quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Artigo - Evasão escolar na educação de jovens e adultos

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Marta E. de Souza Freitas (1)
Greivis Silvestre (2)
Onielse Moreira(3)
Regiane Aparecida (4)


RESUMO: O presente artigo tem como objetivo mostrar quanto o governo tem se preocupado com o analfabetismo no Brasil e entre seus programas criados está a Educação de Jovens e Adultos. Traçamos aqui o perfil dos estudantes evadidos nos três trimestres na escola Ceja 06 de Agosto, situada na cidade de Pontes e Lacerda-Mt, localizada no Estado de Mato Grosso. Os índices observados retratam uma realidade indesejável com a evasão de quase 20% dos alunos inicialmente matriculados em cada trimestre. Deparamos também com o despreparo de professor que não são capacitados a receber esta categoria de alunos. E o momento mais crítico desta análise seria o espaço físico que não é proporcional a receber esta modalidade, no caso o Centro. Levantamos ainda a hipótese de descompromisso por parte de alguns alunos os quais não estão interessados em aprendizagem, mas sim na aquisição do certificado de conclusão de curso.

Palavras Chaves: Evasão Escolar, EJA, Analfabetismo, aprendizagem, salas anexas.



Com a finalidade de solucionar o problema do analfabetismo, o governo Federal através do Ministério da Educação vem tomando uma série de medidas que abarcam o Desenvolvimento de Programas para diminuir o índice de analfabetismo no Brasil e entre os programas do governo está a EJA (Educação de Jovens e Adultos) que tem por objetivo atender aquelas pessoas que estão com idade defasada de estudo.

É bem notável que a EJA surgiu na modalidade de ensino da rede púbica para o homem e a mulher, de quem, por motivos vários, foi roubado o direito à escolarização, quando criança, e, na idade adulta, decide recuperar o tempo perdido e voltar a estudar, o faz reunindo todas as forças que ainda lhe resta, enfrentam a discriminação e as resistências advindas da própria família e da sociedade como um todo. O desafio é grande, não é fácil tomar essa decisão depois de algum tempo sem freqüentar a escola, e o insucesso nesse momento trás conseqüências irreversíveis para a vida destas pessoas.

Em Pontes e Lacerda o projeto CEJA foi implantado à dois anos, e nesse tempo pôde ser observado que as matrículas foram inúmeras, porém a evasão também foi grande, muitos procuraram voltar a escola, no entanto, poucos persistiram e ainda continuaram.

Nesse sentido a presente pesquisa “Evasão escolar na educação de jovens e adultos” tem como objetivo investigar junto aos próprios educandos de EJA, por que tantos alunos perdem a motivação e abandonam o processo de escolarização logo nos primeiros dias de aula.

Um dos problemas enfrentados atualmente no ensino de jovens e adultos no CEJA, está no grande índice desta evasão escolar no final do último trimestre de cada ano letivo. Sabe-se que quase sempre os motivos das matrículas sem freqüência e da evasão no processo de ensino de jovens e adultos são de ordem econômica: mudança de moradia e de desemprego, o emprego e por excessiva jornada de trabalho. Mas, nem todos os que desistem o fazem por estes motivos. Existe os que deixam a escola por desilusão amorosa, incompatibilidade em relação a amizade, por gravidez, desafinidade com o professor, por sofrer preconceito entre outros. Dessa forma, buscaremos discutir a problemática, no intuito de buscar soluções para tentar manter estes alunos na escola.

Alguns dos motivos que leva o educando a perder estímulo pelos estudos são: não encontrar na instituição escolar um ambiente agradável e material pedagógico propício que o leve ao prazer de buscar novos conhecimentos, seja ele através de laboratórios, salas climatizadas, boa biblioteca e principalmente um único lugar que possa atender a demanda da educação de jovens e adultos do município do qual ele faz parte.

Sabemos que criar oportunidades para todos os brasileiros para que possam freqüentar a escola, sejam eles crianças, adolescentes, jovens ou adultos, e atender a obrigatoriedade da lei no que toca à educação básica para todos, ainda não é prioridade do governo. É necessário que criem condições de permanências e de real aprendizagem.

