quarta-feira, 18 de abril de 2012

Eleição na UFMT :É hora de a instituição ser interlocutora no debate de grandes temas

ONOFRE RIBEIRO


Ontem, pela manhã, tive uma longa conversa, em minha casa, com o professor Ednaldo Castro, um dos três candidatos a reitor da Universidade Federal de Mato Grosso, disputando com a
atual reitora, Maria Lúcia Cavalle, e com o exreitor Fernando Nogueira.

O que era pra ser uma conversa informal sobre a percepção da sociedade mato-grossense em relação à Universidade Federal, acabou tornando-se uma conversa mais filosófica sobre a importância da UFMT, no contexto atual e futuro do estado.

Para o professor Ednaldo, esse papel seria mais humanista, o que equivaleria a dizer que é preciso direcionar e preparar a universidade para uma interlocução mais direta com a sociedade nas suas várias vertentes: social, econômica, política e ambiental.

De fato, a universidade tem se mantido muito restrita ao seu campo interno e de costas para a sociedade, ainda que possua em seus quadros mais de 800 doutores e mais de 300 mestres.

É um quadro invejável de professores capazes de construírem uma forte interlocução com a sociedade de Mato Grosso, principalmente no momento atual e no futuro próximo, quando a região Centro- Oeste, e nela Mato Grosso, terão um papel de profundo destaque nas áreas de produção e transformação de alimentos, de redimensionamento da percepção ambiental que os setores produtivos já estão construindo, estimulados pelas urgências do mercado, mas sem a ciência necessária.

Há ainda a pecuária, o vastíssimo setor de base florestal, a produção de energia, o turismo e uma estimativa de ampla diversidade na logística deficiente de hoje. Tudo isso exige ciência e construção de um conhecimento para o uso pragmático da sociedade e da economia.

Documento entregue à candidata Dilma Rousseff em 2010, pouco antes da eleição, pelas instituições do agronegócio brasileiro mostram que nos próximos dez anos, metade da comida mundial será produzida no Brasil.

Estima-se que disso, 60% venham do Centro-Oeste e desse percentual, 50% venham de Mato Grosso. Isso equivale a uma revolução que pede ciência e conhecimentos vastíssimos. Papel da UFMT e de outras instituições de pesquisa, muito além da graduação usual.

O professor Ednaldo acha que existe uma posição muito reativa da universidade em relação a tudo o que acontece aqui fora. Claro que houve tempo de desmandos ambientais, sociais etc.

Mas, o cenário mudou e a posição reativa deve se transformar em parceria de interlocução. Isso significa interagir com a economia, com as expectativas da sociedade.

Num momento em que a Embrapa implanta em Sinop as sua mais revolucionária unidade, de agricultura de baixo impacto de carbono, ea economia mostra Mato Grosso em 4ª, posição nacional, superando estados como Rio Grande do Sul, Paraná e Pará, nas exportações, estamos diante do equivalente a um país forte, se fosse independente.

Mas as suas instituições, de modo geral, não são representativas o suficiente para esse cenário que aponta uma economia sustentável em pleno crescimento e consciência, especialmente nos próximos quatro anos face aos cenários nacionais e mundiais.

De outro lado, as instituições políticas vivem um grande drama de pouca representativa e de credibilidade abalada. É um momento para a Universidade Federal entrar no cenário como um interlocutor na discussão dos grandes temas e um agente capaz de apontar direções com ciência, com filosofia e como resposta a tantos desafios.

Confesso que saí da conversa com o professor Ednaldo muito mais animado com o resultado das eleições de hoje na UFMT.

ONOFRE RIBEIRO é jornalista em Mato Grosso.
onofreribeiro@terra.com.br

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