quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Entrevista com o escritor Josman Lima

Postado por Valdeir Almeida

Josman Lima é autor de Pintando a Vida, uma amostra romanceada da realidade dos cadeirantes e da capacidade do ser humano de superar as maiores dificuldades. A obra será lançada no próximo dia 16 de dezembro, mas Josman adianta, na entrevista que nos concedeu, um pouco do enredo do seu livro, revela qual foi sua inspiração para escrevê-lo e faz uma crítica contra a indiferença com que os governantes tratam os deficientes físicos. Confira:
O que o inspirou para escrever o livro Pintando a Vida?

Eu estava precisando de um tema para escrever um roteiro para multimídia durante o curso acadêmico, quando, ao andar pelo centro de Feira de Santana, encontrei um amigo que há muito tempo não o via e ele estava sendo empurrado pelo irmão em uma cadeira de rodas. Ele estava muito alegre e entusiasmado e a sua deficiência física não era motivo para desânimo, pois continuava fazendo o que fazia antes, apesar das limitações, isso me impressionou muito.

Você acredita que o leitor que vive a mesma situação de Arthur, personagem principal, pode se identificar com ele? Por quê?

Acredito que sim. Porque as pessoas com deficiência física vivem os mesmos dramas, variando apenas de ambiente: onde mora, que lugar frequenta, o que faz, etc., principalmente aquelas que têm menos recursos. Eu diria mais ainda: cada dia que passa se faz necessário em todo lugar, abordar assuntos relacionados à acessibilidade, devido ao número de pessoas que envelhecem e têm sua mobilidade diminuída. Infelizmente, vamos envelhecer num país que exclui os velhos. Por isso, este é um assunto que interessa a todas as pessoas.

Qual a “cidade-cenário” da história?

Na verdade, o enredo não tem uma cidade específica, apenas mostra um mar e no horizonte barcos de pesca voltando de suas jornadas no fim de tarde, formando assim um belo pôr do sol. Este seria o cenário escolhido por Arthur para se inspirar a pintar telas. Mas também poderia, sim, ser Feira de Santana, afinal temos um belo pôr do sol e não nos faltam lindas paisagens para inspirar qualquer pintor a realizar bons trabalhos ou uma janela para namorar. Inclusive, nesta cidade, também se encontram todos os dramas que vivem o personagem principal: crianças que vendem doces nas sinaleiras, polícias arbitrárias, transporte sem acessibilidade, ruas e calçadas ruins de transitar, além da parte boa que são museus e galerias de artes, etc.

Pintando a Vida é uma lição de superação que pode ser estendida a todas as pessoas?

Com certeza, existem muitas pessoas que se utilizam de uma enfermidade para se entregar ao desprezo, talvez até para entrar com processos de aposentadoria por invalidez (conheço muitos casos e acredito que todo mundo conhece também). Pessoas que levam uma vida em preto e branco. Pintando a Vida é justamente como devemos viver, fazer com amor aquilo que gosta. O cadeirante nem sempre é limitado, ele pode muita coisa e se não pode é porque a sociedade o limita e não lhe dá chances.

Você já teve algum livro publicado anteriormente?

Pretende seguir a carreira literária? Eu sempre escrevi alguma coisa, poesias, contos, e tenho vários projetos prontos para serem avaliados e posteriormente publicados; entretanto, este é o primeiro que publico. Aliás, infelizmente a política para publicação de livros ainda é muito restrita e limitada, além de cara, mas pretendo me embrenhar mais na busca do conhecimento literário a fim de dispor para os amantes da leitura viagens de tirar o fôlego.

Como é seu processo criativo?

Tudo o que vemos e ouvimos nos reporta à construção de alguma história. Eu estou sempre atento às histórias que ouço das pessoas onde quer que seja, que leio nas revistas e jornais, que vejo na TV, etc., além das que vivo no dia-a-dia. Dentro de cada tema que procuro abordar, eu coloco pitadas de romance, de humor, de religiosidade e de dramas que vivem as pessoas em geral. Procuro sempre escrever algo para não perder o hábito e é no silêncio onde faço as minhas viagens, juntando letras para formar algo interessante de se ler.

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