Seja de uma forma ou de outra, a pergunta continua pertinente, por que tantos alunos perdem a motivação e abandonam o processo de escolarização logo nos primeiros meses de aula? Será que a metodologia de trabalho adotada pelo educador não tem peso significativo na decisão do alfabetizando em permanecer ou não na escola? Qual influência da estrutura organizacional da escola de adultos na problemática da evasão? Quais seus sonhos, desejos ao buscarem a escolarização? Quais perspectivas de vida têm levado os educandos a querer se alfabetizar ou continuar seus estudos?

Notamos que é claro e evidente o analfabetismo entre os adolescentes, jovens e adultos em nossa cidade, ele reflete e reproduz as desigualdades sociais existentes em nosso país, especialmente em nosso estado, Mato Grosso. E um desses motivos é exatamente a matrícula, seja com início da freqüência ou não, logo posteriormente se segue a desistência.

Segundo o Pesquisador Gadotti(2001), o analfabetismo é a expressão da pobreza, conseqüência inevitável de uma estrutura social injusta. O mesmo se pode dizer de uma escolaridade incerta ou interrompida, que não garante a concretização das habilidades básicas de leitura e escrita, compreensão e resolução de problemas, condições mínimas para participação na sociedade letrada.

Na verdade, os altos índices de evasão nos programas de Educação de Jovens e Adultos podem indicar, dentre outras questões, a falta de sintonia entre a escola e os alunos que nela ingressam, (Cearon, 2004). Porém não se podem desconsiderar os fatores de ordem socioeconômico que acabam por impedir, ou dificultar, a continuidade da escolarização dos que resolvem iniciar ou reiniciar os estudos na idade adulta. É bem verdade que este projeto, EJA, sempre foi visto como uma política compensatória, destinada a oferecer mais uma oportunidade de escolarização àqueles cidadãos que não puderam freqüentar a escola na idade considerada apropriada.

Pode-se afirmar que a Educação de Jovens e Adultos ainda não se definiu como parte constitutiva do sistema regular de ensino que propicia a educação básica voltada para o público específico, levando em conta as características, os interesses e as condições de vida do aluno trabalhador e da aluna trabalhadora. Como política compensatória, aqui é tomada no sentido de ações pontuais, programas temporários e aligeirados de escolarização com vistas a compensar o tempo perdido, reduzir investimentos com a educação e também como uma das formas de melhoria de dados estatísticos.

Pois bem a Educação de jovens e adultos (EJA) nos moldes planejados pelos técnicos educacionais do Estado, tem traçado funcionamento de excelente qualidade, não perdendo em nada para a do Ensino Regular. Porém na realidade vivida dentro das escolas e centros é outra, na qual grande parte dos alunos não estão interessados em desenvolver um compromisso com a aprendizagem, e os mesmos (em sua maioria) só tem um objetivo: a aquisição do certificado de conclusão do Ensino, deixando assim de colocar em prática as diretrizes proposta pelo governo.

Mas que práticas são essas? Como organizar um ambiente alfabetizador, estimulante da leitura tão recomendado pela pedagogia freiriana? Tem-se a nítida impressão de que as escolas, que têm salas em anexo, embora ofereçam ensino para jovens e adultos, pertencem aos alunos do ensino regular diurno, estes têm o direito de ocupar literalmente o espaço, podem colar seus cartazes nas paredes, ocupando os murais, consultar a biblioteca, ter chão e carteiras limpas, banheiros e condições de uso, merenda quentinha, quadra de esportes, sala de computação etc. Para o noturno, período o qual funcionam as salas anexas da EJA, apenas sede-se o espaço físico escolar, sem direito de usufruir dos equipamentos e áreas de lazer, com o agravante da iluminação e ventilação às vezes insuficiente. Geralmente não há funcionários para os serviços gerais da escola nesse período. Isso agrava em muito a situação de estímulo a aprendizagem, fazendo com que os alunos se sintam menosprezados.

Em alguns casos percebe-se a falta de material didático, como papel metro, giz, pincel, carteira, sim carteira porque houve uma vez que a escola recebeu mesinhas, e a direção da escola onde se estava trabalhando trancou as salas para que os alunos da EJA não usassem. Agora recentemente, o uso das salas climatizadas, foi vetado, o professor só poderia usar salas com ventiladores.

Diante de tal situação, a Educação dos jovens e adultos (EJA) vem sofrendo grandes impactos, não diretamente na estrutura da aplicação, mas na formação de pessoas com baixo índice de qualidade na aprendizagem, o que muitas os tornam semi-instruídos diplomados e que estão engordando a fila dos que não conseguem passar nos seletivos cada vez mais exigentes. Por falta de conhecimento sobre a necessidade da dedicação ao estudo, muitos alunos apenas freqüentam pelo diploma. Tudo isso vem atrelando uma crescente queda no índice de aprendizagem dos alunos.

