazia coragem e pensando que através das drogas ia demorar demais e não agüentava mais viver, queria morrer.

As pessoas quando chegam nesse estado de desespero, passam a não pensar no que vem de ruim, esquecem que alguma coisa boa possa acontecer e mudar sua realidade, esquecem que cada dia é diferente do dia que virá. Seria bom se pudéssemos fazer esta análise em todas as situações das nossas vidas.

Mas, diante de um ato violento e descabido, e por incrível que possa parecer, o jovem viciado adquiriu o poder da reflexão, pois chegando em casa, pegou o revolver do seu pai, apesar da coragem de estourar a sua cabeça, deu um salto no futuro.

Antes de apertar o gatilho, e de encostar o cano em sua cabeça, parou e retirou uma bala do tambor do revolver e ficou a analisar a sua marca, a pensar que essa bala iria transformar em um projétil de fogo entrando, queimando e destruindo sua caixa encefálica e explodiria seu cérebro, a partir desse momento ele projetou seus pensamentos ao futuro, viu o seu fim e assim ele passou a ter medo da morte.

Quantas coisas poderiam ser evitadas, se nesse momento de estado de suicídio, tivéssemos o bom senso de analisar as causas em determinadas ações. Esse “stop futurístico” foi simplesmente fantástico e determinante, bom seria se a espécie humana recuperasse esse poder de alerta futurística de antever o seu triste fim.

Ele viu a sua própria destruição, por um instante ele foi no futuro e viu sua morte. Ficou por alguns momentos segurando o revolver e com as mãos trêmulas e próximo de apertar aquele gatilho, sentido a proximidade e a possibilidade da morte, até que um pensamento muito forte o dominou: e como um milagre ele voltou a ter as reflexões que havia perdido, e logo concluiu: “se sou dotado de toda essa coragem para me matar de forma tão dolorosa, também sou valente para enfrentar todas essas injustiças e tristezas que acumulei durante a minha vida, certamente saberei que para viver precisamos de pouca coragem, menos do que suicidar, por isso vou continuar vivendo”.

Na vida não importam as dificuldades que nos são impostas, pois sempre vale a pena viver, além do mais o maior pecado do homem contra Deus é se matar pois, significa que ele perdeu a fé.

O certo é não pensar futuristicamente que em sua vida só virão coisas ruins, mas ter a esperança de que muitas coisas boas estão a caminho, e que com certeza também virá um novo dia de coragem, sentimento familiar e amor ao próximo. Quando o vazio da existência começar a tomar conta dos nossos pensamentos, é nesse momento que devemos instalar uma situação de risco ou de oportunidade, o bom mesmo é tentar fazer estas projeções das alternativas.

Depois de se livrar da morte e desfazer do revolver, o jovem ficou parado sentado na Estatua dos Bandeirantes, ali no coração da Av. Coronel Escolástico, pensando no seu passado, antes dos anos 70 as drogas não haviam chegado em Cuiabá, ali onde está edificado a Estátua dos Bandeirantes os jovens do bairro praticavam os jogos de futebol, era um campinho de peladas, campinho de terra que eram mantido pelos próprios jovens, independente da Prefeitura ou Governo, era ali que os jovens festejam seu gols diante de uma torcida imaginária, era ali que jovens assistiram vários espetáculos circenses e brincaram em vários parquinhos de uma infância feliz. Hoje sabemos o esporte faz os jovens fugir dos vícios e das drogas, sabemos que a prática dos esportes são incompatíveis com o uso das drogas, graças a Deus.

Onde andarão seus amigos do mundo das drogas, será que eles estão nos Presídios ou nos Cemitérios? Por um momento ele voltou a reviver o seu passado de felicidade, que foi destruído pelas drogas. Depois de fazer muitas reflexões ele voltou a ter coragem para viver. A força para amar a vida são ações que estão instaladas em nós mesmos, bastando sabermos escutar e ver as pequenas coisas que o mundo nos oferece, viver é um presente diário de Deus, mas que só descobrimos quando o desembrulhamos e passamos a aproveitar todas as surpresas que estão ao nosso dispor dentro desses saquinhos de presentes.

É só nos momentos extremos que descobrimos a grandeza nos nossos atos e que estão nas pequenas coisas que Deus nos oferece, recorrer ao suicídio não é um ato de coragem, é um ato de covardia que testa sua coragem na sua própria fraqueza.

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