21/09/2011
Wilson Carlos Fuá
Durante toda a nossa vida procuramos ser justos com os nossos filhos, não sendo caridosos demais e nem mesquinhos ao ponto de sermos indiferentes com os seus sofrimentos e necessidades.
Temos que ajudar sem prejudicar as suas iniciativas de lutar pelo seu futuro. Mas, a principal ajuda além da atenção, é procurar financiar e acompanhar durante a formação educacional, procurando sempre passar os valores morais e todos os dias mostrar a realidade do mundo.
Ficamos sempre naquela indecisão de quando ajudar, como ajudar ou mesmo se ajudar. O pior ensinamento que passamos aos nossos filhos é deixá-los ficar refém das nossas dependências. Quando tudo é muito fácil em nossa vida nos tornamos pessoas fracas, inseguras, se na primeira dificuldade imediatamente o filho recebe o auxílio, você está retirando dele o poder e as condições para sua superação, ou mesmo, tirando poder de lutar para conquistar algo durante a sua vida.
Quando o seu filho lhe pede um produto de consumo ou um bem de luxo, apesar de você dispor do dinheiro, você deve dar?
Como não é uma situação de emergência, não. O mais recomendável é não dar ajuda para conquista de bens supérfluos.
Mesmo que o filho queira financiar um bem de consumo usando nome do pai, este deve negar e ensiná-lo construir seu patrimônio e sua moradia, ninguém deve constituir família antes de ter sua casa própria. O passarinho ensina-nos que antes de gerar os filhotes, ele constrói seu ninho. O filho que não é bem orientado sobre a responsabilidade de constituir uma família, adquirindo seu ninho, tendo uma profissão para sustento dos filhos, ao invés de aliviar o velho já cansado, será o multiplicador de problemas. Isso ocorre em função da pouca orientação durante a infância e por sucessivas ajudas financeiras desnecessárias durante o crescimento intelectual, espiritual e educacional dos filhos, o que resume na falta de cobranças sistemáticas e duras.
A experiência mostra que as pessoas só valorizam suas conquistas, quando sentem a sensação de duvidar se irão ou não conseguir aquilo que tanto almejam.
Hoje, há muita apelação ao consumo, com isso existe instantaneidade através do modismo, a velocidade da evolução tecnológica e mesmo a produção em série de bens de consumo de pouca durabilidade. A sociedade está escravizada pelo consumismo.
Mesmo que as condições dos pais sejam das melhores, o recomendável é sempre nos esforçarmos para não dar tudo de imediato aos filhos. O sabor da dificuldade o fará valorizar as conquistas. Já por outro lado a facilidade desvaloriza o prazer da conquista, mesmo que o objeto tenha valor monetário fora dos padrões normais, esse valor desaparece imediatamente.
A gratuidade, sem o esforço tem o valor sentimental reduzido a zero, o bem material em pouco tempo ficará jogado em um canto da vida, isso está diretamente ligado as condições materiais e sentimentais, porque o valor da satisfação do bem que adquirimos é quantificado pelo esforço que desprendemos para recebê-lo.
Contra o consumismo só existe um remédio, educar os filhos para terem o prazer em poupar, ou seja, nunca gastar mais da metade do que recebe pelo seu trabalho.
Ao dar cartão de crédito aos filhos, os pais estão ensinando-os a lidar com dinheiro ou está lhe dando facilidade para consumir?
Filhos precisam de heranças? Todos os filhos devem estar preparados para receber heranças somente pós-morte, porque a expectativa de recebimento de herança em vida, é a pior situação que um pai possa administrar nos seus dias mais difíceis, diante da cobrança sistemática dos filhos, o idoso fica entre a linha divisória do sentimento de não desfazer do que tem, pois se desfazer das suas reservas fará com que as garantias de uma velhice tranqüila desapareçam. A luta por herança em vida, já levou o filho a matar os país e pai a matar filho. O filho trabalhador e empreendedor não precisa de heranças, pois com o seu talento saberá acumular riquezas, mas por outro lado o filho sonhador e folgado, gastará todo dinheiro que passar pelas suas mãos.
Nos asilos para idosos, estão cheios de exemplos de pais órfãos de filhos, faça uma visita lá e veja quantos velhinhos estão abandonados, as suas visitas aos asilos ao invés de trazer paz, lhe trarão revolta pela falta de respeito aos idosos. É triste a realidade desses velhinhos carentes de tudo, vai e logo você começará a fazer uma reflexão sobre o real entendimento da dor e o vazio daqueles corpos sem forças e quase sem almas, a sua esperança ficou sem lugar no passado e nem no futuro, estão a esmolar um pouco de carinho ou de uma palavra amiga.
Mas, a principal ajuda que devemos dar aos nossos filhos, é fazê-los sentir a nossa atenção, é fazê-los perceber que estamos ao seu lado durante o tempo todo, além disso, devemos olhar pela sua formação profissional, procurando financiar e acompanhar na formação educacional, e sempre passar os valores morais e no dia-a-dia mostrar a realidade do mundo, buscando dar uma formação de independência, fazendo com que o filho possa saber lutar em todas as situações que a vida um dia possa oferecer na abundância e na escassez.
A construção individualizada da sua independência é a maior ajuda e a maior herança que um filho possa receber de um pai.
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