Fazendo uma avaliação do desempenho dos trabalhos em torno da Educação no Brasil, vemos que hoje há uma grande diferença das prioridades atribuídas a cada modalidade de Ensino em especial o da EJA, que além de contar com uma falta de motivação dos alunos, em dedicar aos estudos, muitos professores acabam por colaborar para o aumento dos insucessos que vem repetindo na Educação, de jovens e adultos, por conta da falta de preparo específico que não é garantida aos professores pelo governo.

A tendência da modernidade é oferecer melhores condições de vida para eles, a sociedade, o estado, ambos precisam se preparar para atender essa clientela que chega com novos hábitos e desenvolvimento humano bastante fortalecido pelas condições de vida que hoje a ciência proporciona, sendo apenas necessária sua persistência e vontade de concluir seus estudos.

Na “Alfabetização de Adultos” Educação de Jovens e Adultos: foi previsto um atendimento de 3818 alfabetizando, 183 alfabetizadores para contemplar 34 municípios do Estado; Distribuição de materiais pedagógicos para os professores, para subsidiar a formação continuada em serviço, sob temas sociais relevantes, em especial o estudo da ciência que trata do processo ensino - aprendizagem da pessoa idosa (Andragogia). O professor precisa estar sincronizado com os mais modernos pressupostos teóricos, conceituais que possibilite um embasamento científico sem estar apenas pautados em conhecimento empírico, é necessário inovar para que possa atrair esse educando com dificuldades em freqüentar a escola novamente, é preciso que ele se sinta motivado.

Pensar um espaço para jovens e adultos trabalhadores implica em repensar a estrutura tradicional. A estrutura atual da escola, segundo Borges (1994), é feita para excluir, para criar dificuldades à permanência. As características administrativas são rígidas, o currículo é inadequado, a metodologia e avaliação são seletivas. Neste sentido precisa “nascer uma escola para ocupados” (p.10). Uma escola que considere o aluno como trabalhador que busca, na escolarização, um complemento à reflexão de sua prática social.

A pesquisadora Silva afirma que pela sua própria razão de ser, precisa atender às necessidades de escolarização do educando, oferecendo a ele uma melhor compreensão de si mesmo, enquanto ser biológico, histórico e social, ajudando-o a aprofundar os conhecimentos já adquiridos no dia a dia da própria vida, fazendo-o crescer na condição humana.

Partindo do entendimento de que o aluno jovem e adulto é um ser de conhecimento, capaz de decidir e definir suas necessidades de aprendizagens, o presente trabalho também propõe a ouvir dos educandos, sugestões para uma escola de adultos, capaz de “encantá-los”, impedindo um novo fracasso escolar.

Enfim, pode-se afirmar que a escolarização dos jovens e adultos ainda constitui um enorme desafio para os governos federal, estadual, municipal, como também para a sociedade civil como um todo. As questões relacionadas ao ensino na EJA, como a adequação das metodologias, dos currículos, do material didático, dos tempos e espaços, das formas de avaliação e também da formação inicial e continuada dos professores.



Referências Bibliográficas

BORGES, Liana. Tempo e espaço da Educação de Jovens e Adultos. Cadernos Pedagógicos- SME. Porto Alegre, 1994.

CEARON, Nelcida Maria. Programa de Educação de Jovens e Adultos – PRAJA: visão do aluno. 2004.

ESTRUTURA e funcionamento da educação básica.Coordenador João Gualberto de Carvalho Menezes. Editora Pioneira SP 2000 3ª edição 2000.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática docente. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

GADOTTI, Moacir. Educação de Jovens e Adultos: teoria, prática e propostas. São Paulo: Cortez, 2002.

SILVA, Rosa Maria. 202. “Concepções de Jovens e Adultos alfabetizandos sobre a linguagem escrita – uma contribuição aos docentes”. D.M. apresentada no V encontro de Pesquisa em Educação – Região Sudeste- UNIMEP. São Paulo, 2002.



Escola CEJA 06 de Agosto- Pontes e Lacerda-MT.



Docente 1: Marta E. de Souza Freitas.

Graduada em Licenciatura Plena em Letras.

Marta.souzafreitas@gmail.com

Docente 2: Greivis Silvestre

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